quarta-feira, setembro 29, 2010

Essa vida que dá tantas voltas
e nos faz entender que nem tudo está sacramentado
um dia você se ajusta a uma realidade
e no outro dia vem uma avalanche de possibilidades

É bom quando há essas guinadas
recuperamos o fôlego, fazemos planos
vemos que ainda há uma luz de novos sorrisos
dando-nos forças para tirar o pé do lodo

Está na hora de fazer as malas, embarcar
Quero tudo o que a nova vida vai me oferecer
Quero estar na saudade dos amigos que ficam
E nos planos dos que forem aonde estarei

Não quero telefonemas chorosos
Nem memórias melancólicas
Quero apenas abrir a porta de cada novo dia
E dizer que foi a melhor coisa que fiz.

(Dia 02/10, vou-me embora para Salvador, Bahia. Vida nova.)

(Luiz Guilherme Amaral)

terça-feira, setembro 28, 2010

penitência

Vim te pedir perdão
Por todo esse amor
Que trago
Engasgado, afobado...
Vim te pedir perdão
Pelas preces que faço,
Pela pressa de ser tua!
Vim te pedir perdão
Por todos os pecados
(Omitidos)
Quando me exponho
em sorrisos
E te ofereço meu corpo
... desavergonhado

segunda-feira, setembro 27, 2010

Chuva

Saudade é chuva.
Sabe, a chuva,
quando se está na rua?

Unse seguem andando, devagar,
sem ao menos se preocupar.

Outros correm que nem loucos
sem nem mesmo olhar pra trás
e acabam se molhando ainda mais.

Uns olham pro céu
e gritam um monte de palavrão
e há os que se escondem em qualquer desvão.

E tem aqueles que ficam
sorrindo, gritando e pulando
que nem loucos em bando.
Aproveitando o que há na chuva de melhor.
E sabem-se um ao outro de cor.

sábado, setembro 25, 2010

note to self

Não gosto de escrever de amor,
podem descobrir que eu sou cafona
(como um coração bordado)
E eu gosto de me postar blasé
Mas quanto em quando
É preciso anotar um bilhete
Me desculpem essas linhas tortas
A felicidade é a pior das canetas.

sexta-feira, setembro 24, 2010

não quero precisar
poesia.

não posso.

mas quando a loucura
é o próximo passo
e sequer há chuva
para dançarmos
rumba
pelo asfalto

uma monotonia essa vida

os teus longos braços
-palavras
me alcançam
as costas
tocando coçando insistindo

então qualquer negação
de poesia, nesse instante

impossibilidade.

quinta-feira, setembro 23, 2010



Eu escorrego entre pedras e arbustos em mais uma caminhada na floresta.

Lá em cima a tarde se derrete, é o fim de mais um dia.

Não me canso de repetir baixinho todos os seus nomes.

Não sei por onde você anda, mas ainda sou o mesmo e estou sob o seu encanto.

Eu não fico sonhando com imagens antigas, não canto velhos blues.

Não há flecha alguma trespassando meu coração.

É apenas esta noção de alguma coisa boa

que poderia estar acontecendo, que ainda vai acontecer.



quarta-feira, setembro 22, 2010

Cubra os pés e ligue a televisão
porque não vai passar nada de interessante hoje
é só para manter a luz azul no seu rosto

As estações não mudam, é sempre calor
mas nossas atitudes são sempre diferentes dos outros
somos bravos guerreiros jovens

Somos som de avião às quatro da tarde
fazendo sombra na cortina ao passar na frente do sol

Somos nossas saidinhas rápidas para comprar doces
somos as rapidinhas dos que saem à noite

Ainda somos jovens


(Luiz Guilherme Amaral)



terça-feira, setembro 21, 2010

Poesia do dia

É hora de ir pra escola, menina.
Não é hora de poesia!

E a menina ia...
cumprimentando formiguinhas
colhendo flores nos sorrisos

É hora de trabalhar, menina.
Não há tempo pra poesia!

E a menina trabalhava...
ouvindo lisonjas nas ordens
vendo cores nos desmandos

É hora de arrumar a casa, menina.
Agora, nada de poesia!

