quinta-feira, dezembro 31, 2009

...




dois mil e nove fez o que pôde
já eu fiz aquilo que pude
que venha dois mil e dez

like a holiday in hollywood

...continuando...

de: Ianê Mello (http://labirintosdaalma.blogspot.com)
para:
Luiz Guilherme Amaral (http://diretordeletras.wordpress.com)

O que posso te dizer nesse primeiro momento. "Prazer em te conhecer" pode parecer lugar comum. Gostaria de saber mais do que suas palavras revelam, mas elas são a única fonte e nelas busco uma forma de conhecer um pouco esse amigo, que por hora é secreto e foi pela sorte escolhido. Suas palavras desvendam personalidade forte e ao mesmo tempo sensível, de uma pessoa madura, que sabe o seu lugar nesse mundo tão vasto e luta com as armas que possui por um espaço seu. Então, à você dedico esse poema:

Marcas de Vida

Esse rosto que hoje fito
no espelho do meu quarto
reflete os tempos idos.
Em suas linhas,
tênues e finas,
desenhadas pelo tempo,
guarda momentos vividos
na casa da memória.
A história da minha vida.
Minhas dores, meus amores,
alegrias e tristezas.
Guarda, ainda, a beleza,
sem o viço do frescor
da mocidade perdida.

Esse rosto que hoje fito
e é tão meu quanto o de outrora
revive em mim o amor,
singular e próprio,
por essa que hoje sou.
O tempo por mim vivido,
trouxe consigo a brandura
de quem perdoa seus erros
e com eles , sabiamente,
faz um novo caminhar.

Esse rosto que hoje fito
é um rosto que sei amar.


de:
Luiz Guilherme Amaral (http://diretordeletras.wordpress.com)
para:
Ana Cecília Reis (http://indefinida.blogspot.com)

Hoje é o dia em que sua máscara vai cair
para que você mostre quem você é
Que caiam os medos, as incertezas
que vão embora as frustrações, as lágrimas
Pois agora, o que te sobra
é a sua essência
a sua vida

Que caiam todas as máscaras cotidianas
e fique você, nua, explícita, dentro do seu mundo
Que todos te reconheçam pela tua respiração
pela sua marcação
E que todos aplaudam
pois ali é o seu lugar
e sua história é construída debaixo dos holofotes

Bem-vinda à cena, atriz,
bem-vinda aos meus versos.


de:
Ana Cecília Reis (http://indefinida.blogspot.com)
para:
J. F. de Souza (http://escuchameporra.blogspot.com)

O poema é o poeta.

Essa eterna vontade de mudar
As impressões de um mundo
Incompreendido e absurdo
Irreverente, belo e maluco
E gritar por todos os cantos
Pois alguém há de escutar.



Amanhã tem mais! =)

quarta-feira, dezembro 30, 2009

terceira remessa de presentes chegandooooooooo...

Confiram!

(...e ainda tem mais! Acompanhem os próximos!) ;)




de: Milene Portela (http://malaguetafina.blogspot.com)

para: Cesar Veneziani (http://cesar.veneziani.zip.net)


sonhos suspirados

pegue 31 boas razões racionais

(as que você chama de boas)

e contraste com 24 motivos emotivos

(os que não precisam ser rotulados)

ponha distância e ligações

pra ouvir só a respiração

esqueça as inconstâncias,

elas estão passadas

(como aquela sua agenda)

misture um olho negro

uma mancha na íris

e um ponto daqui a dois anos

à brisa marinha

sussurrada através do muro

tempere com vontade à vontade

o desejo ainda cru

não modere o fogo

dê tempo, o suficiente

pra morenar a superfície.

o recheio tende a ficar cremoso

e a aparência é a mesma

de um olhar feliz.





de: Cesar Veneziani (http://cesar.veneziani.zip.net)

para: C. M. (http://poemastardios.blogspot.com)


O presente feito em versos

Sou o Cesar, encantado,
me apresento, em reverência!
Sou poeta apaixonado,
sou paulista de nascença.
Me desculpe, encabulado,
me introduzo, com licença!

Foi sorteio nosso encontro,
sendo assim é novidade.
Sua presença aqui, no entanto,
é motivo de vaidade
pra que eu me esforçe um tanto
pra escrever, sinceridade!

No seu blog eu vi ligeiro
tem de prosa até poesia
Tem muito verso faceiro!
Tem alguns que eu queria
ter escrito bem primeiro
pra ganhar a autoria.

Mas chega de enrolação
já tá tarde, tá na hora
de seguir programação
e fazer bem justo agora
o que é minha obrigação:
poetar para a senhora!

(O senhora foi apenas
sinal de educação.
Por favor, não se atenha,
a meus modos, pois senão
pode até ser que te venha
uma falsa impressão!)

Normalmente se verseja
neste tempo natalino
tempo em que se festeja
nascimento do Menino,
do que de mais se deseja
pro futuro e seu destino:

muito amor e muita paz
e saúde, o principal,
que do resto a gente faz
o etecetera e tal
que do fundo a força traz
pra enfrentar de todo o mal.

Se te dou este presente
que em versos eu te fiz,
fique atenta que somente
traz mensagem que te diz:
tenha um ano excelente
e um natal muito feliz!





de: C. M. (http://poemastardios.blogspot.com)

para: Aline Araújo (http://dizaline.blogspot.com)


minha amiga poética é daqui da minha terra e é bem exigente. pediu um poema duplo, taí. cutuque o quanto quiser! temos muitos amigos em comum, mas não nos conhecemos. querendo conhecer, é só dar um toque =)



olha, aline
está difícil
qdo te ler
virou um vício
o servidor
fora do ar
quer desonrar
meu compromisso

esquece essa
de reino unido
és como eu:
recife antigo
de corpo, alma
e paralelepípedos
da lama até
as beiras (do cais)
quebra em letras
minhas palavras
e faz tua Aurora
com mil casinhas
recém-caiadas
torna em brinquedo
constrói uns versos
planetas ou universos

e se eu - criança -
quiser de volta
o meu presente
coloca um laço
e passa na cara
mata a esperança
de repente e diz
sem dó: -deu, tá dado.





de: Aline Araújo (http://dizaline.blogspot.com)

para: Ianê Mello (http://labirintosdaalma.blogspot.com)


Perder-se

Entre uma palavra à esquerda

Uma dúvida à frente

Reflete-se à direita

Fixa na mente

E se eu me perder

No labirinto da alma?

