domingo, dezembro 31, 2006

REVEILLON (QUE PARA MIM É REVERÃO)

Verão corrompido pela epiderme do desejo
Instantâneo
(Como se para o ano...)
E são tantos anos
Nesse com e sem,
vocês, assins, meios em desequilíbrios
e aguardos...
(É que o aguardo é o que me guarda)
Me aguardem, então,
Vocês verão!

sábado, dezembro 30, 2006

CREPÚSCULO

Minhas almas tantas vezes
já se quebraram...
tantas tantas vezes várias!
E até os cacos, até esses
se despedaçaram
em tantas metades arbitrárias...

Algumas partes são pó
e pó apenas...
mas brilham!
Desafiando
a sua estatura pouca
e suas vozes pequenas!

Aliás, são estas
as que brilham mais
pois emergem em fogo e paz!

São plenos de braços e desejos, meus pequeninos cacos!

quinta-feira, dezembro 28, 2006

Eu sangro sozinho
Me mutilo, me corto
Arranho meu próprio coração
Só pra sentí-lo pulsar mais forte

Eu sangro sozinho
Derramo meu sangue
Na tentativa de ne esvaziar
Me esvair junto

Eu sangro sozinho
Pra sentir seu amargor
Pra sentir dor
Pra me sentir vivo
Porque a vida não me faz sangrar(?)

Eu sangro sozinho
E transformo meu sangue
em tinta
Matéria-prima
para elaborar minhas poesias

Eu sangro sozinho
na esperança de te ver voltar
Mas você não volta
Você nunca vem
Como a maioria, você foge
Sente asco
Só ficam alguns curiosos
que, de repente, acham isso
bonito
Curiosos
que eu aprendi
a amar
escondi o futuro
do passado. porque
o presente já está
todo grudado em mim!

terça-feira, dezembro 26, 2006

soLar

      abro a minha janela
contemplando um céu ardente.
lusco-fusco lucipotente:
eu, você, a meianoite,
e esse sol que não desiste
de fazer verão dentro da gente.

segunda-feira, dezembro 25, 2006

Desabafo

Em mim choves
Trovejas em temporais
Nada discretos...
E arrastas tudo pela frente.
Que chovas!
Eu não me importo.

domingo, dezembro 24, 2006

MENINA ADVOGADA,

(para uma bela transeunte
que passou na minha frente
numa tarde qualquer no centro)

Teu belo corpo e matreiro
Não se esconde por trás das vestes formais
Teu charme que até cotovelos
Distrai dos esnobes sapatos aos pés
Teu salpicado em ondas cabelo
É ninho tal que não há não querê-lo
Teu passar de sumiço à esquina
Tem dissonância qual música linda
E teu sério dom de mistério
É, meu bem, meu puro despautério

sábado, dezembro 23, 2006

Me acostumei comigo sozinho...
com minhas roupas mal passadas
e minhas noites de vinho
em copo americano.
Já me acostumei comigo
e meus enganos.

Minha dor ao final de cada tarde
já nem incomoda mais...
queimadura que não arde!
A saudade
há tempos não me sufoca
e o teu amor
já não me toca.

Então desiste.
Vai e me deixa quieto.
Me deixa então.
Me deixa triste
e jura que não
se mete entre mim
e a minha solidão...

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Poema com (algum) sentimento*

Depois de nosso último encontro,
naquele fatídico evento,
uma questão perturbadora
dominou meu pensamento:
Seria esse amor que sinto
apenas coisa de momento?
Será que nun tô confundindo
com algum outro sentimento?
Seja o que for, não é concreto
(Falta cimento)
Como se, assim que soprasse
mais forte o vento,
ele pudesse levar tudo isso
para as brumas do esquecimento
Ah, isso tudo está além
do meu conhecimento...
Pra esse necógio de amor
eu tenho pouco talento...
Não gosto de falar
dessas coisas que mal entendo...
Sinto que te amo
mas não garanto 100%

quarta-feira, dezembro 20, 2006

Desejei muito, always.

