quarta-feira, maio 12, 2010

Seu Sim

Rude

Mesmo quando diz sim

Não pelo o que há de liberto

Em simplório gesto

Vê-se pequeno

Menor que os insetos

Que sugam suas coxas

E logo rumam pra outra



Seu sim

Espécie de alforria

Negros libertos

A dizer:

Quase morro

Quando subo o morro



Sim

Som que espalha-se

Por entre as cortinas

Revistas antigas

Canteiros, cantigas



Sim

Prossiga

Em caso de dúvida

Liga

Jamais siga tendências

Elas tendem a desabrochar

Nenhum modo nem moda

Siga atentamente

Bobagem se preocupar

Com o jeito de caminhar



Tragos e conhaques

Esqueça os desastres

Lembre de sonhar

Não cure a ferida

Vil também vívida

Dói dos ralos cabelos

Até o vão calcanhar



Sim

Para travestis e putas

Vagantes, bruxas

E bruxos

Cortiços, luxos

Cantina, bar

Sim

Para o esfarrapado

E o burocrata

Sim sem ensaios

Sem jogadas

Sim



Ah sim...

Pra não negar

O osso

O esgoto

O desgosto

O cachorro

Sem molho

Ou com molho

Pronto pra salgar

O dente doído

Elo corrompido

O pai, o marido

O vão do umbigo

A centralizar

O que há de ser

O que há de sarar

Num tempo quando

Onde, ontem

Amanhecerá.

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