sábado, julho 31, 2010

desbotando

cheguei àquela idade
em que até o que é novo
já não é mais novidade

sexta-feira, julho 30, 2010

a solidão

eu não gostei de
...........a mulher sentar-se ao meu lado
.......................piercing no nariz e visual monocromático

porque minha solidão queria ocupar todos os espaços.

quinta-feira, julho 29, 2010

É necessário que eu acredite nisto.

É como crer no além.

É como crer no amor.

E eu tenho que me agarrar a isto, é preciso.

Porque se eu não fizer nada disto, é como estar morto.

Mesmo que você cuide de mim quando tiver tempo,

é como estar morto.

Mesmo que o tempo me prometa dias alegres,

é como estar.


quarta-feira, julho 28, 2010

Acima de todos os temores
reina o da absoluta impotência

Até quando a vida dará voltas
até chegar onde sonham os corações corajosos?
Se não há caminhos mais simples, aceitemos
mas é necessário tantas reviravoltas?
Necessário caducar desejos?

Viver é uma tomada de coragem:
dar dez passos para trás
antes do salto glorioso para o destino.

Mas os dez passos, por muitas vezes,
são dados em cacos de vidro.

(Luiz Guilherme Amaral)

terça-feira, julho 27, 2010

Tenho passado os dias
a pisar o crec-crec das folhas
secas do inverno

A cabeça sempre baixa
os olhos procurando alvos

Sigo assim cosendo passos
o tempo me passando
sem sentir

segunda-feira, julho 26, 2010

Desejo

Eu morro de rir todas as vezes
em que alguém me pergunta sobre nós duas.
É que me lembro das nossas bocas nuas
e dos nossos corpos vestidos
apenas de poesia...
Sim, nesse teu sorrir compromissado
lembro de cada verso trocado,
mesmo que às escondidas
onde sempre prometias
rimas nossas, idas e vindas.

(Uma parceria entre esta que vos fala e o anjo Aline).
Amei, Alhi! Amo!

domingo, julho 25, 2010

ato #1

do que quis viver ao teu lado,
só as ilusões são minhas.

sábado, julho 24, 2010

impaciência

o sábado não vem de súbito
é uma recompensa infinitamente aguardada
impacientemente evocada
ao se amarrar os sapatos
em reuniões enfadonhas e a cada erro
404
o sábado não vem de súbito
é delineado no ar centenas de vezes
em 26 dos dias de todos os meses
semana que termina com a mesma ternura do sol a se por
o pote no fim do arco íris
a sétima
cor.

quinta-feira, julho 22, 2010


Depois de um punhado de dias em que o sol

é rotineiramente arremessado e depois afunda de novo,

é difícil ver sentido na pequeneza das coisas.

A vida é um pouco como essa semana;

os começos cada dia mais distantes,

a qualquer momento começam os finais.

Quinta-feira.

Sempre a sensação de borbulha quase explodindo,

de vai-ser- agora.

Momento tão desarrumado, cheio de ecos

do passado que correm e se misturam com as expectativas do futuro.

Dias inquietos como crianças no escorregador.


quarta-feira, julho 21, 2010

Abrem-se as cortinas
chegam os artistas.

Hoje é o dia de torcer e comemorar
é dia de convidar os amigos para beber
Todos viram especialistas
sacodem as mãos mostrando suas aflições

Sim, meu caros!
É dia de futebol na televisão!

Quarta-feira:
o dia em que temos ópio gratuito
eletrônico

Santa Quarta-feira!

(Luiz Guilherme Amaral)

terça-feira, julho 20, 2010

segunda-feira, julho 19, 2010

Anunciação

Foi numa segunda-feira que ele chegou.
Aquele que nunca havia existido.
Aquele que mal me olhou
e já foi me arrancando o vestido.
Aquele que não me esperou
e em menos de um minuto em mim jorrou
seu gozo feroz e compulsivo.

