sexta-feira, dezembro 31, 2010

felizcidades



nas pontas
da ponte aérea
se equilibram
o laço e nós

pelas pontas
se estendem
- um pouco mais
de tempo - a ponte
a atra-versar

entre nós
o ponto
con-ver-gente,
uma certeza
a despontar

do mar à garoa
você & eu, um nó
de pontas prontas
pra juntar

quinta-feira, dezembro 30, 2010

O ano termina estranho
em suas definições e distâncias.

( O desamparo da figueira sobre o riacho,
como personagem que chora
por seu único amor perdido, me lembra como é fácil cair.
Eu, que tinha tanta certeza
quando prometi meu mundo a você. )

Poucas e brilhantes estrelas.
Algumas não quiseram ser perdidas, e permanecem sempre.
Outras quiseram.
Agora arder um pouco mais forte. To burn a little brighter.

Ah, é linda a estrada, e vai dar no mar.

quarta-feira, dezembro 29, 2010

Eu te beijaria até esta música acabar
Eu te cantaria até o último suspiro do sol que se põe
como estar de frente para você
fosse observar toda a minha saudade

Eu te beijaria até esta música acabar
para que nós pudéssemos, enfim, sorrir
enquanto todos passam lentamente por nós
e eu te estenderia meus infinitos braços

Até esta música acabar, eu sou só coração
marcando as páginas do seu livro preferido
que você dorme e o encosta em seu peito

Enquanto todas as nossas músicas tocam
você é o movimento do acorde mais bonito
que viverá para sempre nos meus ouvidos

domingo, dezembro 26, 2010

Davi viu a uva?

Davi,
Queria te fazer um poema
Pra te falar sobre a chuva, e pronto...
Mas que problema!
Toda rima que encontro
Não tem nada a ver com o tema!

Por exemplo:
Chuva rima com uva,
Mas chupar uva na chuva
Não dá!
É perigoso engasgar!

Rima também com Catanduva
Mas nem posso tentar,
Nem conheço esse lugar!

Chuva rima ainda com luva
Mas nem mesmo isso se encaixa,
Pois ficamos horríveis na chuva
De galocha e luva de borracha!

Acho que vou pegar emprestado
O finalzinho do nome da mamãe: Patrícia!
Pois a uva, huuummmm, rima com delícia!
Assim te digo:
Enquanto olho o céu
Com lua e estrelas
Sei que estas se agitam em fases,
Bem aqui,
Como a iluminar o caminho
Que leva a nós.

E a cada dia,
Hora, minuto,
Te sinto no meu caminho
Como uma rosa
Que se destaca no rosal.

E te encontro,
Encontro a mim,
Que não somos mais que um
Roçando o meu amor no seu amor
Como que a correr o sangue
No meu corpo
Sem deixar o seu.

sábado, dezembro 25, 2010

argos

Te procurei com mil olhos

novecentos e noventa e oito, inventados

te procurei com olhos que eu não tinha

retive miragens na retina

encontrei só o que se desfazia ao primeiro roçar de mãos.

Deixei cair mil olhos.

Mentira, guardei dois,

fechados pra mais tarde.

Livre de imagens para ficar em paz

livre de imagens pra caminhar sem pressa

e aí: você

o que é pra ser a gente acha

até quando tropeça.

quarta-feira, dezembro 22, 2010

Existem algumas coisas que eu quero para minha vida
mas, em todas elas, você é o denominador comum.

Acho que essa é única matemática bonita que eu conheço.

sexta-feira, dezembro 17, 2010

cariocatura



levei um tempo
pr'assimilar ipanema
gostar de copa
demorou mais

a meninice incompreendia
um charme decadente
fácil de apegar
ali no centro
nevrálgico o tumulto
e um saudosismo capital,
de fazer & dissimular invejas

a cartãopostalzice
comove controversa
a paisagem disponível
não se oferece, paira
esfíngica um tanto irreal
demorosa de tragar

chega mediada pela tv,
via baldiação no estácio
vezenquando em botafogo
- paixão fácil,
intermédio aprendizado
em direção à zona sul -

suas vilas cinemas de rua
evocam infância,
mesmo sem senhorinhas
com cadeiras na calçada
e o calorinfernal
matado a banho de mangueira

mais fácil deslizar
pelas entranhas ranhuras
recendendo mijo
nas calçadas trôpegas

gostar-te assim, na trilha
de entraves te aprender
intuída pela guanabara noturna
- aporta - as luzes saudam

aproximo rabo de olho
mei fatal mei fingida,
pela orla mal-e-mol-ente
me bate nostálgica suburbanice

