quinta-feira, junho 29, 2006

poesia bateu as
minhas portas.
ardendo a porta
, bateu com ela em meu
rosto.
a poesia bateu as minhas
asas
& voou sem dó, nem piedade.

quarta-feira, junho 28, 2006

Nunca Mais

casulo em pedaços
tecidos abandonados
não me servem mais

restos das opções
catálogo de feições
não me guiam mais

andanças memoráveis
tempos inconsoláveis
não me confundem mais

histórias boas,
manchas e pessoas
não me impedem mais

despeço os vis
até mesmo os bis
não me ferem mais

retomei o eixo
no encaixe exato
e eu não me deixo
nunca mais...

terça-feira, junho 27, 2006

bar fosse lar

Entro nos bares
como se lares
e altares fossem.


Tomo uns goles,
depois outros,
e outros mares.


Trago o teor
que me trazem,
e as palavras
que me vêm:


faço

delas
mala

bares



segunda-feira, junho 26, 2006

Verve

Escorre dentro
Um pranto
Inflamado.

Cuspo fora
Um suspiro
Atrasado.

Mágoa viva
De um passado
Novo.

Canto a melodia
De uma velha
Canção.

Tiro um vôo raso
E em pedaços
Volto ao chão.

domingo, junho 25, 2006

EQUILÍBRIO


Oh utópico equilíbrio,
Daqui dos trópicos oro pra ti.
Como se fosses um Deus antigo,
e eterno, e amigo.
Onipresente escondido,
à minha mente sempre bem-vindo.

Minha estimada moeda que não pára em pé, de lado.
Minha cenoura na frente presa à cabeça por um cabo.
Sou um reles mortal: é na urgência da cura que serás lembrado.
Pois quando te esqueço é que sou inspirado.

Sabe, minha assimetria é meu cartão de visitas,
minha boa-ação e meu pecado.
O que em mim aos outros intriga é justamente a parte esquisita.
Portanto daqui, de bom grado, sigo desequilibrado.
Desejando, sempre, que sejas louvado!

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música que recomendo: "La Mar (The Ocean)" da banda The Beautiful Girls

sábado, junho 24, 2006

MEIA NOITE E UM

Ah, essa Lua
que brilha ao longe...
mas desaparece
resolve, surge
depois se esconde...

Enquanto isso meus pêlos
nascem, depois somem
meus dentes se afiam
e cresce a minha fome
mas logo o processo se reverte
não sei se viro bicho
ou se permaneço homem!

Ah, essa Lua
que não se resolve!
Assim não se completa
a minha metamorfose!

quinta-feira, junho 22, 2006

brinquem olhares
de ver. de verde.
diversão.
são olhares ao [in]vento
olhares ao tempo
ao temporal
,por algo
ao teu dispor.

quarta-feira, junho 21, 2006

O Encontro

ela ia.
caminho de pedras.
chuvas ácidas.
pão dormido.

ele vinha.
ruas asfaltadas.
mar-de-rosas.
champagne e caviar.

ela parou.
ele parou.

[encruzilhada-de-olhares]

as pedras arremataram o asfalto.
as águas tornaram-se leito.
as comidas... não tinham mais importância.
e o céu e a terra
confraternizaram,
e aclamaram
o encontro daquelas almas...

terça-feira, junho 20, 2006

Poemia

Sou um “poêmio” sem conserto,
passo as noites na esbórnia,
rodeado de idéias perdidas
nos cabarés enfumaçados,
tragando maços de palavras
entre goles de letras doces.


Tomo meus porres semânticos,
embriago-me com expressões,
enquanto mastigo, ansioso,
verbos irregulares ao molho,
beijando umas frases chulas
ao som de verborragias mil.


Esqueço de tudo nessa hora...
quando o tempo engole o relógio,
e um turbilhão de idéias me toma
numa efervescência imaginativa,
que precede as fortes náuseas,
véspera, do vômito proverbial.


