terça-feira, março 30, 2010
pusilanimidade
um javali pendurado na orelha
uma bola de ferro em cada pé
de uma borboletinha tonta
que só tem vontade de só voar
e pousar naquela flor azul.
Roubado de mim mesma, lá do Metade e Pedaço.
domingo, março 28, 2010
a natureza
das coisas
a vida
me oferece
tão poucas
opções
e eu não sei
de quem é
a culpa
ou se posso
querer
mais
Insônia
a dúvida, amor:
como usar os freios
se sou acelerador?
sexta-feira, março 26, 2010
quinta-feira, março 25, 2010
Você acha estranho, diz que eu mudei.
Você deve estar brincando comigo.
Porra, tanto amor desperdiçado.
E se os meus olhos parecem tristes, não se preocupe com a minha cara.
Eu te vejo em toda parte, devo estar mesmo ficando louco.
Fico tentando me esconder de mim mesmo, me sentindo um idiota.
E se por acaso me ver na rua, olhe para o outro lado.
Ridículo, sorrindo por entre as lágrimas.
Não repare nesta minha cara.
terça-feira, março 23, 2010
História de um pescador
mas não levou arpão
anzol isca caniço
molinete linha nem rede
Primeiro molhou os pés
depois decidiu mergulhar
(a decepção)
Naquele dia
Omar estava mais para ostra
do que para peixe
segunda-feira, março 22, 2010
celsius
curvada de frio
atulhada num bolso
qual uma luva esquecida
o vento 'e sagaz
encontra frestas em tudo
volta e meia, um tremelique.
`as vezes eu desconfio
o inverno so chega
onde falta calor humano.
domingo, março 21, 2010
Dissipa-dor (Coração de alumínio)
a distância
e os ventos
e os nãos
me fazem
frio
tuas lembranças
já não me aquecem
mais
sábado, março 20, 2010
Amanhecer
as coisas ganham vida!
Ou quase. Desconhecida,
a felicidade passa ao lado
e a gente nem vê.
Segue, passo acelerado.
A manhã se enche de carros
e pessoas e engarrafamento.
A todo momento
acelerador, embreagem e freio.
Ninguém diz a que veio.
O cansaço não foi embora,
apesar do sono pesado.
Cansaço acumulado.
Pouca alegria demais.
Falta de motivação.
Falta de paz.
Excesso de nãos.
Atrasado. De novo.
Novamente o trabalho.
o chefe legal, mas muito exigente.
Ah, se não existissem os clientes...
O olhar ao longe
não esconde
nem revela.
Apenas pensa em tempos passados.
Quando tudo era simples,
descomplicado.
Futuro = passado.
sexta-feira, março 19, 2010
quinta-feira, março 18, 2010
terça-feira, março 16, 2010
jogo de azar
Não cuido do futuro...
as grades ficam destrancadas,
os pedais voam sozinhos
meus pés têm quereres que não são meus,
os giros são involuntários
assino acordos jogando dados,
meu próximo endereço nem existe
meu destino é não acreditar na minha sina
e contar sempre com a sorte
Nestes dias, tenho contado à sorte
sobre todos meus reveses
segunda-feira, março 15, 2010
a educação física de j.g.
vai até onde minha vista alcança
uma sala fechada
é como morar num meteorito
a cabeça já quase rasgando
a gaze da atmosfera
vamos perder as rédeas, as estribeiras
dane-se, vamos perder mesmo os cavalos
e mover a carroça com a força bruta do entusiasmo
me dê um ombro de apoio
e eu poderia mover o mundo.
domingo, março 14, 2010
*
sempre deixa
a saudade
jogada
no chão da sala
vou guardá-la
num cantinho especial
tirar a poeira
arrumar a bagunça
da casa-coração
deixar tudo pronto
pra acolher
quem chega
sábado, março 13, 2010
Fumaça
tem uns que descem, outros não.
Quem não desce fica ali, suspenso no ar.
Os pássaros passam, passam...
são transitoriedade e canção.
A gente quer prendê-los com o olhar.
O ruim é que pra saudade
não há rima possível
com felicidade...
quinta-feira, março 11, 2010
quarta-feira, março 10, 2010
Aborreci-me.
Aborreci-me.
Sim, dessas zangas de pedra dentro da gente.
Tão pesadas, majestosas e imponentes, pedras.
Sim, seria mais prudente fazer as malas, fechar as janelas e ir-me contigo.
Mas quem cuidaria de nossas paredes? Dos nossos espelhos? Das palavras escritas no vento?
Resolvemos que eu ficaria.
Mesmo quieta, mesmo sentida, ainda que só terça parte.
Mesmo que não perto, somos um inteiro.
Três partes de um todo pleno, que sempre chove amor.
E não tem verso, nem música e nem prosa que me faça esquecer.
Tudo perde a graça, perde a rima e o frescor.
Em mim o eco de um delírio travesso.
...
Aborreci-me,
Mas foi de saudade, que o meu peito chorou.
terça-feira, março 09, 2010
segunda-feira, março 08, 2010
jornada
O vazio que ficou
quem vai preencher?
É mais um pequeno mundo que acaba
éramos um bicho que era um só
uivando agora com 5 bocas
esse vazio que fica
quem preenche?
Se as pessoas todas tem formatos
diferentes.
Se a terra fica estéril quando bebe sangue de hydra.
Se minha mitologia fica manca.
Se meu braço decepado ainda sente.
Se o morto dessa maca ainda está quente.
Se não tive tempo de colher flores. De cantar cânticos. De mandar trovoadas.
Se as trevas não inspiram alvoradas.
Se as manadas ainda esperam os ausentes.
Se nada, se mais nada
se uma semana
se uma vela
de sete dias
se eu acender minhas utopias
se eu plantar outra semente
será que esse vazio
se
preenche?
domingo, março 07, 2010
Partilha*
um pedaço
do meu
coração
a cada
partida
com os outros tantos
pedaços que ganhei
o refaço
mas o pulsar
é diferente
descompassado
descompensado
a cada
batida
Semanas Especiais - Chegadas e Partidas
Múcio e Marina...
Duas cabeças, das que sempre estiveram. Das que sempre estarão. Mesmo ausentes. Dois seres luminosos, de beleza, de vida.
A partir dessa semana, não escrevem mais nesse espaço. Seguem outros caminhos. Borboletas.
Suas asas, inquietas, continuarão a espalhar cor e pólen, poesia e amor.
Em suas cadeiras, borboletas outras. Não exatamente novas, pois sempre estiveram por aqui, voa-voando.
Antes eram olhos, agoras são cabeças. Gil e Lubi.
Poesia de qualidade pro nosso espectador. Mantendo o nível, sem deixar a peteca cair. Enjoy them!
(Mas a saudade... ah, a saudade...)
por Moa.
Creio que, com estas palavras, expressamos nossa alegria. Pelas chegadas e pelas partidas. Pela maravilha que é viver essa vida. Que, nessas horas, se confunde com as ondas do mar.
E, assim, damos início às Semanas Especiais - Chegadas e Partidas. Para celebrar os que vão e os que vêm. E a Poesia que já banhou e que sempre há de banhar esta nossa praia.
sábado, março 06, 2010
Nós, girafas...
quarta-feira, março 03, 2010
\ignore
quando você por mim passa
e disfarça...
terça-feira, março 02, 2010
Ester
a vigiam das alturas.
Tremeluzem
vozes dizendo que a amam.
Piscam piscam
anos-luz de saudades.
Caída e solitária,
contempla a noite clara.
As irmãzinhas
lhe brilham as lágrimas.