A infância adormeceu no colo da mulher,
nos braços da menina que se deitou
no topo do morro de terra vermelha
ao lado de sua boneca preferida de roupinha rasgada.
O coraçãozinho cresceu, agora cabe tanta coisa
onde só cabia pureza, onde o palpitar acelerado
significava cansaço de brincar de pega-pega.
Agora cabe tanta coisa, tanta coisa que não é brincadeira.
Os olhinhos que brilhavam curiosos e choravam quando o corpo
doía de cair de bicicleta, brilham pouco menos e choram mais,
mas de outras dores.
O frio da maturidade chegou tão de repente pedindo uma sopa.
Há pedacinhos de infância escondidos na sopa, ela descobre.
E de vez em quando, cuidando de não estragar o batom,
ainda tira da língua algum fiapo das pelúcias dos ursinhos.
E de vez em quando, sozinha e descalça,
percebe-se fazendo trancinhas no cabelo da boneca.
Este roubei de mim mesma, do meu blog: http://duaspartes.blogspot.com
3 comentários:
que a mulher
não esqueça
da menina.
nunca.
Muito bonito!
Um bjo.
todo perfeitinho
tanta coisa que não é brincadeira.
não se pode perder esses "pedacinhos de infância"
muito lindos teus versos!
parabéns.
Postar um comentário