terça-feira, outubro 31, 2006

ronda pela noite de um sonho

acordei hoje cedo
um agosto de sonho
na boca
eu bocejando
que coisa louca
teu nome flutuando
entre as paredes brancas
do meu quarto minguante
nessa segunda silente
de minha febre terçã

acordei hoje cedo
e viena me espreita
pela veneziana quebrada
de um trem pela noite
madrigais em madri
barcelona amsterdã
esse mistral insistente
um pouco de tudo
nesse orient express
dentro da gente
acordei hoje cedo
e era tudo tão bacana
havia um céu um mar
era sol copacabana
Marla Clauky Leandro
minas montanhas gerais
um clube uma esquina
sete pedras um só Pedro
menina natal Marina
cada Estrela seu lugar
hoje acordei cedo
e se nao me iludo
um lindo dia lá flora
pra combinar com isso tudo

segunda-feira, outubro 30, 2006

Reflexo


Sou comum
Ando por caminhos
Comuns
Pinto os cabelos
À comum
Visto-me parecendo
Comum
Moro em um lugar
Comum
Escrevo cartas todos os dias
Para ninguém...
Um coração incomum.

domingo, outubro 29, 2006

ONDE ANDA A POESIA?

Onde anda a poesia
do eu-pássaro que não mais pia
desse sol que não me dia
da tal musa que já não via
e dessa rima que de mim não sai?

^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^

A música? "Mil Perdões" do Chico Buarque a letra é muito boa, não consigo parar de ouvir...

sábado, outubro 28, 2006

Olhares que se entrecruzam
Olhares que se traem
Milhares de hipotenusas
pelos ares

Sorrisos (des)percebidos
Sorrisos secretos
Um rio do teu sorriso
Cachoeira, meu afeto

A ausência cronometrada
prazo de validade
tua essência tornando-se
minha metade

Agora não tem mais volta
point of no return
no escape

Perspectiva sem ponto de fuga
(fuga? pra que fuga?)
novas músicas
num velho videotape...

quinta-feira, outubro 26, 2006

Subentenda-me*

Não ouça o que estou dizendo
Ouça o que eu quero dizer
Em tom sublime
Frases subliminares
Intenções segundas
Terceiras
Diversas
Múltiplas...
Leia!
Está escrito
em minha testa
Talhado com canivete...
Leia meus lábios
mudos
e surdos
Interprete meus sinais
Leia minha mente
criptografada
Hieróglifos
Decifra-me
(ou devoro-te)
Descobre-me
(e conquista-me)
Desvenda-me
Abra os olhos
desse pobre falso cego...
Abra teus olhos
E olhe em meus olhos
Me olhe na cara!
(Qualquer uma das duas!)
Não ouça o que estou dizendo
Ouça o que eu quero dizer
Subentenda-me

quarta-feira, outubro 25, 2006

a fila tem que ir!
pessoas trocam
os seus lugares,
e o mundo gira...
[feito bola-de-neve!]

terça-feira, outubro 24, 2006

algo mar


algo em mim quer algo mais
algo algum que seja capaz
de me levar mais além
asa folha vento leve


um dia um beijo um ano
algo que diz euteamo
um susto quando se atreve


um euteamo também
algo em mim quer algo
mais capaz que o próprio além

segunda-feira, outubro 23, 2006

Meta-amor-fase

Naceu em pequenas palavras
Ornado em berço metafórico
O meu amor por ti.

E embalado em sinestesias
Banhado em alegorias
Nutrido de metonímias
Cresceu forte e saudável.

Perpetuou-se em versos
Embalou noites em rimas
Aqueceu almas latentes
Em um sentimento enlouquente.

Pra perder-se iluminado
Silente nas entrelinhas
Um travessão desajeitante.

.......
Uma bela parceria. Mais dele do que minha. Uma parte minha nele. Uma parte dele em mim.

domingo, outubro 22, 2006

O COQUE

novelo de cabelo amarelo
expele uma caneta tinteiro
não há alfinete mais belo

^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^
Esse poeminha é dedicado a uma inspiradora Carol
portanto vou deixar como recomendação
a música "Carolina" de um tal de Chico Buarque

sábado, outubro 21, 2006

PRIMAVERA

Me deixa colocar umas palavras em teus cabelos...
acabei de colher!