E a menina arrumava...
cantando ao som da vassoura
valsando com a poeira no ar

É hora de cuidar das crianças, menina.
Pra depois, a poesia!

E a menina cuidava...
fazendo monstros com as papinhas
sendo princesas nas histórias

E nunca chegava a hora
da poesia da menina
segundo o que lhe diziam

Até que a menina
adormeceu no final do dia
toda poesia

segunda-feira, setembro 20, 2010

Serelepe

Atrás das pedras
ela se escondia, nua...

Olhando sorridente pros carros
do outro lado da rua!

domingo, setembro 19, 2010

coração na mão

tá na nossa mão
satis
fazer
o querer
correr atrás
do desejo

seguir
no passo
do pulsar
do coração

sábado, setembro 18, 2010

Something found

A inocência é inútil
Mas cai bem
Como um par de brincos de pássaros
Ou um bordado em um pano de chão
A inocência é inútil
Não caberia em um canivete
Muito menos em um emprego de construção civil
A inocência é inútil
Se despedaça de repente ao primeiro encontrão
Nos faz tropeçar nos próprios pés
A inocência é inútil

Mas é tão bonitinha.

sexta-feira, setembro 17, 2010

second mirror

antes que voem
estilhaços
olhar de relance
o reflexo
no espelho:
espasmo.

(não quero ser
os olhos
de Lubiana
os cabelos as pintas
o sorriso triste
de Lubiana.)

quinta-feira, setembro 16, 2010

Vai, pára um pouco de sonhar e diz alguma coisa bonita a ela, é preciso fazer alguma coisa, olha quanta inquietação, as mãos se agitando, o rosto dramático, tanta angústia, ela e essa angústia pelo que não faz sentido e não pode, só você sabe o quanto ela deseja errado, chora errado, quer aquilo que não tinha nada o que existir nesse cenário de olhos brilhantes e a boca que espera que você a convença que tudo está bem, que vai dar certo, este certo que ela quer e você não, que você sente que é a coisa mais errada de todas que poderiam ser

e então você respira fundo e vai e cria um outro plano onde nada disso é importante, onde ela é a rainha com tudo o que tem de fascinante e que é tão ela e os planos que vão sim dar certo e vai ser o sucesso, e ainda vamos olhar lá no futuro e rir desse agora pequenino que era só dúvida e temor

e por quinze minutos você a traz para o sonho que é seu e agora ainda mais bonito porque compartilhado na troca de sorrisos ah tão perfeita, e seu sorriso ainda paira no ar um instante a mais, o momento ridículo em que você ainda está ali e ela novamente dentro da realidade, as coisas a fazer, quem sabe mais uma vez reconquistar as simpatias dessa coisa velha que ressurge e se esparrama pesada sobre os últimos fiapos do sorriso

e você já não quer, já não sabe dizer mais nada, na janela está escuro e que bom que o dia é feio, que suas respostas agora são feias, que você é legal mas de repente fica assim muito estranho, não sei o que acontece mas ok, prá que arrumar ainda mais confusão, né ?

Tchau, a gente se fala.

quarta-feira, setembro 15, 2010

De
ci
di
da
men
te

Decidi, da mente,
não guardar nada

(Luiz Guilherme Amaral)


terça-feira, setembro 14, 2010

grão finale




planejou
o crime perfeito
um quarto fechado
na meianoite
um tiro seco
no centro do peito

sem testamento
herdeiros
testemunhas
nada deixou
que não tivesse defeito

sumir
sem ser visto
foi seu maior
feito

segunda-feira, setembro 13, 2010

Trato

Então fica assim:
eu não te digo nada
e você nem olha pra mim.

Então fica assim:
a gente finge que isso
não é o fim.

Então fica assim:
nem eu telefono
nem você me liga.

