Confessei para meus botões que tenho um beijo escondido debaixo do meu travesseiro. Contei também que chegaria um dia em que eu escreveria mais poesias por seu corpo do que poderia haver em uma antologia. Meus botões, coitados, nem imaginam do que se trata. É porque eu te cubro com tantas cores e você já não faz mais parte deste universo, como se para te encontrar fosse preciso construir um solário e rezar uma meia dúzia de mantras bonitinhos. Quando imagino que você vai se pendurar no meu pescoço, bato palmas para aquecer as mãos porque eu quero que você ocupe o maior espaço possível. Mas, quando eu também imagino que existe uma pequena distância entre meus sonhos e a realidade que nos é, então eu já começo a me preparar para ficar quieto ouvindo Billy Holiday bem baixinho, pois, se o telefone pode tocar, eu não vou ouvir. Se eu perder um telefonema seu, lá se vão mais páginas e páginas de coisas que eu penso em te dizer mas não consigo, então as anoto na esperança de que haja uma próxima vez. E se você me pergunta que nome damos a isso, eu respondo: nós somos felizes quando estamos juntos.
(Luiz Guilherme Amaral)
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