segunda-feira, novembro 09, 2009

tostão furado, bolso idem

Eu, que não usava roupas até os 18 anos
(calma, crianças, easy on the imagination
não deixem emergir as imagens
de mim correndo com os lobos,
pubianos ao vento)
eu, que não usava roupas até os 18 anos
por que vivia só de uniforme
e moletão aos fins de semana
eu que uso óculos e mal e mal fiz escova em datas comemorativas
eu que uso chinelo e pijama o sábado inteiro
vejo despontar em mim
tardiamente como um dente novo
o monstrinho do consumismo.

E me parece inevitável.

Suspiro.
Vinde a mim as sacolinhas.

6 comentários:

Eduardo Trindade disse...

Ah!...
Anos de consumismo reprimido... Que medo! Não me convida para passear no shopping!
(E pedir para não evocar as imagens... Covardia, né?)
Enfim: delicioso poema, vale bem mais que um tostão...
Abraço!

J.F. de Souza disse...

(Crianças nao conseguem assimilar o "nao" - nao sei se você sabe...) :P

Eu, gastador compulsivo que sou, nem vou dizer nada.

=*

Marcos Côrtes disse...

Confesso que me decepcionei com a resolução do eu poético...

esperava que ele entrasse em individuação, parasse de usar o que os pais e escola mandam e passasse a ter uma personalidade.

A resolução dada ele não cresceu, regrediu, já que agora entra nas normais sociais da moda para poder se sentir inserido socialmente.

Não sei se falei besteira, mas foi o que senti.

Marina disse...

esse monstrinho é perigoso! tenho meeedo!

:**

Leandro Jardim disse...

=] hehe, diliça!

moacircaetano disse...

sem mistificações e sem divagações: a poesia vive ao mesmo tempo no sol, no amor e nas sacolinhas, porque não?
Beijos!!!!!!!!!!