Se me faltar a calma

E não houver o que dizer?

E se a poesia que precisa ser escrita

Não tiver fio de emoção

Nem Ariadne pra guiar?

Podemos ficar perdidos

Passeando descalços

Lavando os pés do Rio

Ouvindo da moça cantar

Os versos doces

Escritos e tecidos

Fio a fio

Se eu me perder nesse labirinto

Talvez ninguém me oriente

E eu ache o caminho nos arquivos

Do lado nascente

Ou onde se faz poesia

Onde ninguém se perde

Ou se encontra

Apenas, poente




E continuemos... =)

terça-feira, dezembro 29, 2009

mais presentes!

...continuando...

de: Marrí Mota (http://minhasideiaslivres.blogspot.com)
para: Yara Fernandes (http://atraversando.blogspot.com)

Confissão: esta mulher escreve incrivelmente bem, ela costura as idéias de forma irretocável, tive medo quando soube que era pra ela que eu escreveria. Maior que o medo foi minha alegria, ora que ali de alguma forma nascia um laço eterno entre nós, uma poesia. Outro ponto que merece explicação: ‘Verso-te’ saiu rapidamente das idéias para a tela. Mandei então para uma pessoa muito importante opinar, mexer, mudar, nossa (minha e de Yara) desatinada! Ela grifou duas linhas, que eu prontamente excluí __ atendo sempre às suas sugestões __. Faça questão de participar Yara deste acontecimento e sei que ela ficará feliz ao saber que os desatinos de Rai cuidaram para que eu não fizesse besteira! Aí vai.

Verso-te

Um quarto escuro, quadrilátero

Num canto confortável

Entre almofadas cor de pêssego

Fresta claridade iluminando o pedaço de papel

Branco, pois não há letra que substancie abstração

Minha mente percorre o que entende de ti

Doce personagem, pintura, idéia de inventor

destinada ao afã de ser amada

Deusa das palavras, desatina em versos

Caudaloso alfabeto a atravessar paredes

Ver-te é banhar-me em bálsamo

Pensar-te é sonhar com os mares

Ora manso, ora tempestade

é deitar-me em lençóis acetinados

Feito tu, alvos

Te imagino puro mel e uma gota de limão

Temperando a suavidade

Salivando meu céu

Escorre de mim um pensamento

Foi-se pelos meus olhos, espalhou por aí

Que és tu amelié, anjo, soul free

És tu o que quiseres, por instantes

Em cada poesia teu abstrato

Não se descreve, converte e rima

Sincronia e tom.



de: Yara Fernandes (http://atraversando.blogspot.com)
para: Camila Lemos (http://palavrasnofarol.blogspot.com)

Conhecer o blog da Camila foi um presente. Essa flor no farol, cheia de sol. Lê-la foi passeio à Bahia, que eu tanto prezo. Espero que o presente esteja à altura. Não deixem de degustá-la na origem, em suas Palavras no Farol. Ela contrastando aromas: é mãe, é mel, é picante, é sal.

CAMILA

O ar denso
de tua ardência
veraniando versos.

Um não saber o sabor
de tua língua,
se siriguela, se graviola.
Tua saliva que acerta
o pingo, a seta,
o ponto certo da calda
e da rima.

Quisera eu ser em dezembro
o versinho mais besta
de tuas alagadas mãos,
tão litorâneas!
Palavras em grãos
no teu corpo de areia morna.

Tu,
de sempre-vivas nos cabelos,
conténs o sal:
nos olhos chorando riachos.
Em versos mares,
que douram sob o sol,
prateiam sob o luar.

Ah, tuas horizon-tonalidades!


de: Camila Lemos (http://palavrasnofarol.blogspot.com)
para: Milene Portela (http://malaguetafina.blogspot.com)

Suas palavras,
Oh, Lord!
São acordes...

segunda-feira, dezembro 28, 2009

O melhor da festa: presentes!

E começaremos a entregar os presentes!

Cada presente será publicado na seqüência de quem-sorteou-quem (o primeiro escolhido dá seu "presente" pro sorteado; o sorteado, dá o "presente" pro outro sorteado, e assim por diante)! Como ainda não recebi todos os presentes, escolhi começar pela Joana Masen por uma questão de não precisar dos que faltam ainda... Espero que entendam!

Acompanhem! =)


de: Joana Masen (http://milongalamuria.blogspot.com)
para: Elaine Lemos (http://duaspartes.blogspot.com)

"Ela – que é duas vezes uma"

Quis entoar cantigas de roda
como presente para uma amiga
oh!-culta, que dança pela brisa leve,
e inocente feito criança
vai tecendo suas palavras breves.
Quis rabiscar versos em prosa
para que ela pudesse voar
enquanto minhas rimas pobres,
linha a linha,
trazem luz a esse versar.
Ela tenta ser dois pedaços
duas partes inteiras, sem meias palavras
pensa ser um anjo torto ou triste
pensa...
mas que nada, é uma fração imensa
dos poemas que iluminam os dias.


de: Elaine Lemos (http://duaspartes.blogspot.com)
para: Iara Maria Carvalho (http://mulhernajanela.blogspot.com)

tudo é poesia!

automóveis flutuando no asfalto ar

meninos buscando bolas na miragem

raios de sol fazendo curvas no meio da rua

chapéus carregando bengalas dos avôs

anúncios de sorvetes nas buzinas

formigas derretidas de tanta dedicação

portas das esquinas gerando o pão.