despertencer me apetece
pela tangente, visitabitante tua
outsider residente

quinta-feira, dezembro 16, 2010


O sol se põe em ângulos estranhos nesses meados da vida.
As coisas e seus diferentes horizontes.
Só as estrelas são sempre as mesmas.
E vai sendo assim; quando acho que algo faz sentido,
não desisto por causa de algumas noites ruins.
Um pedaço de sonho ainda é estar sonhando.
Eu não tenho as ferramentas ideais, vou tentando sempre desajeitado,
mas consertar a gente
ainda vale a pena.
Duas horas são como dois minutos
quando fechamos os olhos e as lembranças sorriem.
Quem precisa de holofotes quando a lua está á disposição ?
Talvez eu possa viver melhor sem seus problemas me enchendo a cabeça,
mas eu prefiro viver pior a não estar a seu lado.

quarta-feira, dezembro 15, 2010

Eu não vou escrever sobre você.
O que eu quero te dizer está nos meus olhos
e não na minha boca
ou na ponta dos meus dedos

E não há outra maneira de fazê-lo;
é só pelos meus olhos que você me entenderá
é só pelos caminhos que eu sigo com meus olhos
que você me verá descrevendo o que mora no coração
no ar que está acima de nossas cabeças

É com nosso conhecido pacto do silêncio
assoviando mais alto que o vento pela eira
que você entenderá meu argumento
pois não há tal silêncio no mundo
que diga tanto o que eu quero te dizer

Hoje eu não vou te escrever sobre você
porque só meus olhos poderão falar
o que sou quando você é

(Luiz Guilherme Amaral)

terça-feira, dezembro 14, 2010

(a)temporal

É tempo de distrair tempestades
E vislumbrar imagens invisíveis
Tempo de esquecer amores impossíveis
E deixar a vida (só) correr

segunda-feira, dezembro 13, 2010

sexta-feira, dezembro 10, 2010

desaparição

Saí sem saco para DR de relação que não há.
curtia ideia de um afeto sem regrinha,
indefinição que em tudo (ou nada)
poderia dar

e não dei.
silenciosa, ouvi o corpo e fuimembora.


Stephanie Borges



Stephanie, assim como várias mulheres e as bonecas russas, parece uma só, mas tem várias dentro de si - por isso mantém o blog a pequena matrioska. A partir desta semana, Stephie cobre as sextas feiras no lugar de Lubi Prates até que moça do coração na boca possa retomar os dias de vênus.

quarta-feira, dezembro 08, 2010

Foi passeando pelas luzes que entrecortavam os agudos sonoros que você, por um minuto, ficou imóvel. Mas foi por aquele carnaval que você se mostou mais flor do que espinho, pois não havia nada que te faria vacilar e, talvez, não experimentar uma nova possibilidade de ser feliz. Esta, aliás, que você insiste em chancelar com as suas palavras sempre ornamentadas, quando me chama a atenção para alguma coisa que é sempre menos bela que uma borboleta, aquela mesma que quando você vê, rodopia mais rápido que o vento e volta a ser criança, ainda exibindo trancinhas. E qual é a sua cor? E qual é sabor que ainda fica na sua boca? E quantos planos ainda teremos para atravessarmos toda a história que nos reserva? Eu deixei de me lamentar pela ausência do calor no peito quando você me disse que as notas que soam em você são as mesmas que soam em mim, e que, de manhã, você gosta de abrir a cortina, ainda que não tenha a menor paciência em começar um dia. Um dia eu vou escrever na porta do seu armário meu poema favorito, assim, sempre que você abri-la, vai esquecer a roupa que quer vestir porque você novamente ficará imóvel pensando em como a gente dá tão certo junto. E você sabe que isso é verdade, senão não teríamos tantas palavras em comum no nosso cotidiano.

domingo, dezembro 05, 2010



Nosso último olhar
O mundo parou
Fitou-nos atentamente
Observou a lágrima
O movimento de adeus
Respirou fundo
E deu de ombros

Ainda há muito para girar



sábado, dezembro 04, 2010

Anoitecer com sol:

o calor entre um

e outro lençol

sexta-feira, dezembro 03, 2010

para Juliana Brandão


dói e ponto
não
dói vírgula mas
o tempo curará

- eu mesma.

quinta-feira, dezembro 02, 2010


Eu lembro de quando era o soldado disposto a lutar em terra estrangeira.
O caçador que trazia alimento das matas, para você.
O destino do meu tempo era procurar
atrás dos seus olhos
as coisas felizes.
É duro imaginar que logo virá alguém mais
para te convencer
de que fui apenas outra mentira.

quarta-feira, dezembro 01, 2010

Pode ficar tranquila, meu bem
que nesse vai e vem
sobra só a gente
e mais ninguém.

(Luiz Guilherme Amaral)