Me dá esse prazer...

Essa aqui, olha só,
azulzinha, azulzinha!
Reflete o azul em si
e em céu se torna,
andorinha...

Essa outra, amarela
é quente, tagarela,
traz os raios do sol com ela.

A vermelha eu guardei
pra te dizer que te amo...
pra não ter engano!

Uma verde, quase folha,
pousa em tuas mãos
numa preguicinha à-toa.

Algumas têm espinhos, outras não...
Umas silvestres, outras jardim.
Cada uma delas veio nem sei de onde
e germinou em mim.


Plantei, reguei, colhi
e agora são suas...
colorem meus olhos e tuas ruas...

quinta-feira, outubro 19, 2006

quem sabe
às custas
de muitas
lágrimas
eu possa
derreter
essa enorme
nevasca
que se fez
dentro de mim,
enferrujou
minhas vontades,
soterrou
os meus caminhos
e gelou
meu coração...

ao menos, ainda há calor em mim
para gerar lágrimas

quarta-feira, outubro 18, 2006

sou bem capaz
de arremessar
meus versos,
rasgar
meus escritos,
inundar
meus dizeres...

[o capricho
aprisiona-me
quando acordo!]

terça-feira, outubro 17, 2006

por atraso

nada pode dar
mais certo
quando tem de dar
errado
o erro, este
nunca chega atrasado

ser pontual, meu amor
só por acaso
por isso, sigo devagar
na minha pressa
vivendo essa vida troça

atraso do erro,
meu amor,
não me interessa
esse mundo
onde tudo dá certo
a quem interessar possa

segunda-feira, outubro 16, 2006

Trajetória

Um dia tracei caminhos
Alicerçados em pedras-palavras.
Frases, orações e períodos completos,
Formataram sonhos e viraram versos.

E andei... Andei como quem nada quer.
Até encontrar no meio do caminho
Motivos que me fizeram voltar.

E voltei... Voltei como quem busca voltar.
A trajetória quase finda
De mão única perdida
Não mais me deixava sonhar.

Então percebi que
Devagar devia escrever
E divagando voltei
E reescrevendo novamente
Perdi-me.

domingo, outubro 15, 2006

O QUE SERÁ?

Ando meus dias um a um
Enchendo a barriga e as vistas
Continua o vazio

Passo meus passos como posso
Sopro vento e levanto vela
Mas não se escuta o uivo

Espelho olhares em papéis
E meus pés escassos de espaços
É, eu sofro mistérios

^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^
Múscia que recomendo: "Nada Pra Colher No Jardim" do Paulinho Moska

sábado, outubro 14, 2006

BATALHA

Enquanto ela escorre pelas frestas dos teus dedos
eu a colho
a como
a bebo
em pedaços
em goles
inteira

Primeiro a alma
tão tênue
tão plena
de sonhos
de declarações não ditas
de poesias não escritas
e da tua ausência

Depois as mãos
os cabelos
os olhos e tudo
o que esquecestes
de beijar
de tocar
de despertar novamente

Então a boca e os braços e as costas
as pernas justapostas
que tão porcamente adentras
que tão rude golpeias
e ao fim abandonas
ainda secas e sedentas

E assim invado
o que antes teus domínios
e saqueio, e pilho, e mato
cada um dos teus resquícios
até que reste apenas o gozo
o meu e o dela
a saliva
o suor
os dois corpos
o meu e o dela
satisfeitos
esgotados
dormindo sob teus escombros.

quinta-feira, outubro 12, 2006

A peça que falta*

Já montei
quase
todo
o quebra-cabeças
Falta essa peça aqui,
que não encaixa em lugar nenhum...
Pensei que entrasse aqui,
nessa lacuna,
cuja alcunha
é peito meu...
Há um vazio aqui
Falta uma peça...
Mas não é essa!
Essa faz falta em outro lugar
Vou procurar
a peça que falta...
Não!
Tive uma idéia!
Pego uma tesoura
e corto um pouco aqui,
mais um pouco ali,
e acolá...
Agora entrou!
É...
Mas não ficou legal...
Droga!
Estraguei a peça à toa!
Não ficou legal!
E agora?
Ah, quer saber?
Vou procurar
a peça que falta!

quarta-feira, outubro 11, 2006

o fato da porta
estar próxima ao
peito não impede que
a pista se parta no ponto
exato da perda da premissa.

segunda-feira, outubro 09, 2006

Estranhas Entranhas


Há dias em que minhas palavras
Simplesmente desafiam-me.
Em outros apenas
Acompanham-me.