é tudo poesia

para os olhos atentos

da Mulher na Janela.


de: Iara Maria Carvalho (http://mulhernajanela.blogspot.com)
para: Nathalie Lourenço (http://sabedoriadeimproviso.wordpress.com)

Fui sorteada com o nome de uma menina linda, que me conquistou com sua Sabedoria de Improviso muitíssimo bem arquitetada pra quem se anuncia improvisando... Espero ter a oportunidade de conhecê-la melhor, agora que sei também que somos capricornianas!:) Ela do dia 21 e eu do dia 24. Duas quase natalinas: Eu, Iara do RN; Ela, Nathalie Lourenço, de SP. Beijos, menina! Espero que goste do meu presentinho...com carinho!

sábia

uma menina

quimpro-

visa

e s t r

-elas.



de: Nathalie Lourenço (http://sabedoriadeimproviso.wordpress.com)
para: Marrí Mota (http://minhasideiaslivres.blogspot.com)

Para Domar

Deixar livre o que já nasceu livre
um pássaro não conhece claustro
que não seja o próprio ovo
e isso já vai longe
foi tão antes de nascer.
uma palavra não é de ninguém
ela obedece quem quer
e quando presa, não canta
nem fala sequer.
o que a palavra quer é morar solta
e pode confiar que ela sempre volta
se você tiver olhos firmes
e idéias
livres.






Amanhã tem mais!!!
Beijos,
Mary

sábado, dezembro 26, 2009

Legenda

Dessa vez,
o céu parecia uma tela de cinema 3D
e as nuvens, ao alcance da minha mão.

Não entendi o que dizia o narra-dor...
Mas a música era linda, linda...

quarta-feira, dezembro 23, 2009

ode ao 69

entre o meu grelo e tu,
todo os grilos do mundo...
és fraco.
está comprovada a tua covardia
e eu rio.
leva tua cara,
sem vergonha e sedenta,
para passear.

terça-feira, dezembro 22, 2009

Despretensão

Ventos não decidem folhas que varrer
Não escolhem saias que levantar
Ventos bagunçam cabelos sem saber
Pois que só ventam por ventar


http://duaspartes.blogspot.com

sábado, dezembro 19, 2009

sexta-feira, dezembro 18, 2009

Envio dos poemas! - Amigo Poético

Queridos amigos,

Nosso sorteio já foi realizado! (Se você ainda não sabe quem você tirou corre lá no seu e-mail que tem uma mensagem do site amigosecreto.com.br esperando por seus cliques curiosos!)

Desde já agradeço a todos pela participação e pelo compromisso para que nosso segundo Amigo Poético seja um sucesso!

E vamos às perguntas: quando, onde, como e por que?

Eis as respostas:

Quando devemos enviar os presentes?
- A partir de amanhã, dia 19/12 até o próximo sábado, dia 26/12. (São 8 dias! Teremos bastante tempo para encontrar a inspiração necessária para nossos presentes. Mas, por favor, não deixem tudo pro último dia, pois eu posso ficar louca! =P)

Para onde mandamos?
- Enviem seus presentes para o nosso e-mail blogdesete@gmail.com

Como?
- Poesia! Prosa também pode! Para os que querem mandar prosa gostaríamos de receber um texto curto, um mini ou micro conto, uma mini-prosa-poética, enfim! Ficaremos agradecidos. (Outra coisa, se você não encontrar a inspiração pro seu presente não é motivo pra desespero e sumiço! Pode mandar um poema conhecido de um poeta a sua escolha.) Junto ao presente, enviar quem vocês tiraram, claro! Mais algumas observações que queiram fazer, tipo coisinhas de amigo secreto mesmo: "Meu amigo poético é legal e blablablá". =]

Por que?
- Porque essa é a nossa brincadeira e adoramos a idéia de interagir com outros blogs. E que seja com poesia! (Ano 2! hehehe)

Espero que tudo esteja respondido e aguardamos ansiosos os presentes! Dúvidas serão respondidas nos comentários desse post ou nos e-mails ou no mural de recados do site. Lembrando mais uma vez, do dia 19 até dia 26 estaremos aguardando os e-mails de vocês! E no Domingo, dia 27, começaremos com as publicações.

Abraços Natalinos! Hohoho

terça-feira, dezembro 15, 2009

cinco minutinhos

Nas prateleiras, as capas dos volumes
têm, todas, a mesma cor do pó.
É morada de uma aranha, o violão,
já bem acostumado àquele canto.
Perderam-se, os rascunhos, sobre a escrivaninha;
alguns no chão, espalhados por um raro vento.
A cortina filtra a luz da velha lua
enquanto ignoro a arte projetada na parede.
As pantufas, há muito, repousam ao lado da minha cama
porque meus pés ficam apressados quando ouvem o despertador.
Mesmo que eu sempre peça às horas
mais cinco minutinhos.

http://duaspartes.blogspot.com

Último dia - Amigo Poético

Hoje é o último dia para se inscrever na nossa brincadeira poética de final de ano. Detalhes no post abaixo. (ou clica aqui)


Participem!

Amigo Poético - Ano 2

Olá, queridos!

Dezembro tem Natal, festas, papai noel, guloseimas... e claro, amigo secreto poético! Vamos brincar de novo?

Nosso amigo poético será igual ao do ano passado (quem quiser relembrar clica aqui) e está aberto para todos que participaram e para quem mais quiser participar!

A brincadeira é fazermos um sorteio como num amigo secreto tradicional e trocarmos poemas que serão postados aqui no blog. Todos são bem-vindos!

Para participar é preciso deixar um comentário neste post com nome, blog e e-mail. Depois, é só clicar no link que chegará no e-mail para se cadastrar no site http://www.amigosecreto.com.br

É o site quem fará o sorteio e por ele também poderemos nos comunicar e conhecer todos participantes.

As inscrições terminam hoje, 15/12! O sorteio será feito no dia 17 de Dezembro.

Depois teremos outro post com os prazos de envio dos poemas e as datas para a publicação dos presentes aqui no blog.

Dúvidas? Deixem nos comentários!

E participem!!! :-)

p.s.: para quem já se cadastrou
apareça no mural de recados
e se apresente!


segunda-feira, dezembro 14, 2009

ei.

