sábado, maio 31, 2008

Paparazzi

Nããããoooooo!!!!!!!!!
Paparazzi não!!!!!!!!!
Quero, sim, o dinheiro,
vida boa o tempo inteiro,
carros, mimos, mulheres,
jantar de dois mil talheres
e os gritos da multidão.
Mas não quero a super-exposição!

Ninguém mais pode ganhar em paz seu milhão?

quinta-feira, maio 29, 2008

terça-feira, maio 27, 2008

Extrañamientos

1.
Não estou só quando
tenho meu papel
para o diálogo frio,
ou quando a esperança,
ou o medo de que não venha
a mudança tão cedo:
ando atrás da nossa lenha.

2.
Comi as empanadas,
as janelas, as vantagens,
até as calçadas, largas
avenidas, curtos alívios
da fome de ti, querida.

3.
São os meus silêncios, amor,
que me lembram teu dezembro,
trazendo em calafrios a estação
que não me sai do pensamento:
você, a quem meus olhos
ainda verão.

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Abril de 2008
(da série Poemas Porteños)

domingo, maio 25, 2008

Decadente*

D e s e s t a b i l i z a d o
 I m p o s s i b i l i t a d o
E s q u i z o f r ê n i c o
 I r r e s p o n s á v e l
E s c l e r o s a d o
 E s t u p o r a d o
D e b i l i t a d o
 F r e n é t i c o
E s q u i s i t o
 R i d í c u l o
C h a t e a d o
 D e t o n a d o
E s g o t a d o
 C a n s a d o
E x a u s t o
 S ô f r e g o
T r ô p e g o
 H u m a n o
B ê b a d o
 I m u n d o
T o r p e
 M u n d o
P o r c o
 M o r t o
 A c a b a
T u d o
 P i o r
N a d a
 S i m
F i m
 N ã o
 S ó
 Eu


escrito em 6 de julho de 2004

sábado, maio 24, 2008

Em Obras

Desculpe-me o transtorno.
Estou sendo feito,
saindo do forno.

Estamos em reforma
para melhor atendê-los.
Vida desenrolando-se
em novelos.

Mais aguns instantes
e entraremos no ar.
Resta saber o que tocar.

Estamos em obra
por tempo indeterminado.
Sou meu próprio canteiro
de obras, interditado.

Desculpe-me a chateação.
Agora é a poeira,
mas é assim uma construção.

Vai valer o sacrifício.
Depois de tanto incômodo,
ficam os benefícios.

quinta-feira, maio 22, 2008

o risco de francisco

que as águas de março
lavem as mágoas do Velho Chico;

se é verdade que o rio vai,
digam ao bispo que fico.




terça-feira, maio 20, 2008

Otros aires

Borbulha o gás da água
e da rua, que reflete-

se em meu copo.
A beberia a ver

o que veria, mas já não
me compete o que haveria
no ontem e mais à frente.
Além da via daquela noite,

que não segui,
e alheia a mim
foi-te.

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Abril de 2008
(da série Poemas Porteños)

segunda-feira, maio 19, 2008

(one night stand)

se não estamos dividindo saliva
ele está
cuspindo clichês.

domingo, maio 18, 2008

Olho em minha volta
Em minha vida
e...

Tudo
parece
fracasso

O que é que eu faço agora?
Dou meia-volta?
Vivo meia-vida?

É duro de admitir
que se viveu pela metade
a vida inteira...

Tudo
parece
fracasso

sábado, maio 17, 2008

Silêncio

Hoje não tem poesia.
Pois hoje
não quero anestesia.
Hoje quero a dor inteira
pra me lembrar
das minhas asneiras.
Hoje não quero paz
nem fantasia.
Por isso hoje
não tem poesia.

quinta-feira, maio 15, 2008

das ironias

a cirurgia plástica,
coisa infeliz:

arrancam-se
os olhos da cara

para se corrigir
um nariz.


queridos amigos, estarei lançando amanhã O avesso e o verso, meu livro. vontade sem tamanho de trazer todas as cabeças, pero, bem sei que estarão presentes. portanto, a quem for/estiver em Recife: Riachuelo, 267, Boa vista. 18:32h. grato e feliz! pedidos: oavessoeoverso@terra.com.br



quarta-feira, maio 14, 2008

ode ao casamento II


seu gemido
(peculiar)
todas as manhãs
me desperta
mas é fome
e não tesão...

terça-feira, maio 13, 2008

Jardín Japonés: Un Día de Abaporu

Apesar de Japonês
o Jardim (não eu,
o ponto turístico de Buenos Aires)
lembrou-me minha natal Copacabana:

aquelas bocas pedintes
de peixes, como meninos,
contrangendo-me à despeito da paisagem.