Foi numa segunda que ele me arrancou
do mundo em que eu havia sempre estado.
Beijou minha boca, me agarrou
e me jogou num quarto desarrumado.
Me mordeu, meteu, me conspurcou,
me fez esquecer quem fui, quem sou
e me deixou com esse olhar apaixonado.

E foi nessa mesma segunda, já quase terça-feira,
que ele me deixou jogada na poeira,
me chamou de piranha e vagabunda
e bruto, me meteu o pé na bunda,
e foi embora sem dizer pra onde ia,
sem boa noite, boa tarde ou bom dia.

E foi nessa segunda,
já quase em terça transvestida,
que beijei a boca da morte
e abandonei os braços da vida.

domingo, julho 18, 2010

Domingo eu te compro uma flor.

Andar de trás pra frente,

Reinventar o riscado,

Tudo certo e quase nada.

Dia de bingo!

Sorte ou azar?

O que vale é ter amigos!

Ter o que reinventar.

A sunday in a sunny day. Sunday!

Assim, feito ode,

Ou quase ódio para outros,

O meu, o teu, o nosso (que nem comercial depois do Faustão)

Domingo pede cachimbo,

Também pede carinho

E que compre uma flor.

Ode aos dias

Senhoras e senhores, caros webpectadores!

Quem acompanha este blog já viu que ultimamente estamos passando por várias mudanças.
Desta vez, perdemos Moa e Jeff, duas das cabeças mais antigas...
mas não se preocupem! A sua poesia diária está assegurada com a presença de Maria Ana e Luiz Guilherme :)
E é com grande prazer que apresentamos a semana Ode aos dias: cada poeta vai escrever em homenagem a seu dia da semana.

Vem com a gente?

sábado, julho 17, 2010

antiquário

como uma criança
que não entende a existência de um bisavô
e chora
porque essa pessoa tem outra forma
e cheiro de guardado
e não entende a fraqueza
ou a insistência em beijos molhados
e não entende a pele de papel amassado
ou a língua morta que ele fala
que de tão assombrada
não entende a surdez
não entende a velhice
não enxerga o amor
até que seja
tarde

sexta-feira, julho 16, 2010

andança

quando você disse

reparar e detalhou
perfeitamente
o meu andar:

pernas esticadas &
mãos na cintura
o corpo branco,

o som dos passos
ecoando pelo nosso quarto até
o meu parar a centímetros do seu rosto

eu só escutei o seu
amor.

quarta-feira, julho 14, 2010

First

Na sequência de dias sou fourth
mas, como todos eles, também sou first

Se é para fazer chorar
rir
machucar
discutir

Nisso não posso ser last
pois agora estou com eles
todas elas
todos eles
todos esses firsts

Amadas heads

(Luiz Guilherme Amaral)

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Cheguei onde queria. Sou uma cabeça. Nem acredito!

sexta-feira, julho 09, 2010

me gusta Gusta

Gustavo me diz que
a tempestade passou

la realidad son ruinas.

mas tão rápido acostumei-me em
casaco & cobertores
dentro de mim

aconchegar-me

e permanecer

diferente do que deveria

deveria ser
uma fuga
com botas pesadas

pisar o que
desmoronou
pela água e pelo vento:

passado.

(é março
e difícil viver
alheia às expectativas)

corro pelas ruas
segurando forte em suas mãos

só minha mente vai

enquanto dou corda no despertador
para tudo terminar e logo

fingindo voltar
ao tempo

bom do nosso sentimento.

quinta-feira, julho 08, 2010


Oito e meia da noite.

Ela hesitou em ir à loja comprar a garrafa de sidra.

Nervosa, as mãos tremendo. A velha de bobes no cabelo não disse

nada, por certo achou que era para os pais ou tios. O ônibus veio logo,

lá dentro um silêncio de gente cansada. Noite de tantas promessas,

ela não sabia se estava a perceber realmente as coisas.

Meia hora, uma rua e um número.

A casa imensa cheia de gente e música.

