Foi numa segunda-feira que ele chegou.
Aquele que nunca havia existido.
Aquele que mal me olhou
e já foi me arrancando o vestido.
Aquele que não me esperou
e em menos de um minuto em mim jorrou
seu gozo feroz e compulsivo.
Foi numa segunda que ele me arrancou
do mundo em que eu havia sempre estado.
Beijou minha boca, me agarrou
e me jogou num quarto desarrumado.
Me mordeu, meteu, me conspurcou,
me fez esquecer quem fui, quem sou
e me deixou com esse olhar apaixonado.
E foi nessa mesma segunda, já quase terça-feira,
que ele me deixou jogada na poeira,
me chamou de piranha e vagabunda
e bruto, me meteu o pé na bunda,
e foi embora sem dizer pra onde ia,
sem boa noite, boa tarde ou bom dia.
E foi nessa segunda,
já quase em terça transvestida,
que beijei a boca da morte
e abandonei os braços da vida.
7 comentários:
Buarqueana?
Belíssima estréia.
:)
também me veio buarque à mente assim que li :)
ficou ótimo!
bem-vinda, maria ana!
cuide bem da minha ex, a segunda-feira :)
Oraora... Gostei desse! =)
Prazer em conhecer. ;)
Maria Ana, meus parabéns! Ótima estreia, com um poema forte e sensível ao mesmo tempo.
Abraço!
Menina Maria!
Que coisa mais linda!
Pungente!cortante.. pulsante... Poema de vida!
Que vontade de ter escrito isso...
Bem vinda, Maria Ana!
Postar um comentário