um beijo que não provei
um e-mail que não recebi
um amor que não construi
um filho que não aconteceu
um sonho que não esqueci

[Percebi que o meu tempo
é diferente do d'Ele...]

terça-feira, dezembro 19, 2006

a dor é ser

cedo ou tarde,
toda dor
há de fazer alarde.
no meio da noite,
no meio da rua,
numa tarde
sob qualquer lua,
vem a dor nos mostrar
que a carne é fraca,
que a luz é pouca,
e toda tentativa
de fuga é louca.
cedo ou tarde,
toda dor
há de fazer alarde.
e de nada adianta
dar de ombros,
andar em círculos,
deixar os escombros
à mercê do ridículo.
de nada adianta
lá pelas tantas,
lapelas tontas de flor,
esse nó no sapato,
esse nó na garganta,
aquele adeus de amor.
de nada adianta
chegar atrasado,
sair de cena
com o teatro lotado,
fugir pruma ilha,
pequena,
cercada de sonhos
por todos os lados.
de nada adianta
nadar, nadar,
pois, à dor
nada incomoda.
perca o seu medo,
antes que seja cedo,
porque doer,
nunca sai de moda.

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Carnaval fora de hora.


Rotina é destaque
Que desfila como
Porta-estandarte
Em todas as manhãs
Do nosso carnaval fora de hora.


Saudade é comissão de frente
Na vida do casal solitário
Que dança o samba sem ritmo
De notas desafinadas.

Cumplicidade é samba enredo
De variadas notas sós
Desafinando o refrão...
E nada mais resta a não ser
A solidão... E um samba
Que não é canção.


E nas manhãs,
Que não são de cinzas,
Queima-se o Judas...
Porque o carnaval é sempre
No bloco do casal sozinho.

E o bloco vai pra avenida
sem alegoria
e sem adereços
Porque o samba é nu
E a escola é nota 10.


domingo, dezembro 17, 2006

O QUE É BONITO? (II)

para Oswaldo Carvalho

Qual é a beleza da dor? Ela a tem?
E a plasticidade, de Dalí a Picasso,
resumiria-se tudo a cor e espaço?
Pode ser bonita uma idéia? Qual é seu poder
quando velha? e quando eterna?
Onde mais há o belo? Em melodias,
orquestras, modinhas ou óperas?
Em ornamentos simples ou parnasianos castelos?
À noite, aurora, pôr-do-sol, meio-dia?
É tijolo ou é prédio?

Sendo ou não música para os olhos,
estaria na capacidade de tocar?
Pessoas, almas, quais, muitas, todas,
ou apenas uma outra?

Onde há o sublime, caro amigo, na amizade,
no amor sincero, no gozo efêmero?
Ou no infinito das contradições?

Estética está onde? É coisa estática?
Em expansão, eterna, constante ou não?
Estaria na pureza de uma verdade
ou na fragilidade de seu contexto?
Seria a beleza ela própria um idéia
ou uma antítese à razão?

Pode ela estar num rosto, num jeito,
num corpo, num gosto ou num coração ao peito?
Pode ser brega e erudito?
É metáfora ou deve prescindir prefixos?
Ou será algo de uma espiral metalinguagem
que não se pode saber, apenas sentir?

Pode "a thing of beauty" ter justificativa?
Ou isso a tiraria de sua essência?
Ou isso atiraria de sua essência?
É possível falar sobre o que é bonito,
chorar sobre beleza, desuniversalizar seu extra-
terreno conceito (se é que me permite
tal expressão no referido contexto)?

Teria, então, a ver com sentimentos?
Voltemos a eles: tristeza, alegria,
medo, desejo, êxtase, supresa?
Ou estaria se falando de sensações indefesas?