Ei, você
Você que carrega o sol numa panela
Você que já esteve comigo
Nos lugares que nem existem
Você que se perdeu pelo caminho
Ei, você
Você que segura a linha
Dos acontecimentos na boca
Enquanto te pregam um botão
Para não costurar na roupa sua própria sorte
Ei, você
Que ainda não esqueceu o cheiro
Do pão de ló assando
Que me esqueceu sobre a mesa
Da sala
Junto com as chaves de casa
Duas moedas e um maço de cigarros
Ei, você
Lembra de mim?
ligue não.
Só passei para dizer
Que sinto saudades.

sábado, dezembro 12, 2009

Inspiração

Rodeado de centenas de elementos
de densa carga poética,
o homem pesca...

Mas nenhum poema é mais importante
que o peixe que lhe resta!

quinta-feira, dezembro 10, 2009

amanhã



todos a postos:
e das pedras no meio do caminho
breve brotará a flor de lótus.









terça-feira, dezembro 08, 2009

Mundo ideal

Quero viver em um mundo em que a ordem seja a loucura.
Em que um abraço seja o bom-dia ao porteiro
e um beijo, o ingresso do cinema.
Em que sejam estranhos os que andem calçados
e punidos os que não contem estrelas
só por contar.
Em que o mais importante ofício
seja procurar semelhanças entre pipocas e nuvens.

Quero viver em um mundo em que a ordem seja a loucura.
Em que se tome sorvete de sopa de lentilhas no inverno
e que ardam fogueiras em qualquer estação.
Em que se usem binóculos para matar a saudade dos que estiverem ao lado
e pinças para colecionar as pintas e as rugas do amor.
Em que toda segunda-feira chuvosa seja o dia oficial
de se deitar de bruços no gramado e conversar com as formigas.

Quero viver em um mundo em que a ordem seja a loucura.
Em que homens virtuosos sejam os ébrios e os nus
e vivam sempre de cara limpa os imorais.
Em que sejam internados os incapazes de escutar conselhos
de espelhos e paredes.
Em que seja normal
quem acenda um poema na madrugada
para ler partículas de luz em uma face.

http://duaspartes.blogspot.com

segunda-feira, dezembro 07, 2009

FPS

Corpos celestes
sal, areia e calor
feriram as superfícies
até que o vermelho se abrisse
horas sob a luz quente
são aulas para usinar
o próprio calor
e nos transformamar
em corpos
ardentes

sábado, dezembro 05, 2009

Eu poderia falar por horas
sobre as meninas de bicicleta
e sua intrínseca poesia...

Mas o Vinícius, aquele pateta,
já disse tudo o que se podia!

http://www.casadobruxo.com.br/poesia/v/vinicius133.htm

quarta-feira, dezembro 02, 2009

Excessos.

Não são versos de ofensa os que trago no peito. São fragmentos, ecos e miragens. Paisagens esquecidas, telas não pintadas, salas de embarque vazias. São tão vivos que me salta aos olhos e me fecha as narinas. Não são ofensas. São riscados, desencontros entre mim e a poesia. São ligações não atendidas, mensagens não enviadas, discos arranhados. Excessos.
Não, não é o verso que me falta, é a própria falta do verso.

terça-feira, dezembro 01, 2009

Recordações

Num impulso, virei de cabeça para baixo
as três caixas de sapatos
repletas de fotografias nossas.

Espalhei todas as fotos pelo chão da sala.
Só você e eu impressos, felizes,
abraçados ou de mãos dadas.

Rasguei ao meio uma a uma.
Joguei fora todas as metades.
O que sobrou coube em uma só caixa.

Vou economizar espaço no guarda-roupa
só com você e seus sorrisos dentro da caixa.
Quero recordar-me sempre de você
como a melhor coisa que me aconteceu na vida.
E quero esquecer a pessoa ingênua que fui
durante todo aquele tempo guardado em três caixas de sapatos,
durante todo aquele tempo em que acreditei em você.


Tem mais em: http://duaspartes.blogspot.com

segunda-feira, novembro 30, 2009

sinistro

E se eu ficasse deitada o dia inteiro e o sangue fosse todo
Para o lado direito do cérebro
E se eu acordasse com a cabeça pesada
Com a cabeça pensada
Para desentender o lógico
E se eu começasse a tentar
Abrir porta com presilha
Lamber lâmpada acesa
Ler de trás pra frente “a princesa e a ervilha”?
E se eu perdesse o controle
em um passado remoto
em um futuro recente
e se eu vivesse minha vida
só de corpo
presente?

domingo, novembro 29, 2009

Comprimidos (A vida em drágeas)

uns dias
quero dormir.
preciso descansar
mas o sono não vem.

e não quero ficar, no dia seguinte,
com aquela cara de acabado,
me sentindo um zumbi.

outros,
quero curtir.
aproveitar a noite,
fazer algo mais dessa vida,
desanuviar.

o que interessa
é me divertir
e, no dia seguinte,
ter história pra contar.

vivo cada dia
na resposta à mesma pergunta:
calmante ou dopante?

poema-resposta ao escrito "Comprimida", de Renata de Aragão Lopes, publicado em seu blog Doce de Lira.

sábado, novembro 28, 2009

Feitiço

Já fui príncipeum dia
mas a danada dessa vida
sempre dá um jeito de transformar
a gente em sapo...

Agora vejo:
Só com teu beijo
posso ser salvo!

sexta-feira, novembro 27, 2009

Acontece que

Eu te levaria para dar a volta ao mundo,
Eu te despiria
E te levaria para a minha cama,
Eu teria contigo todos os sonhos, inclusive os proibidos,
Faria todas as tuas vontades, principalmente as inconfessáveis...

Acontece que a tua alma é pura como uma borboleta.


