quarta-feira, janeiro 31, 2007

O meu post de hoje é diferente...
Eu gostaria que você, caro leitor, fechasse os olhos... E por 5 minutinhos, atenciosamente, sentisse os cheiros, e ouvisse os sons à sua volta... A música e o cheiro do mundo... Isso é Vida!!! E essa é a maior poesia que eu posso oferecer a você...

Obrigada a todos.

terça-feira, janeiro 30, 2007

verbo in vento


um sopro no peito,
a alma presa,
a língua solta,
um verbo no vento,
desinventa essa vida louca.
dela me despeço,
em fumaça me faço,
souvenir, adereço,
um tropeço
a cada passo,
esse grande sucesso
em matéria de fracasso.

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Paladar

Um poema sacana
Que roça o léu
No açúcar quente
Que emana da cana.

Brota pimenta
No asfalto
Cobre o leito
E fede a esmalte.

(Entorpecente e vermelho)

Tortura madura
No dia-a-dia
De labuta escura
Que quebra rotina
E adocica o meu paladar.

domingo, janeiro 28, 2007

O BAILE DA FOLHA AO VENTO*

Era uma folha ao vento.
Ao contrário das palavras sua arte era natural.
Não havia peso de ombro em seus giros,
que rabiscavam cor no cenário cinza,
dando um baile nas flores estáticas.
O uivo do ar a cortar as árvores era música suficiente.
E ela dançava como um vício,
voava sorridente seu clássico balé.
O verde das mangas lhe vestia filha perfeita do mato
e combinava com a logomarca do hospício.
.
.
.
* poema originalmente impresso na zine "Frente & Verso" acompanhado de bela prosa de dona Czá.

sexta-feira, janeiro 26, 2007

...

Prefiro errar o amor com um café-da-manhã
na cama, um sorriso nos lábios e uma rosa
no jarro, do que deixá-lo passar ao lado,
como foto presa a um álbum,
que só celebra o passado.


Não quero a felicidade em cápsulas...

Quero entrar de madrugada no carro que me espera na porta,
Andar pela orla...Maresia na cara.
Estacionar na frente da catedral,
Transar no banco de trás,
Olhar vidrado no guarda,
Perder a hora.
Não quero a felicidade em cápsulas...
Quero rasgar a roupa,
Mostrar a bunda,
Tatuar o peito,
Cobrir-me com um manto...santo!
Não quero a felicidade em cápsulas...
Quero transgredir o mundo,
Sem roubar verdades,
Sem delirantes culpas,
Sem vender meus dias.
Não quero a felicidade em cápsulas...
Quero o orgasmo da vida,
Lambendo as feridas,
Êxtase da paz.

Patrícia Marques

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E assim encerro a participação da, menina-amiga-baiana-mais-que-especial-que-eu-adoro, Patita, que foi minha poeta substituta durante o mês de Janeiro. Obrigada a todos que comentaram, obrigada à Patita que aceitou ter seus poemas aqui com as demais cabeças e espero que vocês tenham gostado... ;)

quinta-feira, janeiro 25, 2007

E viva São Paulo*

Poluição maldita, essa
Que me chega às narinas
Me embaça a vista
E me destroça o cérebro
Me sinto envolto
Todo em fumaça
Uma fumaça escura
Tóxica
Entorpecente
Me deixam todos os sentidos
Inertes
Sem sentido
Algum
De ser
A não ser
Degradar
Os seres que aqui vivem
Toda essa sujeira
Me cega
Me ensurdece
Me emudece
Me emburrece
Me dá náusea
Me faz vomitar
Me faz perder o tato
Não há contato
Agradável
Apenas
Uma mistura de cheiros
De lixo e entulhos
De sons e barulhos
De idéias vindas
De gente que sofre
Do mesmo torpor

quarta-feira, janeiro 24, 2007

e esse blá blá blá
que não me esquece
e o tal de conversê
que não me aquece
e essa tanta demora
que me entristece
no meio dessa vida
[dentro de mim]
que floresce

terça-feira, janeiro 23, 2007

letrargia

verbo que me acena,
assim de longe,
meio pagão, meio monge,
ao largo do meu quintal.
me livra desse dilema,
dessa falta de poema,
desse estado de etc e tal.

segunda-feira, janeiro 22, 2007

.

Abriram a porta
E encontraram no canto
Trapos farrapos
Em desalinho
E um manual ao lado.

