quarta-feira, maio 26, 2010

Seu sim

Rude

Mesmo quando diz sim

Não pelo o que há de disperto

Em simplório gesto

Vê-se pequeno

Menor que os insetos

Que sugam suas coxas

E logo rumam pra outras

Seu sim

Espécie de alforria

Brancos libertos

A dizer:

Quase morro

Quando subo o morro

Sim

Som que espalha-se

Por entre as cortinas

Revistas antigas

Canteiros, cantigas

Sim

Prossiga

Em caso de dúvida

Liga

Jamais siga tendências

Elas tendem a desabrochar

Nenhum modo nem moda

Siga atentamente

Bobagem se preocupar

Com o jeito de caminhar

Tragos e conhaques

Esqueça os desastres

Lembre de sonhar

Não cure a ferida

Vil também vívida

Dói dos ralos cabelos

Até o vão calcanhar

Sim

Para travestis e putas

Vagantes, bruxas

E bruxos

Cortiços, luxos

Cantina, bar

Sim

Para o esfarrapado

E o burocrata

Sim sem ensaios

Sem jogadas

Sim

Ah sim...

Pra não negar

O osso

O esgoto

O desgosto

O cachorro

Sem molho

Ou com molho

Pronto pra salgar

O dente doído

Elo corrompido

O pai, o marido

O vão do umbigo

A centralizar

O que há de ser

O que há de sarar

Num tempo quando

Onde, ontem

Amanhecerá.

2 comentários:

moacircaetano disse...

Uau!
Fôlego de maratonista, leveza de flor!
Belo!

J.F. de Souza disse...

há tranquilidade nesse sim, apesar de tudo.

=)