O que é bonito se compartimenta? Cabe mais
à métrica, à rima ou à "filosofopoesia"?
Implícita ou explícita?
Pode ela subverter todos os nossos dicionários?
Ou deve? E quanto a regras, ideologias,
escolas de pensamento, teorias,
é aí que se a encontraria?
Ou mandemos isso tudo às latrinas?

Então beleza é o dom para enfeite (se o acreditas
jamais conte a uma mulher)?

É coisa de dentro ou de fora,
de ver e sentir ou de fazer pensar, expandir
O que é bonito separa-se, é classificável?
É mesmo preciso perguntar sobre isso?

sábado, dezembro 16, 2006

ETERNO RETORNO

Lambeu suas feridas
uma a uma
uma a uma
uma a uma
até que se fecharam...
agora não doem mais!

Mas...
que saudade do tempo
em que elas não lhe deixavam em paz!

quinta-feira, dezembro 14, 2006

*

Somos pilotos de fuga
deixando us homi pa trais
junto com tudo mais
que não tenha importância

A gente pisa no freio
que é pra não derrapar,
pra não ser pego na curva,
pra não perder tempo

A gente escolhe essa vida
de fugir de nós mesmos
que é pra ver se nos encontramos
num desses cruzamentos

A gente se cruza,
se esbarra, se tromba...

Marcamos um pega
Quem ganha ou quem perde
é o que menos importa

A gente corre
nessa vida
feito doido
Mas é por puro prazer

quarta-feira, dezembro 13, 2006

escapei das garras
afiadas do nervosismo,
despedi o estresse,
e matei o desespero.
só me interessa a
previsão do tempo
pra amanhã.

terça-feira, dezembro 12, 2006

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Dueto

Vazio aqui.
Calor e fadiga.
Rotina maldita.
Ferida exposta ante a lida,
Lida mal paga.
Fim do dia, vejo marcas.
A noite vem,
Negra, África.
Noite fria, frio que arde;
Senhora implacável.
Solidão domina,
Risca sua superfície.
E permanece.
Deixando apenas...
Calor.
Fadiga.
Rugas.
Estás nua, novamente.



Por Aline e Felipe.

domingo, dezembro 10, 2006

ESPECTROS E EXPECTATIVAS

inspirado num belo texto de e para Mônica Montone

Espectros e expectativas,
sentimentos expectorados,
tossidos pelos passares da vida.
Noites que não existiram se explicam,
assim como acontecimentos intensos cimentam.
Assim como se vale a existência
pelo que nela se expande.
Seja só por sua presença
ou o alto valor da ausência.
Pois que se algo aqui se almeja,
que seja!

sábado, dezembro 09, 2006

POESIA DE NICOTINA (versão integral)

Escolho
cui - da - do - sa - men - te
as palavras
e depois

em movimentos circulares
com os dedos indicadores e os polegares
as enrolo em um papel.

Faço vários de uma só vez
respeitando cada passo do ritual

escolho o momento ideal

o lugar adequado
de preferência uma poltrona

em uma sala escura
então trago

vagarosamente

em dias agitados

(em que é preciso uma dose
rápida e relaxante)

pico umas palavras pequenas
coloco em um cachimbo

e sem pensar
me entrego ao vício

A melhor parte é ficar olhando a fumaça
é possível identificar a essência de cada palavra
elas saem fortes

e aos poucos
vão se perdendo no espaço

poesia de nicotina

(hábito antigo)

dizem até
que o meu pulmão está doente
mas é um mal necessário


e vou morrer fumando

******************************************************

Sei que vai parecer nepotismo (e é... rs...), mas essa é a Patrícia, a mulher que eu amo, e que deu uma nova dimensão à minha vida.
Mesmo antes de nos conhecermos pessoalmente, já havia me apaixonado pelo seu amor incondicional à poesia.
E, sim, ela escreve bem, apesar de ter sempre uma certa preguicinha de escrever... rs...
Agora ela abandonou a preguicinha e anda numa fase criativa, e seus poemas estão no http://pathcosta.zip.net

quinta-feira, dezembro 07, 2006

...análises, análises... aristóteles maldito!

por Solange Marques



Nenhum símbolo me comove. – os símbolos abarrotaram este mundo!
Nenhum, nenhum! Símbolo nenhum!