Agora é assim:
sem sonhos, sem sono.
Só esse frio na barriga!

domingo, setembro 12, 2010

hipérbole não definida


E essa vontade de esvair-me em cada palavra dita. O pesadelo diário em perceber que me tornei um amontoado de dias, horas, segundos. Sempre manhãs e noites entre os meus pensamentos e minhas ausências de mim mesma. Não estou nos livros que leio, nem nas roupas que visto. Existir tornou-se um fardo. Percebo que acabo em cada anoitecer, acordar é mecânico. É como se meu corpo estivesse em um loop esquecido. Desordenado, descompasso… uma hipérbole não definida. Pra mim, deixei de existir.
E por pior que tudo possa parecer, resolvi amá-lo. Sim, eu o amo. Com todas as possibilidades inviáveis que cabem entre cada letra: a, m, o,  r.
Eu o amo.

sábado, setembro 11, 2010

desconfio de gente que não lê ficção
se um livro é janela, bato com o nariz nos vidros
das auto-ajudas, didatismos e manuais
esse entulhamento de letras, desertos áridos
que não prometem a umidade de um sorriso

nem de uma lárima

desconfio da falta de histórias,
de autores que não se preocupam em nos levar pelas mãos
que não se interessam em ver nossos olhos brilhando à beira do fogo
não, eu não quero saber quantas moedas você tem nos bolsos
eu só quero saber se você sabe tirar
coelhos
da cachola.

quinta-feira, setembro 09, 2010



Lembranças são estilhaços de tempo

tremulando imagens que quase não quero ver.

Seu rosto invade as fronteiras de meus olhos

e desenha estranhas figuras na minha mente.

Quem criou a neblina criou o seu sorriso

e quem criou o arco-íris, criou você.

A memória, a neblina o arco-íris.

O cristal e a chuva.

Tudo isso nunca deixou de ser você.



quarta-feira, setembro 08, 2010

Eu estava à sua espera
posto que você me fazia muita falta
já não aguentava mais essa demora
já não aguentava mais meus olhos

tão secos

Mas é sempre do mesmo jeito que você surge
sem cerimônia, no entanto com toda força
para mostrar que sua ausência é mais que triste

é dolorida

Você voltou
e eu te amo por isso.

(Homenagem à chuva, que insistiu em se esconder mas voltou em boa hora)

(Luiz Guilherme Amaral)

terça-feira, setembro 07, 2010

oferta

Nesta noite,
vendo meu desejo
pelo preço de atacado
no varejo...
Para quem se arrisca,
há longos abraços
a prazo...
incontáveis beijos
à vista

segunda-feira, setembro 06, 2010

Marcas

O que são essas marcas em mim?

Tuas unhas sem cuidado?
Teus arrancos e solavancos?
Ou a lembrança do quanto
temos nos afastado?

E apenas nos restou o suor?
E agora o que há de melhor
são os momentos de tesão
onde podemos lustrar nossa brutalidade
com requintes de ilusão?

O que são essas marcas em mim?
Restos de uma noite que não termina
ou o anúncio impiedoso do fim?

domingo, setembro 05, 2010

O POETA

O Poeta ronda a madrugada
de peito aberto e rimas afiadas.

Onde passa, as mulheres ficam lindas,
os sonhos enternecem e as bocas sobressaltam desejosas,
Fazem fila e beijam-no na face

O Poeta deixa a luz do dia entrar
e segue adiante...
Em seu encalço, promessas de romance
e juras de amor.

sábado, setembro 04, 2010

Alegria é fácil
Você fica bem em cama, mesa e banho
Fica bem na ponta dos meus dedos
Nos côncavos das minhas mãos
Alegria é fácil
Tecido quente pra revestir as arestas do mundo
E machuca tão menos para quem bate os mindinhos por aí
Alegria é fácil
Eu acho incrível como tudo acontece sem trabalho
Eu acho incrível como é simples
Ser feliz pra caralho.

quinta-feira, setembro 02, 2010

Acabou.
Finalmente a porta fechada.
Alívio amargo,
agulha na pele.
Distâncias que não paravam de crescer.
Silêncios que não sabiam ser quebrados.
As lembranças pouco a pouco se embaçavam.
A minha imagem perdida, longe dos teus olhos.
E nada mais tem o gosto que tinha
e as palavras já não fazem sentido
e não há o que dizer.
Acabou.

quarta-feira, setembro 01, 2010

Corinthians Paulista do meu coração
São cem anos de glória.

São poucas as palavras.
É infinita minha devoção.