quarta-feira, abril 30, 2008

em diante

eu quero de você
a distância necessária
e o nexo esquecido
sem meias e mentiras
quero o não
e sim talvez
a mala pronta
e minhas gavetas fechadas.

terça-feira, abril 29, 2008

Las Ruinas

São boas as ruínas,
nos dão certezas
também evanescentes:
há lua muito antes
do sol poente.


Abril de 2008
(da série Poemas Porteños)

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Andei sumido, mas passo por aqui
ao passo do caminho que ainda sigo,
atualizei a semana de convidados
com um poema do
porteño Borges.

segunda-feira, abril 28, 2008

gênio do crime

Era a celebração da paz
mas assim, sem mas
as nações apenas
reiteraram seu ódio
com uma branca revoada
de pombas-relógio.

domingo, abril 27, 2008

De todos os desejos

Eu só queria entender...

Ou aprender a viver
sem querer entender nada!

Um dos dois!

sábado, abril 26, 2008

O Mundo da Paco

Conheço há pouco tempo a Paco, mas certamente tempo suficiente para me apaixonar pelo estilo maravilhosamente único dessa moça.
Acompanhem aqui: http://omundopolemicodapaco.blogspot.com/.

E um tiquinho dela aqui:

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O Menestrel, a Solidão e Eu.

Eu te digo não
E você me puxa pelo espírito e ensaia uma valsa sem música
Eu te digo não
E você desenha cores de flores que nunca vi
Eu te digo não
E você sorri “Tudo bem” com a grandeza de um moleque empinando pipa
Eu te digo não, e fujo a cavalo
E você ri. Ele sempre foge na sua direção.
*********************************************