Ah, nenhum!

Nenhum é palavra completa demais para existir,

completa de falta, completa de nada...

É palavra total, totalizante em sua ausência de seres...
ausência de ser, de se saber a si
Além de tudo, é palavra! - como tudo isto que se vê aqui
E, como palavra, também é símbolo!
Nenhum é um símbolo que busca a comoção pelo vazio, pelo negaceio, pela privação...
É estratagema da linguagem para comover o ser,
seja eu, seja você. – a palavra...


Nada, nada!
Não!
Nenhum símbolo me comove, nenhum! Nenhum!



Um dia, em meio a nossos diálogos filosóficos, eu comentei:
- Acho que nunca conseguiria escrever assim... Destrinchar meus sentimentos, idéias e outras coisas no papel, como você faz...

E ela disse:
- Pois eu acho, sinceramente, que conseguiria!

Acho que ainda não consigo... Como ela faz, ainda não... Mas costumo dizer que, se hoje eu escrevo, ela tem muita culpa nisso! Por ter me convencido, um dia, de que eu era capaz de fazê-lo.


Pra Semana de Convidados deste mês, convido Solange Marques! Grande amiga, grande escritora... Muitas idéias doidas e filosofias-de-porra-nenhuma já troquei com esta mulher...

E é ela a culpada! Se hoje eu escrevo, a culpa é dela! =P


Para conhecer mais dos escritos dela, visitem:

http://n-a-d-a.blogspot.com
(Tá meio desatualizado... Mas vale a pena dar uma boa fuçada!)

http://www.recantodasletras.com.br/autor_textos.php?id=8585

Apreciem, meus caros!

Abraços!

quarta-feira, dezembro 06, 2006

POUSO REFORÇADO

"— É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas."
(Antoine de Saint-Exupéry)



Flor, distraída,
tropeçou na calda de um cometa
e, zonza e um tanto perneta,
numa nuvem de pólen brilhante,
despencou nesse asteróide
— minúsculo planeta.

Como explicar
a um menino príncipe solitário
acidente aéreo assim
interplanetário?
____________________________________________________


Ele é intenso, engraçado, criativo e escreve maravilhosamente bem! O conheço há pouco, mas o suficiente pra tornar-me super fã. O seu nome é Adriano de Oliveira, Drico. Ele escreve no Leite de Letra. Sintam o imenso de prazer de visitá-lo! :)

terça-feira, dezembro 05, 2006

uma balada para dois

Tem tanta dor dentro desses copos,
Tem tanto ardor dentro desses corpos
E tanto, tanto nesse vezenquando
que vezenquando tudo é encanto.

(Mas o ideal inda tão distante
interrompe
o toque, o gole, o trago, a verve, o canto).

Por ser real
Por estar tão próximo
E por ser possível,
Há de parecer
tosco
pouco
óbvio
(Mesmo, vezenquando, sendo incrível).

Talvez, um dia,
quem sabe a dois
no bar da esquina,
na praia,
na fila do banco,
no trânsito.

Ela com seu ideal,
ele com sua perfeita:
duas pessoas colhidas
para caberem nas suas antigas
e comportadas frases feitas.


Bem poderia dizer que a minha convidada dispensa apresentações, mas, há quem não a conheça, ainda. Ela vem do Rio, e, faz parte daqueles motivos que nominam a cidade de “MARaviLhosA”. Poeta em tempo integral. Escritora fina. A mais pura personificação da alegria que já encontrei nessa vida. Em meia hora descobri que não somos desse tempo, a gente vem de longe, e, nos reencontramos para diluir em versos esse amor de milênios. Minha convidada é minha amiga, minha irmã, minha mãe, e meu amor. Enfim, se Gil a conhecesse cantaria: “o Rio de Janeiro continua Marla...”

