sábado, julho 17, 2010

antiquário

como uma criança
que não entende a existência de um bisavô
e chora
porque essa pessoa tem outra forma
e cheiro de guardado
e não entende a fraqueza
ou a insistência em beijos molhados
e não entende a pele de papel amassado
ou a língua morta que ele fala
que de tão assombrada
não entende a surdez
não entende a velhice
não enxerga o amor
até que seja
tarde

Um comentário:

J.F. de Souza disse...

Caramba, Czá... Fiquei sem palavras agora...

Mas posso dizer que gostei demais desse.

=*