sexta-feira, abril 25, 2008

mais valia

não vale
encontro com olhar solto

não vale
silêncio sem paz no peito

não vale
conversa em linha reta

não vale
abraço se o calor é escasso

não vale
mergulho profundo
quando o amor é raso

Sabrina

~~~~~~

Minha convidada é dona de um belo blog que conheci há pouco tempo, mas que já adoro. Sua escrita é delicada e cheia de suspiros!

Conheçam mais da Sabrina aqui: S u s p i r o


:)

quinta-feira, abril 24, 2008

no máximo o mínimo

Vem d´Além mar a minha convidada. Ana Oliveira, codinome Hemisfério Norte. Chegou por aqui, e logo percebi o seu gosto pela nossa poesia, e também a assiduidade de suas visitas, seus comentários. Assim, em visita ao seu blog, não foi difícil gostar do estilo, logo eu, admirador que sou do máximo no mínimo; dei de cara com seu bom gosto em forma poetrix. Então, por admirá-la e para agradecer o seu carinho para com a nossa casa, a trago aqui para que traguemos da sua poética.



as horas

em três tempos,
virgínia woolf
suicida-se.


suicídio

saltou para o abismo
em sombra.
continuou a janta



mau sonho.
a corda
e inerte baloiça


cordilheira

entre o mar e eu,
tento escrever.
subo a cadeira


o peso dos metais

o silêncio é ouro
quando não dói.
se chumbo, destrói.



obrigado, Ana!

mais aqui: http://ensaioscomcheiro.blogspot.com/

ou aqui: http://miniminimos.blogspot.com/


ps: um agradecimento extraordinário a nossa leitora Márcia que está sempre por aqui, e como não deve ter blog: muito obrigado, viu!

quarta-feira, abril 23, 2008

Domingo Qualquer

Manhã cinzenta de domingo,
muito verso e pouco siso.
Nove derradeiras horas
e ainda nenhum riso.



Meu convidado especial chama-se Pedro. Tem uma poesia peculiar e única. Em seu blog vocês poderão conhecê-lo melhor.


Mais de Pedro aqui: http://desinencial.blogspot.com


Abraços.

terça-feira, abril 22, 2008

JAMES JOYCE*

(do livro Elogio da Sombra)

Em um dia do homem estão os dias
do tempo, desde aquele inconcebível
dia inicial do tempo, em que um terrível
Deus estabeleceu os dias e agonias,
até esse outro em que o onipresente rio
do tempo terreno retorne à sua fonte,
que é o Eterno, e que se apague no presente,
o futuro, o ontem, o que agora é meu.
Entre a aurora e a noite está a história
universal. Da noite vejo
a meus pés os caminhos do hebreu,
Cartago aniquilada, Inferno e Glória.
Dai-me, Senhor, coragem e alegria
para escalar o cume deste dia.

J. L. Borges.

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Por motivos de viagem e imenso atraso, passo
por aqui a preencher meu espaço com um ilustre
convidado: Borges. Inauguro, assim, aqui e no meu
blog uma temporada de Poemas Porteños

* A tradução é minha.

segunda-feira, abril 21, 2008

Muitos de vocês já conhecem a lubi, e se não conhece já estava mais do que na hora,
afinal, ela é a menina do eterno coração na boca. aproveitem.

fui-me antes que o início tecesse a si mesmo
você disse e
eu calei que não sabia mudar meu não-estar

e o início já era o fim
como os mares
que minhas lágrimas não pingam

esses olhos secos
pela cegueira da poeira do encanto
que liberta[-se]
[d]o que invadiu
num instante tão fugidio
num piscar de olhos
dos moços anônimos
do tempo
dos seus
que eram meus e que já não são

e já não são a mesma nota nossas vozes
e não são uma nossas carnes
nossas almas
agora
faltando metade
que é você
e
não sou eu

meu coração
canta adeus porque acabou
eu continuo
e verão
[quem não sei e quem não sou]
o que se dá de

mim

[inabitada]

meu coração
conta a deus que acabou
sem crer e continua pulsando intenso
enquanto
tento
trans[cre]ver
o fim

o fim imposto
que verso
sem querer
renegando cada linha
que se faz nó na minha mão

sejamos nós atados com a vida que resta ainda
[sejamos razoáveis, ao menos]

e deixa

a solidão
talvez
já me acostumou
já se acostumou com meu ser só
[estado]
mas você ainda vai sentar
e esperar o amor que virá
e que não foi eu

meu coração despede-se
despedaça-se
sem sangrar:
adeus amor
meu

domingo, abril 20, 2008

Queria ser...

Para abrir mais uma Semana de Convidados, eu trago um escrito de Fernanda Paz! Mocinha campineira de uma maturidade que me impressiona, e uma visão-de-mundo que por vezes se mostra chocante - mas que muitos podem identificar como a mais verdadeira -, escreve coisas que me atingem com força, sempre. (Sou fã dessa menina!)

Apreciem!

Queria ser o que te instiga a vida
e não te prende ao esmo ininterrupto.
Queria ser teu empurrão
às tuas próprias envergaduras
ao teu centro
e ao teu apêndice
para apalpares em ti o que é humano
e sentires em ti
o que transcende.

Queria ser a brisa do teu jardim
a que antecede a chuva
que molhará as roupas no varal.
Queria refrescar teu rosto vermelho
acalmar os teus brinquedos
brotar no teu quintal.

Queria ser uma essência rara
de um livro que lês.
uma palavra de Clarice
invadindo teu peito
explodindo tuas veias
e por fim dormir nos teus glóbulos brancos.