Mais em: www.doidademarluquices.blogspot.com

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Em /Ens

E foi quase no apagar das luzes que ele surgiu... Não que eu não tenha pensado nele antes... Mas que bom que aceitou ao meu convite.

E vem de Sampa nosso convidado, pilotando sua Quimera Ufana, nos brindar com belos e profundos versos, nosso querido: André Lasak!

...........................................................

Em /Ens

No fundo do escuro
Do poço no fundo
De baixo do fosso
No escuro do fundo
Do fosco no osso
Do esqueleto no esquife
No sexo sem contato
Do corpo no escuro
Do quarto sem luz
No espaço que habita
Do outro espaço que
De escuro não se encontra
No local que caminha
Do qual nada se passa
Do que mais um passo
No vasto espaço no fundo
Do poço é espaço ideal
De cada ser vivente
No espaço adequado
Do que mais existe
Do mais que resiste
No qual cada um sabe
Do que está falando
Do que se quer ouvir
No tempo que se pode
Do mínimo se escutar
Do máximo que se
ENTENDA...
NO MAIS
FUNDO...
...........................................................

domingo, dezembro 03, 2006

POESIA EM CARNE VIVA

A poesia é como um rio...
leito de verbos e vinhos,
onde uma alma se banha
na palavra que empenha,
soberana,... arte rainha,
devota paixão tamanha,
é a esperança que se cunha
capaz de mover montanhas.

A poesia é largo esteio...
que mantém firmes os punhos
do homem simples que apanha,
sob o peso da desdenha,
e frente ao terror medonho
dos que estão quase sozinhos,
mas se unem, em rebanhos,
sem renderem-se às barganhas.

A poesia é eterno cio...
em que se fecundam sonhos,
superando,... na artimanha
a maldade que avizinha
os corações feitos de estanho,
cruzando novos caminhos,
desvendando tantas senhas,
por seus férteis testemunhos.

A poesia, então, é isso...
algum gesto de carinho
ofertado a um estranho,
– português, pária ou portenho –,
sem remorso e sem vergonha,
não tendo intenção de ganho,
mas de ser dócil resenha
dessa vida,... tua e minha.

E sendo poesia, é infinda,
sendo bela, é ingênua,
sendo força, é bem-vinda,
e por ser amor,... é carne viva...

André L. Soares

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Caríssimos,
é com muito prazer que, seguindo o meu objetivo de aproximar a poesia blogueira e a orkútica, vos apresento o André L. Soares. Além de um grande poeta de vasta obra facilmente acessível na internet, ele é um verdadeiro agitador da nossa arte no ambiente virtual. Figura marcante em diversas comunidades, com vários perfis, é moderador da "Parceiros... de prosa e poesia", promove concursos, escreve em parceria, debate, possui blog e por aí vai...
Pra quem quiser se aprofundar no trabalho deste "Lobo do Mar" recomendo iniciar por:
comunidade de seus poemas:
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=2059973
comunidade de poesia que ele gerencia:
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=3371184

sábado, dezembro 02, 2006

TODA

Ah, aquele beijo
(que beijo...)
que me abriu as pernas
e me enfiou o desejo
(que beijo...)
fresta por entre as grades
por onde me entrevejo
(que beijo...)

Ah, aquelas mãos
(que mãos...)
que me percorreram inteira
com força e tesão
(que mãos...)
que me entrecortaram
a respiração
(que mãos...)

Ah, aquele dia
(que dia...)
que me fez mulher
que me fez vadia
(que dia...)
que me amarrou ao pé
da sua poesia
(que dia...)
e até hoje não sei
se é meia-noite
ou inteiro-dia
(que dia...)