E nesse vício eu me consumo
até a hora de voltar pra casa...
quando degusto a última página
e saio trôpego entre as linhas
que vão dar na minha porta:
abro-a, entro, então acordo.

segunda-feira, junho 19, 2006

Ato Falho

Pulsa
O pulso
Medíocre
Dentro do
Meu ser
Falho.

Fico muda
Para que
Minha alma
Fale.

E assim
Findar
Esse ato
Falho.

domingo, junho 18, 2006

POR UMA VIDA COM RIMAS


Poesia é o pigarro na garganta da alma.
Poesia é a liberdade a que me agarro quando falta calma.
Poesia é minha carta de amor e minha arma.
Minha poesia se arma de paixão e trauma.

Pensamento é caminho, é labirinto, é moinho de vento.
E o quanto varia em paz e tormento angustia.
Ora sento triste, ora sinto que um dia.
E me invento sozinho pra fazer poesia.
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música que recomendo: "Gatekeeper" da cantora Feist

sábado, junho 17, 2006

Arco-íris

Sete vezes na vida nasci
E na primeira não sabia bem como fazer
Tanta sede de ser e tão pouco saber
Então me tornei um bebê


Sete vezes na vida nasci
E na segunda saí de casa
Tinha quinze, e não cabia em mim
Enfiei tudo numa mala e criei asas


Sete vezes na vida nasci
E na terceira, aos vinte me casei
Trono, torre, coroa e cetro
Enfim tornava-me rei


Sete vezes na vida nasci
E na quarta vez, universidade
Tudo na vida se decide (incrível!)
Em tão pouca, tão nenhuma idade


Sete vezes na vidas nasci
E na quinta quis brincar de empresário
Taxas, impostos, prazos, contratos
Eta, mundo extraordinário


Sete vezes na vida nasci
E na sexta, o fim de um conto de fadas
Tornou-se em abóbora a carruagem
E o pra sempre terminou-se em nada


Sete vezes na vida nasci
E nessa última, ainda estou em trabalho de parto
Tomara que não morra de novo
Esperança (inútil?) de estar preparado!

quinta-feira, junho 15, 2006

7 vivências
d'um felino
não jazz em

o poem[i]a[r].

quarta-feira, junho 14, 2006

terça-feira, junho 13, 2006

lida de lira

e agora pingam no papel,
sete letras distraídas...
c
a
b
e
ç
a
s
de inventos,
cabeças de sete,
de sete poetas
que lidam de lira,
e deliram poesia
de tudo que é jeito.
até falam de dor,
de amor, do que ar,
seja lar o que isso flor.

segunda-feira, junho 12, 2006

Abram alas

Abram alas
E deixem-me
Anunciar
A nova prosa poética
Que acaba de chegar!


Vem do Rio,
Vem do Pará,
E por ritmos
Vai se apaixonar.


E a viagem continua...


Em Alagoas a prosa vai viciar,
Quando no DF encontrar
Todas as sete vidas
Que o seu amor necessitar.


E eis que salta
Prum vôo desconhecido
E complexo...
Cheio de quês e porquês
Para em Minas se estabelecer.


E perdida num vôo de sete versos
A Prosa se apaixona
Sete vezes mais
Quando em seu caminho
Cruzar delicados lírios de Natal,
e perfumar suspiros


E perfumada
Voa,
Encanta e embala
Quando por fim...
Em Goiás repousa.



Participação especial do Jardim.

domingo, junho 11, 2006

O QUE É BONITO

Bonito é quando é em todos os sentidos,
mais ou menos assim:

1 - Incluindo tato e olfato;
2 - Norte, nordeste, esquerda, direita, no centro ou embaixo (e passando por outros caminhos);
3 - Incluindo os que sentem na pele o martírio;
4 - E também os sensíveis dos livros (e também os sensíveis dos discos);
5 - Os sensitivos das telas, belas, e os dos retratos esculpidos;
6 - E também os de movimento inventivo, imagino;
7 - Os segredos do número 7 e seu sexto sentido.

De fato,
bonito é arte, e arte é cupido.

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música que recomendo: "O Que É Bonito" do Lenine