Hoje, última sexta-feira do mês, estou encerrando minha participação (especial, espero) no blog. Agradeço a simpática acolhida! Continuo acompanhando vocês e escrevendo aqui.

quinta-feira, novembro 26, 2009

deixa




gosto
de olhar em volta
as voltas que a vida dá

tudo
o que fica
depois que tudo passa

a dor
a saudade
a poeira no seu devido lugar

gosto
de olhar em volta
as vidas que a volta dá

em tudo
aquilo que passa
deixando a poesia

ficar




quarta-feira, novembro 25, 2009

PROLIXO

A minha poesia
Gruda minhas paixões
Aquelas mesmas que me pegam de jeito
Que me mudam o rumo
Que me partem
Se partem
Ficam
Vão
(de ir embora,
o verbo que se vai,
nunca é aquele
que não vale a pena).

A minha poesia
Se rende sempre ao todo
Do meu jeito fácil
De me apegar
Apaixonar
Correr
Lutar
E voltar atrás
E voltar
Voltar...
Pois sou assim
Aquele que se apaixona.

A minha poesia
Esquece os trancos
Barrancos
Se entrega ante a minha entrega,
À minha entrega
Cola na pele
Rasga
Conserta
Enxerta
Salta.

A minha poesia teima
Em ser assim
Sem revisão
Com sobras
Sem tempo
Com desleixo
Sem fuga
Com jeito

A minha poesia
Fala demais
Prolixa!
Mesmo quando (nesse segundo)
Só queria falar de saudade.


________________________________________________

E chegou a última quarta-feira de novembro e a minha saudade daqui vai ficar.
Foi uma honra participar desta constelação de versos.

terça-feira, novembro 24, 2009

Menina

A infância adormeceu no colo da mulher,
nos braços da menina que se deitou
no topo do morro de terra vermelha
ao lado de sua boneca preferida de roupinha rasgada.
O coraçãozinho cresceu, agora cabe tanta coisa
onde só cabia pureza, onde o palpitar acelerado
significava cansaço de brincar de pega-pega.
Agora cabe tanta coisa, tanta coisa que não é brincadeira.
Os olhinhos que brilhavam curiosos e choravam quando o corpo
doía de cair de bicicleta, brilham pouco menos e choram mais,
mas de outras dores.
O frio da maturidade chegou tão de repente pedindo uma sopa.
Há pedacinhos de infância escondidos na sopa, ela descobre.
E de vez em quando, cuidando de não estragar o batom,
ainda tira da língua algum fiapo das pelúcias dos ursinhos.
E de vez em quando, sozinha e descalça,
percebe-se fazendo trancinhas no cabelo da boneca.


Este roubei de mim mesma, do meu blog: http://duaspartes.blogspot.com

segunda-feira, novembro 23, 2009

desculpe, não é poesia

walkman

Eu gosto quando de repente a música é boa o suficiente pra calar a boca da minha mente. Eu gosto quando o shuffle me traz de presente esse pára-tudo-e-escuta, esse autismozinho, essa ilha de paz. Eu gosto quando o surto finalmente pára por três minutos e 21 segundos. Quando o parafuso pára de espanar porque esqueceu porque estava girando. Eu gosto quando o consciente cantarola com o subconsciente de backing vocal e os montros do porão entornam o ponche do bailinho. O policial parando o trânsito para a banda atravessar. Eu gosto quando o ego vai afinado e o super ego não resiste e mexe o pezinho e sem nem ficar puto que o id tá dançando estranho e estragando o refrão.

domingo, novembro 22, 2009

coceira

às vezes
ando

buscando
fugir

do mundo

buscando
fugir
de mim

outras
ando
por aí

buscando paz
ou sarna pra me coçar

sábado, novembro 21, 2009

Bate-papo




-E aí, compadre, como vai a vida?
-A mesma vida de sempre, vista e vivida.
-Mas não tem nenhuma novidade?
-Apenas o de sempre: vida que dói e arde!

-Mas, compadre, a vida é muito boa!
-Só se for pra quem vive à toa...
Não pra quem, como eu,
vive de salário mínimo
e finge não ser ateu.
Não pra quem se esconde
atrás da multidão, todo dia;
não pra quem se anula
no meio da romaria;
não pra quem tem três filhos
e não sabe se vai conseguir
fazê-los uma família.

...

-Então, compadre, o que se pode fazer?
-Trabalhar, trabalhar, trabalhar
até um dia morrer.

sexta-feira, novembro 20, 2009

Pedra-sabão

A intenção dele
Era um olhar sorrateiro
Que quebrasse o gelo
E conquistasse a moça
Para uma conversa
E talvez um algo-mais.

Mas aquela moça
Não era de gelo
E sim, coração mole
Esculpido em pedra-sabão.
O que então se viu
Foi que ela derreteu,
Virou mil coloridas
Bolhinhas de sabão
Espalhadas pelo vento.

(do meu livro As Valsas Invisíveis)

http://www.edutrindade.com

quinta-feira, novembro 19, 2009

gol back



na noite longa
a boca seca
o peito arfando
seus rumores
silenciosos

no céu
estrelas do mar
teimam em deixar
tudo para depois

nem passou
da meianoite
me vem a vida
com esse susto
que mal dá para

dois

quarta-feira, novembro 18, 2009

Milagre

Os meus milagres são feitos
em tentativas de versos.
A cada dia transformo
pão em pão
e vinho em vinho.

O meu Golias
Derrubo com palavras.



www.alexandrebeanes.com

terça-feira, novembro 17, 2009

Problemas cardíacos

Hoje fui ao cardiologista:
meu coração anda esquisito, doutor Moraes!
Ora acelera, ora tropeça, ora ziguezagueia.
Sim, observei que acontece toda vez
que escuto uma voz, sinto um cheiro, vejo uns olhos.
Tem cura, doutor?

Ele me disse que não tinha não,
que era doença crônica.
Mas prescreveu-me um paliativo.
Ordenou que eu começasse a tomar
imediatamente e que continuasse,
em doses infinitas,
enquanto durassem os sintomas.

Por isso estou aqui na tua casa.


