quarta-feira, fevereiro 23, 2011

(Você sabe que é para você)

Isto parecerá com um traço de fraqueza, mas a verdade é que, em se tratando de você, eu sou fraco. Você tem uma patente tão alta na minha vida, pois, afinal, já me ouviu e me falou e me repreendeu tanto que parece estar impossível imaginar que até o final da minha vida -- seja lá quando ela acabe -- tudo será vazio assim. Outras pessoas lerão isto e poderão ficar intrigadas sobre quem é você. Também poderão dizer "por que ela e não eu?", e aí só me resta pedir desculpas, já que eu não conseguiria viver tão oco e ao mesmo tempo mostrando que eu sou um poço de compreensão e disponibilidade. Mas, para sanar as dúvidas, eu esclareço tudo: foi por sua causa que eu escrevo poesias com tanta frequência, é só você é a culpada de eu ser tão monotemático. Se não fosse por você, eu não teria me descabelado em inúmeras bebedeiras, pois às vezes dói tanto que nem o álcool cura, mas posterga. Foi só por você que eu dei tantas voltas por aí mas acabei parando no mesmo lugar, cheio de saudades, histórias para contar, só que, por um capricho seu que eu ainda não entendi, está tudo ainda para ser dito. Eu não deixo seu nome entrar em nenhuma conversa porque você é imaculada demais para ficar em bocas que cheiram a uisque e cigarro. Eu também não tenho religião, mas eu acabo rezando para que o magnetismo (minha força invisível preferida) acabe te fazendo chacoalhar o cérebro e dizer "mas por que nós estamos nessa?". Você está na ignição do meu cérebro logo que acordo. Você está nos passos que eu dou pela rua, porque eu queria que você trombasse comigo saindo de alguma loja. Eu já deixei de esperar qualquer coisa da minha iniciativa própria, tão propriamente covarde, porque agora eu estou jogado no canto da sala e quem passa por mim não consegue nem me olhar. Mas eu não poderia mais passar sem que você soubesse que tudo isso está acontecendo, e você tem cinquenta porcento de parcela. Sua patente na minha vida é alta, então, por favor, façamos algo de uma vez por todas.

(Luiz Guilherme Amaral)

4 comentários:

Marília Monteiro disse...

Belíssimo!

Anônimo disse...

Lindo.

mg6es disse...

de doer, e belo.

=)

Ayone disse...

que do-mau heeemm!!!

profundo, me doeu...