sexta-feira, julho 29, 2011
quarta-feira, julho 27, 2011
sábado, julho 16, 2011
paredrices
sexta-feira, julho 15, 2011
5 Vezes Alexandre Beanes
FLOR DE LUZ
Calma flor.
Vai com calma
Que é só saudade,
Esta dói
Mas, não mata não.
Sonha amor.
Sonha com a dor
De sorrir sem vontade,
Que um dia
Já sofri igual.
Mata flor.
Féri com punhal
E marca,
Finge, pois doçura pouca
É desgraça,
E ama como amo na vida
Somente a ti.
2
Fugi das matas e portos...
Encontrei tesão, mulheres e liberdade.
Quem encontrar o amor, mate-o...
Escarneça-o...
E corra... Corra muito...
Ou morra por ele.
3
"...Eu faço samba e amor até mais tarde
e tenho muito sono de manhã..."
É um homem da madrugada.
Cria versos, sambas
E frases de efeito.
Bebe cerveja e tequila.
Uma para esfriar a cabeça
Outra para apimentar as paixões.
Ao raiar do dia
Transforma sussurros
Em doces melodias.
4
Vai amor.
Diz que meus defeitos
São muitos
Que minhas canções
Não te comovem
E a tí nada dizem direito.
Vai amor.
Diz que tenho cheiro de cachaça
Que minhas piadas
Não têem graça
E que quer alguém
Com sonhos mais estreitos.
Vai amor.
Diz que à noite
Sou o que te segura
Que sem mim
O amor não tem cura
E que a minha poesia te acalma o peito.
(Desculpa do amor perfeito).
5
Sou como a noite.
Com o sol descanso,
Faço dormir estrelas
E namoro - de forma quente - a lua.
(São Jorge que feche os olhos).
quinta-feira, julho 14, 2011
cinco pedaços da Elaine Lemos
Fui ter com o futuro debaixo de uma lona.
Enquanto uma boca vermelha e uns dentes
dourados proferiam previsões que eu não ouvia,
sentia um cheiro de chocolate,
um cacau de ar, despertador desta saudade.
Saí derrubando cadeira numa pressa.
Caloteei o que não viria.
Um caminho muito conhecido passa
por mim rapidinho de trás para frente.
Continuo correndo, o peito chiando vontades,
tentando alcançar meu hoje, embora eu saiba
que já fizeste as malas.
Loquacidade
Invento palavras nas lacunas das conversas.
Abismo meus mistérios.
Compreendam meus silêncios.
Safra
No jardim das fadas boas
há sempre um nariz carregando verruga
chovendo tristeza nas sementes.
Em um outono azul, colhem-se os frutos.
Ester
As irmãzinhas
a vigiam das alturas.
Tremeluzem
vozes dizendo que a amam.
Piscam piscam
anos-luz de saudades.
Caída e solitária,
contempla a noite clara.
As irmãzinhas
lhe brilham as lágrimas.
Quase 70 musicais
sempre que tocaste a minha gaita
com teus dedos ditos inocentes
e em ela puseste a boca incauta
sempre que quiseste que tua flauta
gemesse doce nas minhas mãos
cantasse o canto da minha língua
jorramos juntos as notas mais lindas
num ostinato, quase setenta vezes
soamos, suados, nosso uníssono gozo
quarta-feira, julho 13, 2011
Marina Rabelo
atravessar a rua
eu continuei meu caminho
de pedras e beijos adormecidos
jam session
do teu soul
me tocar
jazzliricamente
sôo azul
como um blues
revolto
etéreo
colibri-me
Não limpe os pés antes de entrar
"seja bem-vindo, mas limpe os pés antes de entrar"...
Não limpe os pés antes de entrar
Entre com a lama, a grama, a poeira
e a areia do mar.
Entre com o barulho das ruas, do samba
e dos versos do poeta de mesa de bar.
Entre com o cheiro do asfalto, do ônibus lotado
e do pastel de carne com suco de maracujá.
