terça-feira, dezembro 19, 2006

a dor é ser

cedo ou tarde,
toda dor
há de fazer alarde.
no meio da noite,
no meio da rua,
numa tarde
sob qualquer lua,
vem a dor nos mostrar
que a carne é fraca,
que a luz é pouca,
e toda tentativa
de fuga é louca.
cedo ou tarde,
toda dor
há de fazer alarde.
e de nada adianta
dar de ombros,
andar em círculos,
deixar os escombros
à mercê do ridículo.
de nada adianta
lá pelas tantas,
lapelas tontas de flor,
esse nó no sapato,
esse nó na garganta,
aquele adeus de amor.
de nada adianta
chegar atrasado,
sair de cena
com o teatro lotado,
fugir pruma ilha,
pequena,
cercada de sonhos
por todos os lados.
de nada adianta
nadar, nadar,
pois, à dor
nada incomoda.
perca o seu medo,
antes que seja cedo,
porque doer,
nunca sai de moda.

10 comentários:

Juliana Pimentel Pestana disse...

porque a dor faz parte do ser e é inevitável senti-la para viver
e porque você transforma qualquer sentimento em arte

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Bjos meus

Eu* disse...

Linnnnnndddddoooooooo!!!!!!!
a dor, a vida...
bj!

Leandro Jardim disse...

Belíssimo!

Anônimo disse...

Tão belo, Múcio!

Tão forte , intenso e belo...

Beijos

Anônimo disse...

"..fugir pruma ilha,
pequena,
cercada de sonhos..."

caramba, meu, isso tá muito lindo!!!

dose letal de melancolia!!

A czarina das quinquilharias disse...

nem o preto nem a dor. a moda vê beleza nas coisas tristes ...
bjo!!

Anônimo disse...

lá pelas e lapelas...
que inveja que me deu! rs...

Anônimo disse...

Vc e sua excelência.

Belíssimo.

Um beijo.

Sandra Regina disse...

Brilhante desfecho:"doer nunca sai de moda"!!! Nem preciso dizer o quanto gostei disso!!... beijos

Luana disse...

Dor de doer de dia e de noite...

Um beijo.
:)