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segunda-feira, novembro 16, 2009

transmutação

a vida é uma menina branquela

de dentes grandes e cara de cavalo

que nunca sabe o que fazer

com as mãos

(às vezes, de repente, ela fica bonita)

a vida usa vestido sem forro e usa penas na cabeça

tem dias que canta uma musiquinha

e leva

tudo

que nunca vai acontecer

na coleira.

domingo, novembro 15, 2009

E ele se livrou das amarras
e da marra
e da mala
coisa que te atrapalhava

Ainda não será capaz
de voar

Mas será mais leve
daqui pra frente
o caminhar

sábado, novembro 14, 2009

Binomial

É o seguinte, vou lhe contar:
Sou mulher!
É a verdade, não adianta negar!

Sou mulher, mas não se engane:
sou sapatão, é claro!
Gosto de mulher como o diabo!

Mas sou mulher, tenho certeza:
o confirma os copos de vinho à mesa.
A vontade que muda a todo todo instante.
Essa loucura de desejo inconstante.
O querer aquilo e logo depois não.
Os braços abraçando o mundo,
os olhares além da visão.

Gosto de discutir o relacionamento.
Adoro surpreender-me a cada momento.
Gosto de poesia, de dança, de teatro.
De filme europeu, lento, chato.
Sinto falta de demonstrações de carinho
e de carinhos quase secretos.
Gosto de tudo que é contraditório
e sou o meu oposto eu mesmo.
Gosto, não gosto e desgosto, a esmo.

Sou mulher.
Mas sou muito macho.
Um dia ainda me apaixono por mim mesmo
e depois me traio.
Passo a ser meu secreto caso.

sexta-feira, novembro 13, 2009

A Viúva Negra

"Nas profundezas escuras,
supremo mistério,
tenho minha arca
de tesouro encantado.
Não adianta me desbravar:
sou fera ferida,
fêmea com cria recém-nascida,
medusa ressentida.
E só espero
que chegues mais perto
para te enredar em minha teia.
Provarás meu doce veneno:
um único vislumbre
do meu tesouro
e serei, pelo resto da vida,
teu vício
insatisfeito,
enfim vingada
das mãos despeitadas
de tua raça de homens."

(Uma língua ácida para uma sexta-feira 13... Espero que se deleitem.)

quarta-feira, novembro 11, 2009

WAR - O JOGO DA ESTRATÉGIA

I
Para de nhém, nhém, nhém
E chega de não me toque
Me dá um beijo
Ou devolve a minha Vladivostok.

II
Nem adianta mandar
Aviões para sobrevoar
O meu país.

Na hora do amor
Quero três dados
Contra um...

Só por garantia.

III
Fim do jogo.
Você conquistou meu coração
E duas pernas trêmulas
À sua escolha.

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Eis que é quarta e resolvi brincar.
Bom jogo para vocês!

terça-feira, novembro 10, 2009

meus botões

Eu no meu canto,
aqui, eu e os meus botões.

Você chega mansamente
disfarçando vontades no sorriso.

Meus botões me sussurram:
peça que nos abra!

Atendo prontamente o pedido e lhe peço
com os olhos.

Que meus botões sabem mais do que eu
o que eu quero.


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segunda-feira, novembro 09, 2009

tostão furado, bolso idem

Eu, que não usava roupas até os 18 anos
(calma, crianças, easy on the imagination
não deixem emergir as imagens
de mim correndo com os lobos,
pubianos ao vento)
eu, que não usava roupas até os 18 anos
por que vivia só de uniforme
e moletão aos fins de semana
eu que uso óculos e mal e mal fiz escova em datas comemorativas
eu que uso chinelo e pijama o sábado inteiro
vejo despontar em mim
tardiamente como um dente novo
o monstrinho do consumismo.

E me parece inevitável.

Suspiro.
Vinde a mim as sacolinhas.

domingo, novembro 08, 2009

Porque eu também quero que você fique

Forças Maiores,
antendam meu apelo:

Devolvam-nos
os versos de Marina
Devolvam-nos
os (de)lírios do jardim

Lhes dou em troca
toda poesia
que poderia
florescer
em mim

É pouco, eu sei
- e nem vale tanto assim

Mas é o que eu tenho pra oferecer, enfim




FICA, MARINA!!!

Pra meninar de novo




Coisas líquidas
atravessam seus lírios,
menina.


Jazz na boca
peixes loucos e belezas.


Tanto chão a meninar,
irmã linda potiguar,
a lira resiste acesa.


Onde os segredos morenos?
as manhas felinas?
nossas coisas de raiz?


Neste pote dágua e terra
meu clamor de amiga encerra:


“diz que fica, diz”.

sábado, novembro 07, 2009

miMa

Eu te escreveria todas as palavras que moram no meu dicionário,
mas é o silencio que inunda-me quando penso que não as leria.
Vou de Hilda, passo por Leminski, perco-me em Bukowski, mas é em ti,
nos teus versos, onde meus olhos sorriem.
De mim pra ti, só tem amor.

sexta-feira, novembro 06, 2009

Interino

Enquanto estás ausente
eu me desdobro
para ocupar teu espaço.
A cama,
o quarto,
o mundo,
é tudo tão grande!

Enquanto estás fora
viajando,
descobrindo,
quem sabe
descobrindo-te,
sirvo um jantar para dois
que ecoa na sala deserta
e acompanho tua novela.

Enquanto estás distante
sou interinamente
a própria porção que me completa.


Cá estou interinamente, com a honra e a responsabilidade de figurar entre as cabeças e ocupar o espaço da Marina. Mas que ela volte logo!

www.edutrindade.com

quinta-feira, novembro 05, 2009

domadora

inspiração é feito mulher
vem e vai
quando quer

inspiração é coisa pueril
às vezes não diz palavra
outras vezes, mil

inspiração é pássaro arisco
que bebe em flor
de lírio ou margarida

porque já existe volta
em cada ida.

inspiração é teimosia do poeta
escolhendo a letra mais fina
e procurando a rima mais rica.
então, Marina,
diga ao povo

que fica.