A porta está aberta,
pode entrar:Eu quero minha alma suja
e feliz.
da Lubi Prates
terça-feira, julho 12, 2011
Cinco poemas da cabeça insana de Sandra
A pele exposta
E contorna a forma firme
Que se mostra...
Enquanto a língua se enrola
Nos pelos e faz o desenho da trilha
Que vai do umbigo à virilha
E é percorrida pelos dedos
Enquanto os lábios se molham
Na saliva que engulo
E misturo com o sêmen
Que me jorra por dentro
... Você lateja e me beija,
completo e saciado
enquanto na boca guardo
(ainda ereto)
o gosto do falo
BRAILE
Tenho em relevo, na pele,
Os sinais e apelos
À espera das tuas digitais
Para lê-los
DIAGNÓSTICO
Meu músculo sem juízo
deixa-me este aviso:
“via coronária em reforma!”
Nada mais me informa
(Desconfio que esteja apaixonado!)
ELE LÍRICO (OU POEMA MACHO)
Nem tire sua roupa,
menina!
se o que você quer
é fazer amor...
Não me venha dizer
que só quer transar...
que eu tenho horror!
Ouça bem, garota,
caia na real:
essa coisa de acasalar
só rola no mundo animal
Todo esse papo aí...
tá fora de moda
sexo comigo
é foda.
DUETO
(para Múcio Góes)
Sem estilo
Sempre repito
O desgastado
Estribilho
Enquanto você
Num estalo
Faz um poema
ducaralho
segunda-feira, julho 11, 2011
5 czarices
E de repente os dias ficaram cheios de um contentamento que mora por baixo de todas as coisas, nas próprias entranhas da existência. Não aquela felicidade quase dolorosa , na qual o peito se expande e quase quebra a caixa torácica de dentro para fora que eu tenho às vezes. Apenas um contentamento de morder um pêssego e ver o suco doce e cristalino escorrendo entre os dedos de tão pleno. Como tudo mergulhado em mel, não por açúcar nenhum, mas pela luz amarela dourada que chega morna e bonita, passada por esferas de âmbar, mas que, não, deixa-se cair direto desse azul mais alto. Um filme pausado um segundo antes da flor eclodir e um segundo antes de começar uma música que talvez você fosse gostar. Um céu mais alto. Porque às vezes eu me esqueço que eu preciso de tão tão pouco pra ser ventura assim.
E como diria o regi: e agora vamos viver, porque viver é et cetera.
2.INCERTO
e que vidente irá abrir as entranhas de um peixe e ler, não o futuro, mas suas próprias vísceras?
e que astrólogo olhará para cima e enxergará, não deuses e feras, mas a perfeita cúpula azul que o guarda?
e que relojoeiro quebrará o relógio para consertar o próprio tempo?
e que cigana pisoteará os vidros de suas poções, sangrando os pés e se apaixonando pelo chão onde pisa?
e que cartomante virará as cartas cruelmente, sabendo que a sorte se decifra apenas nas costas de seu baralho?
e que quiromante, me vendo as linhas da palma, enxergará o fio rompido que era a criança que eu levava e que um dia,
no meio da praça,
soltou minha mão
3. O QUE JACK NÃO DISSE
seria tão mais fácil
ser uma mão , um braço
(ou a vesícula, o baço…
até mesmo um joelho!)
que qualquer aparelho
entende sem embaraço.
Mas se olho no espelho,
sentido não faço
sou um ser inteiro.
Invejo os pedaços.
as pessoas perseguem sonhos
como crianças correm atrás de bolhas de sabão
porque é divertido
não me importo se alcanço ou não
as pessoas perseguem sonhos
como um cão atrás de um carro
não por que o quero realmente
só estou tirando um sarro
as pessoas perseguem sonhos
como um cão acompanha o dono
porque estes sonhos, quando alcanço
me ninam em noites sem sono
as pessoas perseguem sonhos
como um gato persegue um rato.
porque quando eu alcanço um sonho
eu mato.
5. DARKSIDE
todo escritor
tem pensamentos obscuros
a massa cinzenta é preta
de nanquim
daí pros pensamentos
passarem pro papel
é simples
assim