Antes havia eu visto Tarsila,
a Viajeira,
justo num museu da Argentina,
pela primeira vez.

Era novamente outro eu ali,
nem brasileiro sendo: mais
um Jardim estrangeiro
pelos dias que vivi.

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Abril de 2008
(da série Poemas Porteños)

segunda-feira, maio 12, 2008

das tragédias

Na desertidão abafada
No silêncio suspenso
do depois da catástrofe

Vê:
a silhueta ao longe
o poeta ainda anda
por entre os escombros
se abaixa
cata estrofes
e vai se curvando
com seu peso nos ombros

domingo, maio 11, 2008

sábado, maio 10, 2008

Andam à luz...

Um cão nunca ladra só.
Há sempre algo de co-
operação com seus pares.

Um inicia o processo
e logo outro, possesso,
imita-lhe os ladrares.

Então outro se anima
e forma-se essa linha
ligando-se todos os lares,

invadindo-me os sonhos,
assaltando-me o sono,
tornando areia os ares.

Logo ladra o mundo inteiro,
de janeiro a janeiro,
vinte e quatro horas por dia.
E eu, insone agonia.

Cães, não tem o que fazer?
Acaso dormem de dia
pra roubarem-me a noite?

Ah, quem me dera deter
o poder de alforria
sobre milhares de açoites...

Daí, então - cães - teria,
motivo de alegria
ao destroçar-lhes o lombo.

E, feliz com meu dormir,
ouviria-os ganir
de dor, enquanto meu sono
beija-me em doce abandono.

quinta-feira, maio 08, 2008

papel passado

houve um tempo
em que nossas lembranças
eram incríveis,
lembrávamos um do outro,
éramos infalíveis.

hoje a nossa memória
anda carente de indícios,
as cartas que um dia trocamos
não passam de vestígios
fenícios.

quarta-feira, maio 07, 2008

fato

meu sentir não cabe aqui
em mera grafia
talvez em ti
na ausência de sintonia

terça-feira, maio 06, 2008

El Árbol

Estável
como o movimento
dos carros que tentam contra a via,
a árvore
- em suas folhas, crescendo sempre -
abraça o bocado de vento,
dando sombra a alguns
e luz ao pensamento.

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Abril de 2008
(da série Poemas Porteños)

segunda-feira, maio 05, 2008

araçá blues 2

poema antigo, lá do outro blog, mas é que deu saudades.

Há algo de belo que emana
do solo profano
de Araçariguama
(talvez a falta de planos
ou talvez seja só
o cheiro da grama)

Mas não.

É sede
de conversa e de rede
de quatro paredes
de umas latas de brahma

ah :)

eu queria ser feliz assim
pelo menos uma vez por semana.

domingo, maio 04, 2008

É a festa da torcida campeã

A favor
do time vencedor
se juntou quem pôde

E o Respeito não conseguiu entrar
de novo...
É... Muita gente ficou de fora...

Quem é das organizadas, sabe bem:
compensa mais é ficar à margem

Pois nessa hora
que a margem
vira mar
todo o resto se afoga

Nessa hora, é a lei da Natureza quem manda

E não há batalhão que faça
essa massa
parar...

sábado, maio 03, 2008

Partida (Chegada)

Estou aqui.
Novamente.
E lhe trouxe de presente
um poema pueril
pra perfumar o teu dia
e iluminar o fim de abril.

Trouxe um abraço da saudade,
desses que vêm tarde,
quando a gente já quase morre.
Vem buscar, corre.

Trouxe um cheiro de avião,
um carinho em cada mão
e um pouco da poeira de longe.
Trouxe um beijo de chegada
e outro que já se esconde.
(despedida...)
Trouxe um ou dois pedaços de vida
escolhidos entre o pouco de mim que restou.
Trouxe o refrão da tua música preferida
e o meu medo de vou.

sexta-feira, maio 02, 2008

origami

nem sempre somos
o que queremos ser.

um dia,
   pássaros.
um dia,
   papel amassado
                no chão.

[somos as dobraduras da vida]

quinta-feira, maio 01, 2008

jaz mim

há quem chame
de dilema,
o que eu
chamo solidão,

isso de transformar
dor em dor,
chão em
chão.