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Fica, Marina!!! :D

quarta-feira, novembro 04, 2009

CARTA DE DESEJO PARA DESTINATÁRIO DISTANTE

Não olha
Como quem não quer
Receber cartas de amor.
Sei que a mão
Que a escreve
Seria de melhor valia
A passear pelo teu colo
E posicionar o teu seio
Para o pseudo-alimento.

Recolhe cada frase
Num canto do pensamento
Guiando-a ao lamber de línguas
Que tinha obsessão de mim,
E era tão bom...
Não sei se por exibição
Ou covardia
(No bom sentido),
Mas muito bom.

Confirme o verso
Que te bolina o sexo
E a força a pensar em mim.
Mande mais lembranças
Por linhas tortas
Que me cambaleiam a perna...
Que torna a curva, reta.
Ereta sensação de desejo.
De beijo.

Mande logo pelo correio
Esse rumo-remetente
Para tornar o dia mais curto,
Impertinente
Que te molha a coxa e o lábio
Que te rouba o frio
E a ausência da lua...

Amor...
Pelo amor do Santo Homem...
Remeta uma enxurrada de vontade
Na tinta da caneta
Que escreve a carta.
Remeta teu cheiro
E teu gosto,
Povoa cada letra,
Cada palavra, cada frase
Com a imagem do seu gozo.

Vem...Adivinha.
Alivia em cada gesto,
Desenha no fim um coração.
Deixa que vou povoar
O caminho em minha mente.
Não há maior desejo que o de ti.
Não há maior vontade,
Nem na exaustão.


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A convite de Aline eis eu aqui de novo. Substituindo-a por um curto período. Honrado e feliz por estar entre as sete cabeças, os milhares de versos e os muitos, muitos mesmo corações. Obrigado.

P.S.: Fica Marina!

terça-feira, novembro 03, 2009

Apelo a quatro mãos

Mais rimas
vêm pedir
a Marina
para não partir:

Juntamos nossas mãos
como em oração
e imploramos
neste poeminha
que lhe volte
a bendita inspiração

Até as palavras
se ajoelham
pra rogar
que as suas venham
trazer-nos seus versos-filhos
esses tão saudosos deLírios
da amiga potiguar

Ah, Marina! Não se vá!
Deste lugar, sem você, que será?

***********************************

Este é o nosso pedido. Da Sandra e meu!

Ficaaaaa!!!!

domingo, novembro 01, 2009

Fica!

Que palavras pra te pedir pra ficar?

Tão fácil fazer o jogo com o mar.
Fácil, belo e verdadeiro.
E, como o mar, num balanço primeiro,
conseguir te trazer pra brincar...

Chamar-te morena, Marina,
chamar-te Marina menina,
seria solução?
Traria sua poesia
pra palma da minha mão?

Alguma dessas brincadeiras
te faria desistir
e ficar?
Alguma rima,
Marina morena menina,
seria suficiente pra te emocionar?

Então desisto de poesia
e apelo pra amizade:
Fica, Marina,
e pelo menos me livra da saudade.

*********************************************

Essa semana é pra dizermos a Marina o quanto a amamos.
Pra dizer a Marina que este blog não tem sentido sem ela.
Pra inspirá-la, talvez.
Mas principalmente, uma semana de cantos de amor.

Fica, Marina!!!

sábado, outubro 31, 2009

Viagem



Sete e um da manhã...
não era ele no controle
mas sim o seu outro eu.

Aquele irascível.
Aquele desgraçado,
insano, promíscuo, ateu.

Calou-se por um instante,
deu uma gargalhada
e saltou!

Entre a estrutura do viaduto
e as encostas da estrada
sua vida se desintegrou!

quinta-feira, outubro 29, 2009

...




admiro
a tua dança

como
ao som te lanças

entre caboclos
e festanças

o revoar
de tuas tranças

em
todas as nuanças

sancho
enche a pança

quando nua
danças









terça-feira, outubro 27, 2009

Lição de amor

Aprendi muitas coisas com os amores que amei.
Com todos os amores que tive na vida.
Coisas lindas, outras que não diria.
Mas a melhor lição que guardei, amor,
dos amores que amei,
é que não me serás o último.


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segunda-feira, outubro 26, 2009

paralelo

um encontro de poetas
tem muito em comum
com o de crianças de 5 anos

mostra o seu que eu mostro meu.

domingo, outubro 25, 2009

Da argila
se pode fazer um vaso
ou um tijolo
ou uma escultura

Depende do que você quer:
praticidade,
utilidade
ou mero ornamento

Depende do que você prefere:
delicadeza,
rusticidade
ou pura arte

Mas também se pode fazer
apenas
lama

Aí, depende do que você fez

sábado, outubro 24, 2009

Fidelidade

Em mim mesmo
mesmerizo
um sorriso
instintivo

E me lembro
que novembro
é sempre triste.
É sempre impreciso.

Então
me transformo no homem invisível
E me desvio desse amor imprevisível.

sexta-feira, outubro 23, 2009

Um jeito

Antes dos trinta
pensei estaria pronta para as transcendências:
um corpo punhado ao meio
dois tantos de paciência
cachos de queixas penhorados na última briga de amor.

Mas o dia me traz comprimidos,
poeira até o nariz,
um suor carregado de tristeza
e poesia queimando sem conseguir nascer.

Outra seria se não desejasse apenas o natural?

quinta-feira, outubro 22, 2009

poema pedindo pra você ficar




como um belo cavalo
sem a crina

como um cruzamento
sem esquinas

como um professor
que não ensina

como o futebol
sem a argentina

ou qualquer outra coisa
muito muito legal

quando perde
a sua parte mais fina

assim fica
o nosso blog de sete


sem marina





terça-feira, outubro 20, 2009

minha peça

irrompe da coxia
adentra o meu palco

improvisa o espetáculo
profere cacos

em perfeita atuação
finge não fazer arte.

na platéia, meu coração
é todo mãos pulsando aplausos


Coisa nova também em Metade e Pedaço.

segunda-feira, outubro 19, 2009

truque de desaparecer

eu não prometo que vai me encontrar
você sabe como eu sou
com compromissos
e aquele meu celular desligado
eu finjo que me distraio
só me traio
pelas orelhas impertigadas
eu posso me perder
se você não estiver olhando
eu sumo de repente

já me disseram que eu sou o batman.

domingo, outubro 18, 2009

desatar de nós

nós
que preferimos ilusões
e fugimos da realidade
feroz

meu maior medo
é que nós
mesmos
fujamos
pra longe
de nós

e não atemos os nós

e acabemos
sempre
com medo
e sós

sábado, outubro 17, 2009

Ser

Instanteei-me.
Botei adjetivos no meu dia.
Cores em meus olhos.
Flores em minha poesia.

