Crianças, abram seus livros na página quatorze.
Estão retiradas as apostas no amor verdadeiro
Nas lembranças com pó de açúcar
Nos rapazotes de quem se espera uma coisa qualquer.
Estão retiradas as apostas no que é doce
No que é frágil e no que é merecido
No que se pode sonhar às escondidas
Estão retiradas as apostas nos cavalos
E nos cavaleiros
Não se aposta nem mesmo que haverá um por de sol.
Estão retiradas as tuas mãos da minha cintura.
Me recordo, a pretexto de desvio de assunto, veneza.
Nunca fui a veneza, jamais irei à veneza.
Crianças, leitura recomendada:
Morte em Veneza.
Estão retiradas as apostas nos futuros brilhantes
E seus carros igualmente brilhantes e voadores
Nos alienígenas bem-intencionados
E suas roupas amarfanhadas de papel alumínio
Estão retiradas as apostas nas grandes promessas
Na subida da bolsa
No 13, preto, quinta coluna
Não aposto sequer nos robôs de latinha.
Com esses olhos enormes. Não aposto sequer que tens a chave de casa.
Adormeci e me levaram o casaco.
Pestes malditas.
Estão retiradas as apostas no descanso esta noite.
é clichê e é também é verdade
isso que se convencionou achar normal, como se nada de mais
Todo dia nos rouba algo e todos os dias morremos um pouco
É o que a gente chama de tempo.
E pronto, fechem seus livros.
Crianças,
Leiam os lábios do universo.
6 comentários:
inspirador!
maravilhoso, czá!
:*
e que final, juvenal!
matou a pau!
foda, dona czá.
faço o coro: matou a pau!
"Todo dia nos rouba algo e todos os dias morremos um pouco
É o que a gente chama de tempo." perfeito, eu que vivo me debatendo (e escrevendo) sobre a questão do tempo. parabéns
este é mais um daqueles!
Czariano.
:*
Czá! Clau! Mulher! Moça!
MAS ESSE ESCRITO É INCRÍVEL!!! =D
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