Eles a deixaram entrar, sorriram para ela.

E as pessoas que ela pensava que conhecia estavam tão estranhas,

fora de controle. Nenhuma delas era desse jeito na escola.

Sentou-se numa cadeira na varanda, desnorteada.

Por toda parte os ruídos, aromas estranhos, sugestões de loucura.

Passaram-se os minutos (ou horas, ela nunca soube).

Foi quando ele a encontrou.

Ele foi direto até ela, como se seguisse uma deixa.

A conversa inexplicável, plena de meias-idéias.

Levou-a ao jardim, e ela sentiu o perfume da terra e das árvores e viu as chamas irresistíveis que saíam dos olhos dele distorcendo a sombra da lua.

Ela estava encantada.


E passa da meia noite, o último ônibus já partiu. Os pais vão enlouquecer

quando souberem o que ela fez. Ela mesma quase não acredita,

nunca tinha sentido nada parecido. Mas não importa, é como

se não importasse. Na saída, ele ainda diz, num último sorriso:

"Espero que não esqueças de tua primeira festa."


terça-feira, julho 06, 2010

como assim?

Não é culpa sua
Minha vida gira em torno de um objetivo pouco circular
Não sofrer
Não existe isso
Porém
Daí foi gestada a covardia
E a esquiva
Daí peneirar na polenta
As pepitas de ouro
Que eu chamarei de amigos
E demora
A menos que haja um milagre
Mas eu pouco faço de milagres que não seja desperdício
Eu risco milagres feito fósforos
( a eletricidade não é afeita a milagres, eles se apagam)
Eu bem sei
Eu sou forte e ferrenha de unhas largas
E sou mais feroz que sei quantos animais
Mas não se eu já fui atropelada
Apenas ontem
Não que alguém saiba
Porque eu não sangro
Pra fora
Mas não é culpa sua
Me dizer o que eu me digo
O que me custa 18 horas por dia
De sutil persuasão
Para não acreditar.

(assim.)

domingo, julho 04, 2010

Pródigo

até as palavras faltam
quando há pobreza
de espírito

não há recurso
que me sirva
agora

humildemente
volto
ao chão

não posso mais voar


Com este escrito, também eu encerro minha participação deste tão querido Blog de Sete Cabeças.

Guardarei para sempre na lembrança tudo de bom que este espaço me trouxe. E é muita coisa boa! Muita gente boa! Muita poesia boa!

Mas chegou minha hora de partir. Deixo este espaço para quem possa usá-lo melhor que eu.

Abraço todos vocês agora. =)

E Poesia sempre! (Sim, caro Moacir! Poesia sempre!)

sábado, julho 03, 2010

45 do segundo

O drible, em busca do gol.
É isso a vida.
Corremos no meio de campo, todo o tempo.
Chutando dali, chutando daqui.
O pé na bola, a cara na grama.
E tudo é zero a zero.

Uma vitória ali, outra aqui.
O juiz contra.
A torcida contra.
A Nike, a Rede Globo, a CBF, todo mundo contra.

E a gente continua jogando.
Fazendo falta, levando empurrão.
Uma bola na trave, um carrinho, um gol de mão.
Tentando sair do empate.
Tentando vencer o embate.
Tentando vencer as feras.
Tentanto domar a esfera.

Até que um dia não dá mais.
As pernas doem, o corpo se entrega.
A cabeça só quer descanso.
E como se jogássemos
na casa do adversário,
e empate nos parece glorioso.
Embora no fundo saibamos
que na maior parte do tempo
o jogo foi horroroso.

Mas no momento final
esquecemos todas as contusões,
todo o esforço, todas as decepções,
esquecemos a derrota completa
e carregamos em nossa memória
aquele lindo gol de bicicleta.

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Última postagem por aqui.
Dias maravilhosos, momentos gloriosos.
Obrigado a todos que em algum momento participaram.
Obrigado a todas as cabeças e a todos os leitores.
Poesia sempre!