sexta-feira, abril 29, 2011

venero tudo o que não é meu
você,
por exemplo.

meu maior pecado capital
nesse caso
não sei se é
inveja ou luxúria.

quinta-feira, abril 28, 2011


Ás vezes o passado
revoluteia
como uma ampulheta
e a areia espalhada
da circunstância
cega meus olhos
para você.

A chuva
desenha idéias no vidro da janela
e faz renascer
os padrões mais loucos
na minha mente.

Agora estou aqui
reconstruindo o meu silêncio
tentando enganar o tempo
perdendo a minha cabeça.


quarta-feira, abril 27, 2011

Eu gostaria que você entendesse
que eu só quero ficar ao seu lado
em dias de calmaria ou de rojões
tanto a mil por hora quanto parado

Eu só preciso que você entenda
que nós merecemos ficar juntos
temos tantos sorriso a nossa frente
e grilar terras dos nossos mundos

Por favor, entenda de uma vez
não estou pedindo em casamento --ainda
nem que tenhamos contas conjuntas
(tão década de 1980)
só quero que sejamos nós dois, linda
até onde nós quisermos que seja

(Luiz Guilherme Amaral)

terça-feira, abril 26, 2011

[...]


moça
ouça o que proponho

se é pra cair na real
saia do meu

sonho




segunda-feira, abril 25, 2011

garatujas

Te rabisco
Com meus lápis de dor
Desisto do risco
Tento o amor-aquarela
Invento outro traço
traço outra reta
Mas só vejo o esboço
(do desenho que não fiz)
Estampado no teu rosto
Com o pó da cera
De giz

sábado, abril 23, 2011

O silêncio é um convidado desagradável

Se agarra aos pés da mesa e comete faltas graves

Gruda chiclete nas poltronas

Tranca as crianças para fora

O silêncio entra nas casas

E se esquece de ir embora

sexta-feira, abril 22, 2011

céu para duas estrelas

fugisse para acerca do Rio Jordão
            meu medo de águas calmas me impediria de chegar
                        pela negação do que me é oposto
ou muito muito além:
St. Petersburg, Ljubljana, Tokio
            qualquer outro caminho para mim desconhecido
talvez e eu disse talvez
nosso elo de mesmo desenho estampando as pernas
fosse rompido por apenas
            esquecimento e ou o tempo
porque se nunca quisemos o afastamento
essas estrelas em p&b realizaram-se um equilíbrio
no ser no estar no poder ficar
em nós, um céu em singular mesmo dois corpos.

quarta-feira, abril 20, 2011

Vamos bater nos tamborins
enviar sinais de fumaça
fazer danças da chuva
qualquer coisa
menos esse programa de índio
que é ficar tão longe de você

(Luiz Guilherme Amaral)

terça-feira, abril 19, 2011

[...]





 
não escreva
o que eu digo

esse meu olhar perdido
não vai além do umbigo









segunda-feira, abril 18, 2011

(nor)destino

Para Carlos Galdino

Na lida nordestina
sua rima se arruma
na vida clandestina
que se consuma
sua sina:
Suassuna

sexta-feira, abril 15, 2011

longe de outros

teus olhos me falam sobre
o mar. além da cor azul
que acinzenta-se,
a tendência afogar
quando há entrega e
outro corpo torna-se teu:
acariciar tão leve na distância
- gotículas ao vento procurando pele
para invadir até ser
o último suspiro.

quarta-feira, abril 13, 2011

Eu não peço muito a você
mas quero o primordial:
que você me veja com bons olhos
que sinta minha falta à tarde
que tenha vontade de me escrever uma carta
e que sinta (mesmo de longe)
minha mão no seu rosto

Não me permito cobrar nada
apenas que devolta na mesma moeda
todo o bem que eu quero para você

(Luiz Guilherme Amaral)

quinta-feira, abril 07, 2011


O tempo não é muito mais
do que a memória que guardamos.
Oceanos de luzes e cores que
vêm e vão e nunca desaparecem.
As mais amargas estão
sempre rodopiando bem perto.
Porque o esquecimento é a única cura
e o esquecimento não vem.
Vivemos a mil por hora buscando
alívio para as tristezas do passado.
E isso é bobo, são apenas memórias.
Ás vezes perfeitas
em sua capacidade de
não perceber os destroços que deixam.
Se as memórias não olham para
os destroços, destroços existem ?

quarta-feira, abril 06, 2011

Tens seus mistérios, eu sei
E mais ainda tuas fantasias
Onde não encenam crepúsculos
Pois, assim, tuas queridas flores
Pequeninas, não entristecem
Mas tens também um coração
E nele cabe o amor que queres
Pudera eu gravar meu nome nele!
Então só assim poderia me gabar
De que até quando não lembramo-nos
Seremos tão ligados por laços
Por dedos, por fios de aço
Que não caberiam palavras
Nas cores que ornamentam teus olhos

(Luiz Guilherme Amaral)

sexta-feira, abril 01, 2011

a delicadeza da sua cabeça amparada
                pelo meu ombro esquerdo
e eu fecho meus olhos

é compartilharmo-nos como refúgio

momentos de esquecer a realidade

sua barba roçando na minha pele
                o prazer que é até a dor

como o barco que chega ao cáis, mas risca
                seu caminho nas ondas do mar,

são tantas essas nossas cicatrizes.