terça-feira, agosto 31, 2010

Sala de Espera

1.

Juliana gosta de portas abertas.

Ela passa com seu andar apressado
e, com um gracioso movimento de mãos,
desliza o par de portas, solenes.
O sol inunda a sala pelos amplos desvãos.

Outras atendentes passam e
com olhar contrariado
percorrem os trilhos no sentido contrário.
O sol se esconde
e só resta o ar, condicionado, coitado.

Até que venha Juliana nos salvar novamente
e com seus cabelos longos e negros
faça o sol ressurgir de repente.


2.

A mocinha loira piscou o olho.
Não pra mim.
Mocinhas não me piscam mais o olho.
Já estou meio assim assim.

Somente um tique.
Um pouquinho estranho, mas gracioso.
Nada que muito signifique.

Ao celular, ela pisca o olho e sorri.
Provavelmente pra alguém
que ela queria que estivesse aqui.


3.

"Mara Lúcia", a atendente chama.

Levanta-se uma jovem senhora,
levando consigo suas múltiplas plásticas,
seus desejos e seus dramas.

Pode ter quarenta anos ou sessenta.
Nào se sabe, impossível.
Mas é difícil acreditar
que o antes fosse mais risível.


4.

Eu, bicho mais que estranho,
recolho-me ao meu caracol...
rezando por uma rápida espera
pra aproveitar o restinho do dia
e sua cota mínima de sol.

Um comentário:

J.F. de Souza disse...

o ócio de uma sala de espera... é criativo para nosso amigo Moa!

caaaaaaaara... EXCELENTE!!! =D

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