Em outros dias apenas
Azucrinam e balbuciam
Significados dispersos
Em caminhos diversos.

Alimento-me de metáforas
Soltas no eco do verso
Fincadas em absolutas
Mentiras poéticas.

E ao nada chego,
Em tudo disperso
E em círculos
Permaneço.

Desafiadas e desafinadas
São as palavras que
Brotam
Ultimamente...


Entranhadas em mim
Estranhamente.

domingo, outubro 08, 2006

DESENHO 3x4

Ando em falta com a beleza,
e os meus poemas tropeçando excessos,
nas falhas ardidas desses dias trôpegos.

Minhas penas não me faltam, falam.
Assim como dispenso outras feridas, vejam,
queria apenas uma boa poesia.

Mas há algo de outra cor na chama que me falsa,
que não inflama a pira de uma valsa sequer,
nem inspira o sangue que de frio reclama.

É que não quer fama a dor que hoje me salta,
e me vitima calma em seu feitio sedutor.
Me resta, enfim, a flor de um vão rimar bravio.

^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^

música que recomendo: CD "Ode Descontínua e Remota Para Flauta e Oboé", poemas de Hilda Hist musicados por Zeca Baleiro na voz de 10 belíssimas cantoras.

sábado, outubro 07, 2006

PAUSA

as crianças se agruparam
pra brincar
de esconde-esconde


ao longe
o sol lhes serve
de claro chapéu

réu
de minhas poucas horas raras
e caras

paro em meu horizonte o agora
e despeço-me num carrossel...

quinta-feira, outubro 05, 2006

Ela me guia,
ela me leva.
Me deixo levar
sem prestar atenção no caminho...
Pensei comigo:
Não vou saber voltar depois,
se eu quiser...

quarta-feira, outubro 04, 2006

As Estações de Mim

Os dias quentes
na pressa dos
passos, na leveza
das peças do corpo.
eu derretendo em preces.

Os dias amenos
no rosto das
gentes, no contexto
das cores da rua.
eu refrescando o peito.

Os dias gélidos
na calma dos
espíritos, na sentença
das histórias do tempo.
eu tremendo de febre.

Os dias festivos
no parque das
almas, no coração
das flores em verso.
eu revivendo a certeza.

Os dias deslizando
no meu relógio...

terça-feira, outubro 03, 2006

vie crucis

Je suis
Je su s,


Je suis
Jad is,


Je suis
Jard in,


Leandro, papel e caneta:
poesia se colhe assim.
 
poema-brincante para o poeta-cantante.


segunda-feira, outubro 02, 2006

Confundir

Fugir do inevitável
Assinando a falência
Múltipla de todos
Os sentidos.

Fugir porque ainda
É tempo
Ainda há um lamento
E a dor é finda.

Fugir prum não solene
E um futuro certo e
Repleto de todas
As incertezas possíveis.

Palavras dispersam
Rimas inversas
Sentimento pulsante
Um confundir constante.

domingo, outubro 01, 2006

SEXO VERSORRÁGICO

Digo-me
Digo mensagens por entre pernas
Divago mentiras, distorço imagens
Vazo em ritmos, rimas e vasos de flores
Esvazio-me
Um vazio que gira, zigzagueia em mim
Que entra e sai num nexo frenético
E os pensamentos, tantos, tântricos
Complexamente estéticos
Como mantra o mandamento
Fico-te
Fico tecendo meio no meio
Saldando dívidas e saudando a vida
A devolver saliva
Brindo-te
A testar um verso suado
Soprado num canto mais que de perto
O poema de corpo elétrico
Num sincero tilintar

^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^
música que recomendo: "Coração Vulgar" do bamba Paulinho da Viola