Disseram também
Que nada entendiam
Ao ler
E penalizados ficaram.

Desistiram
E poucos relutaram.
E de lá partiram
Entristecidos.

Numa estrofe
inteira e sozinha
a rima se desfaz.
Os versos fogem
E a poesia
Incompleta fica.

domingo, janeiro 21, 2007

AUTO, AJUDA?

De que vale o canto,
onde se come o prato,
se é de pranto?

Ser da arte o que faz,
se tudo nos parte,
se nos jaz toda paz?

Sou poeta, e daí,
se a matéria prima
pela vida?

sábado, janeiro 20, 2007

PEDIDO

Me põe no prato.
Me come com garfo.
Me come com colher.
Me faz teu macho.
Me faz tua mulher.

Me faz sobremesa.
Me faz antepasto
E festa surpresa.
Teu gato e sapato.
Tua notícia e teu boato.

Me faz teu jornal, tua revista.
Teu livro de cabeceira.
Me faz algo que você leia
E que siga contigo
Pela vida inteira.

Me faz tuas compras de supermercado.
Teus itens de sobrevivência.
Me faz teu cinto de utilidade.
Me faz teus poderes.
Teu segredo... tua identidade.

Me faz o que quiser.
Basta fazer!
E só te peço:
Me faz um pouquinho você!

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Antes

Antes que te perceba céu,
Amante da lua,
Fundo de um telescópio.
Antes que te perceba vento,
Ao cortejar saias,
Contorcer palmeiras.
Antes que te perceba sol,
Raios tatuados no corpo,
Suor no decote gotejante.
Antes que te perceba horizonte,
Visão do abstrato,
Ponta de incerta conquista.
Antes que te perceba grande,
Tensão em estreitas frestas,
Alargando o que consome.
Antes que te perceba gozo,
Desfalecimento da razão,
Elevação molhada da alma.
Antes que te perceba frágil,
Cristal na quina da mesa,
Flor coberta de gelo.
Antes que te perceba,
Esquerdo bico do seio em riste
Pulsante ritual da marcação...
... me perceba...Antes.
Patrícia Marques

Minha convidada durante
o mês de janeiro.

quinta-feira, janeiro 18, 2007

À minha frente,
lá estava ela
Tão bela...
Eu vislumbrei
a Arte
E captei a mensagem
Ri. E chorei.
Eu não acreditei
Ela estava ali,
na minha frente,
entregue a mim,
a Arte...
E em meus braços, a tomei

quarta-feira, janeiro 17, 2007

então tá!
eu deixo
que a Sua vontade
seja feita
para que a minha
seja entendida...
[que tal?]

terça-feira, janeiro 16, 2007

cor & ação

meu coração
bate, bate, bate,
feito um tambor
tatibitate,
se perguntando:
até quando,
até quando?
até, quando!

segunda-feira, janeiro 15, 2007

Rotina

Em dias de profunda angústia
O verbo busca-me
Como quem quer açoitar
Com versos pontiagudos
De rimas nada brancas.

Persegue-me
Com a voracidade
De um cão no cio...
Ansiando cada dor
Farejando cada lágrima
E desejando cada suspiro.

Em mim desmistifica
Todas as utopias construídas em vão
Confunde-me
Como quem quer brincar
De maneira nada lúdica.
Só um desejo perverso.

Aquece-me em ópio amargo,
Extrai de mim o todo e o velho,
Banha-me em sua saliva
E esquece-me em folhas antigas

domingo, janeiro 14, 2007

CÂNONE BANANA

O que faz um cânone
Me faz banana
Não a de fedor poético, como em Gullar
Mas a rejeitada estranha
Tanto pelos gulosos de amor
Quanto por sedentos de academias
(Universitárias, mesmo, ginastas ou de letras)
Minha vitamina... de poesia
Não é ao branco do leite
É ao sangue da vida
.
^^^^^^^^^
Permitam-me comentar este poema, por favor: é mais um que escrevi na minha fase implicante com o que se vê publicado e valorizado em poesia por aí. Hoje já ando mais brando, mas reencontrei este poema e gostei, resolvi por à prova. Mas não sem deixar de comentar que muito felizmente queimei a língua essa semana ao comprar um livro de uma poeta totalmente contemporânea e reconhecida pela crítica, visto que o tal livro foi indicado ao Prêmio Portugal Telecom de Literatura. Estou falando da obra "Margem de Manobra" da Claudia Roquette-Pinto, é muito bom, em cada verso, recomendo fortemente.

sexta-feira, janeiro 12, 2007


Não tome meus olhos

O medo.

