Se ela se inclina por sobre o corrimão da escada de incêndio
é pra ver as carpas
na fonte do prédio da frente.
Ela não pensa em pular.
Se ela arqueia o corpo pra fora do batente da janela
é para alcançar com os dedos o descoberto,
para saber se chove.
Ela não pensa em pular.
Se ela caminha a passos incertos no degrau do meio-fio,
beirando os automóveis,
é pelo vento no rosto
e para não meter as sandálias nas poças.
Ela não pensa em pular.
Se ela oscila com os dedos dobrados na borda da ponte
é para observar o próprio reflexo ondulante
perpendicular e estendido como uma sombra a cores.
E olha por sobre os ombros se não vem vindo ninguém empurrar.
Ela é calada,
ela não pensa em pular.
3 comentários:
e a multidão lá embaixo, decepcionada, começa a se dispersar...
forte e bonito! Me veio agora na cabeça que você tem material pra bincar de vários pseudônimos... hehe... e isso é um elogio! :P
beiJardins
Olá...
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Achei o poema de uma singeleza única, daquela que somente alguns cotidianos, quando olhados de forma profunda e isolada, conseguem ter.
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São gestos simples; são gestos belos.
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Abraço do
Carlos
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