Momenteei-me.
Cantei novos silêncios em minha voz.
Solos de guitarra em teus ouvidos.
Plantei essa urgência dentro de nós.

sexta-feira, outubro 16, 2009

Em lua arada

gosto de cheiros
trincados
dentro da boca

apavoram-me
engolir desejos
aquietar doiduras

pendula o barco
por todas as proas
até transborde a lua

grãos de mel
sementeiam
escrevendo estrelas
pelas ruas


Iara Maria Carvalho

quinta-feira, outubro 15, 2009

quarta-feira, outubro 14, 2009

espelhos

coleciono as tuas rugas
como se fossem brinquedos
uma por uma
algumas mais jovens
outras nem tanto...
mas há lugares
onde nem tuas rugas
permintem o entrar,
labirinto e corredores,
são os teus espelhos
que me cegam o olhar.

terça-feira, outubro 13, 2009

escalei agruras e alegrias
algumas

bolhas, ofegante, coração cansado
um passado, juventude ida

no ápice, Honoré já me aguardava
abriu-me a porta ao declive.

outros três decênios descerei
pelo menos

de cara pronta


Na crise dos 30. Completados hoje.
Há outras expressões desta crise espalhadas pelo Metade e Pedaço.


segunda-feira, outubro 12, 2009

declara

debaixo do MASP
deixou a pergunta de praxe
por outra mais direta
de “você gosta de poesia?”pra “você gosta do poeta?”

domingo, outubro 11, 2009

Fênix

Aquela foto tua,
os bilhetes que você me deixou
- inclusive aquele último, o de despedida,
os poemas que eu escrevi
pensando em você...

Eu queimei tudo

Botei fogo
em cada resquício
de nosso amor

Guardo as cinzas
até hoje
esperando que ressurja
fênix

sábado, outubro 10, 2009

Simples

A mesa espera um prato.

O prato espera ansioso
por algo que o preencha.

Minha saudade espera tua presença.

sexta-feira, outubro 09, 2009

transmutação

minha formiga
aquece areias
ao caminho da roseira

quando o rastro é de manhã
deita sobre a rosa
e de si mesma esquece

cantares de cigarra lhe
formigam por dentro

uma flor no lugar do coração.

quinta-feira, outubro 08, 2009

breu




meu bem
vê se se toca
e sai da toca

larga
essa vida sem graça
vamos ver a banda
passar pela praça

escancara
as janelas do teu quarto
fechado

larga
esse jeito
miúdo de traça
se alimentando

de passado




quarta-feira, outubro 07, 2009

sonho

e foi a primeira vez que a vi
linda, leve, viva...
voltou os olhos pra mim com seu eu fosse sol
como seu fosse.
sorriu-me uma chuva
encantou meus ouvidos.
ela me sorriu ao acordar
e me dizia ser eterna.
e me dizia ser minha
perdi as contas das luas que contei
enquanto a esperava voltar.

terça-feira, outubro 06, 2009

Quase 70 musicais

sempre que tocaste a minha gaita
com teus dedos ditos inocentes
e em ela puseste a boca incauta

sempre que quiseste que tua flauta
gemesse doce nas minhas mãos
cantasse o canto da minha língua

jorramos juntos as notas mais lindas
num ostinato, quase setenta vezes
soamos, suados, nosso uníssono gozo

********************************************************************
Queridos leitores,

Pegando carona na licença poética do nosso amigo Múcio... estarei ausente por umas semanas... Enquanto isso, deliciem-se com a delicadeza sensível de Ellemos!

Até a volta!

Sandra Regina de Souza

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Neste primeiro, sem pretensão, uma pitada de Sandrice. Pra dizer o até logo. Ficarei aqui, guardando seu lugar em banho-maria, até que ela volte incendiando as terças-feiras. Honrada pelo convite.

Amo.

Elaine Lemos

segunda-feira, outubro 05, 2009

aconchegante

(com algumas sugestões rimáticas da sandra e ellemos, no bar café creme, onde o garçom descreve as linguiças como aconchegantes)

Alô, garçom,
Traz a máquina do visa
e avisa
que a conta é
cinco chopes
um espumante
e uma porção de lingüiça

E já que está aconchegante
traz também refrigerante
se tiver quente não precisa
que não somos exigentes
mas cuidado aonde pisa


Então campeão
traz a máquina do visa
e a minha coca-cola
mas vá sem pressa, vá com calma
que não quero ir embora
estou com a minha outra alma
e meu último pedido
(se é que é da sua conta)
é um bocado de demora
enquanto a gente se ajuíza

Você enrola,
ele me alisa.

domingo, outubro 04, 2009

sábado, outubro 03, 2009

Verde

...e que bonito seria poder ver as árvores do bosque a fugir do incêndio.
- José Saramago

Por termos raízes
é que nos prendem os pés ao chão.
Por termos raízes
é que nos atam as mãos
e nos conduzem ao país da imobilidade.
Por termos raízes é que somos covardes.

E é compreensível, pois não somos humanos.
Somos grandes massas verdes estanques.
Somos árvores.
Nosso único movimento são nossos ramos
balançando ao vento primeiro.
Às vezes chamamo-o sonho.
Às vezes pesadelo.

E é justamente por termos raízes
que nos são inúteis carros, ônibus,
aviões e carros de corrida:
Não importa quão longe,
voltamos sempre ao ponto de partida.