Dilate-os a esperança,

A sutileza da descoberta.

Se colírio fores,

Ao meu coração esteja aberto.

Se grãos de poeira ferina,

Reconheça-os sem alongar o tempo,

E renegue-os, com um sopro para longe.

Mas ainda,

Se brilho avistar

No sóbrio tom das íris

Insistes...

Faz-se enxergar por todo o meu corpo

E serás visão por toda a vida,

Reflexo em cada instante.


Patrícia Marques

Minha poeta-substituta, e convidada especial,
durante o mês de janeiro.


quinta-feira, janeiro 11, 2007

Num velho bar
coa vela
acesa
guardo
pra mar


Hoje, deixo aqui para vocês um poema de minha queridíssima amiga Elaine Lemos, que está aqui comigo no Rio, acompanhando todas as minhas presepadas!

Se quiserem prestigiar mais escritos dela, visitem:

Metade e Pedaço

quarta-feira, janeiro 10, 2007

A minha convidada está numa fase fantástica de sua vida. Pura energia, cheia de luz!!! Curtam bastante a Juliana Pestana, JuP como costumo chamá-la...
Ela escreve no delicioso
http://mendoscopia.blogspot.com/ !!!
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(H)A Luz

Há luz em toda parte
Um clarão ilumina o fim do túnel
Ofusca os olhos a beleza dessa estrada
O perfume que brota das flores reascende lembranças
Momentos nunca antes vividos
Mas que causam saudade

Cores múltiplas
Sensações únicas
Desejos e esperança se confundem e funde um ser único
Gigante pequenino
Pequeno ser tão grande
Grão de ouro luminoso
Revestido dessa energia
Magia divina que envolve
E recria cada dia dessa poesia

Toda a luz irradia
Magnífica com suas cores cintilantes
Esse perfume que eclode no universo
E chega a mim em devaneio delirante
Sonho acordado que ofusca e expande
Todo pensamento de amor
Irremediavelmente amor.

terça-feira, janeiro 09, 2007

[...]

poesia da pele
pálida pele preta
púrpura, praticamente pêra
pobre e popular, pura
pós-moderna, picassa
plesbiteriana e protestante
parâmetro
ponte entre paz e guerra
porta pra padre e pastor
poesia, partida da pele
de cor
pra pintor nenhum botar defeito



meu convidado é um misto. é amigo, sobrinho, parceiro. é poeta, observador. é bom de bola. é fotógrafo. futuro jornalista. seu verso é visceral. cotidiano, urbano, palpável. aqui vos apresento Leandro Ferreira, codinome Léo Pardo.

mais do mesmo em: www.trans-piracao.blogspot.com


segunda-feira, janeiro 08, 2007

Made in Japan :D

O manifesto literário em forma de quadrinhos é o que teremos. Quadrinho filosófico do meu convidado made in Japan ou seria Sampa?!
Com vocês o queridíssimo:
Toro!


domingo, janeiro 07, 2007

Advir (Há de vir)

(*Para San-chan, recordação de nosso primeiro encontro)

A dias adio
O dia
Odiado

Há dias de adeus
dias.. ao Diabo!

A dias adio,
Todos os dias,
O dia arredio,
O dia adiado.

Ah...

Há dias que adianto
Dias amados
Dias só teus
Dias ardidos
A ti dados.

Há dias
De ódio,
Há dias
De dia...

*Augusto Daue

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Amigos, leitores, poetas, blogueiros,
Nova semana de convidados, a primeira de 2007... confete! E o novo poeta do Orkut que quero lhes apresentar é o Augusto Daue. Descbri seu trabalho por acaso no orkut e foi um ótimo achado. É aquela poesia que sabe fazer filosofia mas que não sublima a rima. Alguns textos seus são proseados e ele me contou que atualmente está se aventurando por outros campos da escrita. Aguardemos, pois. Por enquanto, quem quiser aprofundar-se em seu saboroso trabalho deve visitar este tópico da comunidade Poemas e Poesias:
http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=87940&tid=2464615084584854399

sábado, janeiro 06, 2007

ABRIGO

Alguns, cercas eletrificadas
outros, arame farpado
alguns,
o mais moderno sistema de alarme
e carro blindado.

