Desertos na correnteza
Frestas, certas estranhezas
As dúbias respostas e os ratos
Sorrisos baratos de sábado
Os carros todos se entranhando
Um dia ainda conversam
Fumaça de breves cigarros, enganos
Amores de final de festa
A vida lá fora e aqui dentro
A vida pulsa todo instante, inteira
Nos becos e nas avenidas
Favelas, palácios, asfaltos, polícias
A lapa é o espelho e a nudez da vez
Bandidos, patrícias, malucos e bichas
Os mares arrebentando
Nos pálidos pés de clarinha
As doces memórias de infância
O cheiro do bolo e a farinha
Os destinos que se entrelaçam
Nem sequer se perguntam nomes
Distantes olhares, pertos horizontes
E as ondas que vão navegar para onde?
Perguntas e vinhos tintos
Distintas abstrações
Pianos e violinos
Destoando as canções
Eu trago sempre comigo
Um verso no bolso e no riso
Passante do Rio, eu vou indo
Até Posto 9, brados coloridos
Me despeço das tantas pernas
eternas, demônias, morenas, só delas...
Meninas do Arpoador
Eu amo seus olhos vermelhos
O samba no andar e na cor
Sutilmente me chamou
Pois é, mas já vou...
Já é, paz e amor.
2 comentários:
boas abstrações, meu caro.
Delícia esse cheiro do Rio... Bem musical. Adoro-te. ;)
:*
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