Um cão nunca ladra só.
Há sempre algo de co-
operação com seus pares.
Um inicia o processo
e logo outro, possesso,
imita-lhe os ladrares.
Então outro se anima
e forma-se essa linha
ligando-se todos os lares,
invadindo-me os sonhos,
assaltando-me o sono,
tornando areia os ares.
Logo ladra o mundo inteiro,
de janeiro a janeiro,
vinte e quatro horas por dia.
E eu, insone agonia.
Cães, não tem o que fazer?
Acaso dormem de dia
pra roubarem-me a noite?
Ah, quem me dera deter
o poder de alforria
sobre milhares de açoites...
Daí, então - cães - teria,
motivo de alegria
ao destroçar-lhes o lombo.
E, feliz com meu dormir,
ouviria-os ganir
de dor, enquanto meu sono
beija-me em doce abandono.
5 comentários:
Ahahahaha! Eu estou imaginando a cena aue lhe inspirou esses versos!
eu tbm! hahahhahaa...
esse Moá...
dos bão.
[]´s
versão deliciosamente pop-canina do "galo tece a manhã" do J. Cabral de M.N.! ótimo!
abs
Jardineiro
Caramba, Jardim, nenhuma referência jamais lhe passou despercebida! Antenas ligadíssimas as suas!
Além de ser um maravilhoso poeta, é o letor dos sonhos de qualquer escritor! rssss...
Fantastic!
Beijo, amor.
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