Equipe de monitoramento
localização por GPS
seguranças armados
até os dentes
câmeras gravando em VHS

milhares de sensores de presença
vigilância por satélite
todo mundo está seguro
todo mundo se protege

Eu?
eu me escondo
dentro de você!
Que lugar maravilhoso
pra se viver!

sexta-feira, janeiro 05, 2007

MARIA de TUDO

E era Maria a dona das rosas estampadas no vestido.
E era Maria a dona das rosas bordadas nas almofadas.
E era Maria a dona das rosas nos panos de prato.
E era Maria a dona das rosas nas cortinas do quarto.
E era Maria alérgica a rosas.

E era Maria a doceira da cidade.
E era Maria a fazer bolos.
E era Maria a fazer moles-marias.
E era Maria a adoçar festas.
E era Maria diabética.

E era Maria sempre sorriso.
E era Maria sorriso gentil.
E era Maria sorriso acanhado.
E era Maria sorriso gargalhado.
E era Maria triste.

E era Maria subindo a ladeira.
E era Maria a bufar.
E era Maria por debaixo dos peitos a suar.
E era Maria bunda a balançar.
Não era feia, era Maria.

E era Maria sol da tarde.
E era Maria noite e estrelas.
E era Maria canção do dia.
E era Maria humor pra toda sorte.
E era Maria sem norte.

E era Maria toda pudores
E era Maria toda calores
E era Maria terço na igreja.
E era Maria em cada cena.
E era Maria, na cama Madalena.

E era Maria.
E Maria era.
Do Inverno a primavera.
O que todo o mundo queria.
Até quando não sabia.

Patrícia Marques

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Férias!
Olá, pessoal!
Apresento-lhes minha querida amiga baiana, Patrícia Marques, que será minha poeta substituta durante o mês de Janeiro. E eu terei um breve descanso. Ando mal-humorada e sem inspiração. Me perdoem! ;)
Mas vocês terão a oportunidade de conhecer a poesia da Patita, como eu a chamo, pela qual sou fã. Se não fosse por ela, e por seus escritos no Patriciando (que infelizmente está desatualizado), eu não teria entrado nesse mundo blogueiro! Foi conhecendo a sua arte que provoquei-me a libertar a minha... Foi com Dona Patita que tudo começou! E estou muito feliz por ela ter aceito o meu convite.
Espero que gostem e até Fevereiro! :P
Beijos!


quinta-feira, janeiro 04, 2007

Imposto anual - meu poema de anonovo

Ano novo,
novas promessas,
novas dívidas...

Se nós mantivéssemos
nossa vontade
de
viver bem
nossa vida
em dia...

Viva o ano novo!
Vivam mais um ano!
Mais um pra pagar as dívidas!
Vivamos!
Vamos
viver bem
nossa vida...

Em dias!

Feliz dia novo!

quarta-feira, janeiro 03, 2007

É de novo um novo ano.
E nesse primeiro dia,
acordei sem a pressa.
Lembrei que não fiz
as promessas à beça
porque perdi aquela
vontade de ser igual.
Tomei um banho-de-valentia,
vesti o meu melhor tempo.
O pontual chegou e
eu-esponja, pronta
pra sorver esse destino
que vem aos pedaços.
A continuação vertendo
todas as possibilidades...

terça-feira, janeiro 02, 2007

admirável ano novo

o ano é novo,
e o verbo amar:
ame você,
ame alguém,
ame outro ser,
aqui, mais além.
ame amar,
e onde há mar
tão bem.
ame a noite,
todo dia,
antes que seja tarde.
ame hoje, amanhã,
de norte a sul,
de céu ao léu,
com mais verdade.
ame Cabul, Israel,
ame aqui e acolá,
Istambul, Jerusalém,
Tel Aviv, Bagdá.
ame com fome,
com força,
ame com sede,
ame sem medo,
e todo anjo dirá amém.
ame Teerã, ame Saigon,
e Amsterdã também.

segunda-feira, janeiro 01, 2007

...

E ele chegou
Devastou tudo
Tirou tudo do lugar
Bagunça.

Trouxe um cheiro
Um gosto amargo
Pisava forte
Medo.

Apresentou-se
Contou sua história
E seus porquês.
Realidade.

Chama-se idade
Não faz caridade e
Deu-me um espelho
Nudez.