Queria ser teus cílios-
a passarela longa
da tua visão
ao meu espírito -

Mas só sei mesmo do que sou
sou o que te ama
e que não tem maior fronteira
que me impeça de dizer
que isso já me basta:
- sou tudo o que eu queria ser.



Confiram mais escritos dessa moça aqui: http://animalsentimental.wordpress.com/

=)

sábado, abril 19, 2008

Epílogo

E então o que era amor
deixara de o ser.
Violência em suas reações.

E numa rima paupérrima com dor,
principiou a perecer
o paraíso perdido das paixões.

Truques baratos foram tentados.
Mas não iludem mais.
E o que era ponte tornou-se cais.


E então o que era amor
já não era mais.
E o acaso se instalou.

Sem rima, sem ritmo, sem refrão,
sem algo de substanciação.
Sem dança, sem rock'n roll.

Tudo o que podiam foi tentado.
Mas não adianta mais.
Melhor descansar em paz...

sexta-feira, abril 18, 2008

cão sem dono

você olha pra mim
com essa carinha
de cachorro abandonado

só falta abanar o rabo
e a única coisa que penso é
você bem que poderia se fingir de morto

quinta-feira, abril 17, 2008

confissão de febre

lamber tua pele
quem me dera
provar do teu doce
saber o sabor
do teu licor
quem dera fosse

quem me dera

flor

quarta-feira, abril 16, 2008

dano


deixa jorrar!
paixão nova é assim
que nem cano estourado
acaba em prejuízo.

terça-feira, abril 15, 2008

Todo poema

Todo poema deve,
por humildade,
ser alcançável.
Ou talvez mais,
oferecido.

Todo poema precisa
ser um tanto táctil
ou holográfico.
Ou amassável, mesmo
que seja rígido.

Todo poema, mesmo
que do umbigo,
não pode ser protegido.
Ao ponto de esconder-se,
que deixe ângulo visto.

Nenhum poema necessita
ser em nada como todos
os outros, mas como todos,
os outros necessita.

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Amigos, por isso convoco-os
ao lançamento do meu livro
todas as vozes cantam
hoje, às 20h, no bar Da Graça,
no Jardim Botânico. Mais aqui.
Aos que não puderem, peçam nas livrarias.
Aos que não puderem, encomendem.
Aos que não puderem, tudo bem também.
:)

segunda-feira, abril 14, 2008

verdades.

ignore as aparências.
as pessoas são sempre
um tiquinho mais frágeis
do que a gente pensa.

sábado, abril 12, 2008

Bode Count

Trinta e poucos anos...
mais perto dos trinta
que dos quarenta, salvo engano.

Uns tantos tropeços bobos.
Uma fama - imaginem! - de louco.
Uns ainda poucos cabelos brancos.

Infância veio e se foi.
Adolescência veio e se foi.
Sobraram-me feijões mexicanos.

Passada a era dos sonhos,
restam, ainda, risonhos,
planos de fuga y camiños lejanos!

sexta-feira, abril 11, 2008

sensatez

você merece o chute
mas fiz minhas unhas hoje
eu não mereço o risco

então fica
e me faz uma massagem

quinta-feira, abril 10, 2008

grãos ao alto


Somos o que somamos,
mil danos por ano.
Somos somenos,
grandes pequenos.

Somamos bem mais
que menos;
dores a mais,
danos amenos,

E se não amamos,
salvo engano,
eis o que somos:

Nem Mars, nem Vênus.

quarta-feira, abril 09, 2008

de olhos bem abertos

meus olhos vêem coisas
quase que psicografam memórias
claras e provocadoras
ficam a rondar-me
feito curumins encantados
luzes, lágrimas e sentidos
a rodar e rodar
...
fecho os olhos
encerro a sessão
volto a viver.

terça-feira, abril 08, 2008

(Nem tão João Cabral, mas em homenagem ao tal)

Quando a faca é só lâmina,
nem o bom poema
(desfeito do melodrama)
a trama anima
ou a rima ajeita:

é a conseqüência d'alma
(ou d'uma dama)
feito corte.


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* Amigos, em uma semana lanço meu livro, confiram aqui.

segunda-feira, abril 07, 2008

é, coraçãozinho doce...

Repare bem
Já não se escuta mais
Gente se chamando de meu doce
Honey, sweetheart
Essas coisas de casais
Nesses tempos de adoçante
Que já dizem bem na caixa:
Prazer sem culpa.
Essas coisas de amantes.

domingo, abril 06, 2008

1 / 10.000.000

Se você estivesse aqui
ao meu lado
pra somar
10.000.000 não teriam importância nenhuma
Seríamos 2 inteiros

Agora que me vejo só
1

entre
10.000.000
a proporção é bem píor

sábado, abril 05, 2008

Passeio

Adoro essas cidades feitas de nuvens
e seus belos arranjos.
Mas por elas não se pode andar.
A não ser que se seja anjo.

No pavimento branco refletiu-se
o branco-azul do firmamento.
As mãos se soltaram
e os olhos sorriram
a imensidão do momento.

Adoro esses espaços feitos vazios
e sua eternidade.
Mas poe eles não se pode voar.
A não ser que se seja saudade.

quinta-feira, abril 03, 2008

fogueira ou não queira

viver é fogo lento,
coisa que não pede pressa,
leva muito tempo.

viver muito me interessa,
coisa a que me sujeito,
e pago o preço,

até que a morte
nos depare,

mera mudança
de endereço.

quarta-feira, abril 02, 2008

ode ao casamento

Olha, eu te amo tanto
Que esqueci o quanto
Era bom estar apaixonada por você...

terça-feira, abril 01, 2008

Moderno moderno

O poeta moderno,
moderno literalmente,
faz do bloco de notas
do celular seu caderno.