terça-feira, março 06, 2007

Diovvaneando

O BICHO
Sete cabeças, sete crânios.
Sete cérebros, sete chaves.
Sete caminhos, sete enigmas.
Sete panças, sete trancas.
Sete dados, sete destinos.
Sete pessoas, sete Poetas...
E um piolho-puto; que pariu, sete lêndeas.

Lêndeas paridas:

I - INDOMÁVEIS
Palavras parecem domadas
na imensidão da fazenda dos dicionários
, mas quando soltas nos campos dos neurônios alados do pensamento
são cavalos selvagens
galopando linhas (EletrodescarDIOgramadas)
de horizontes
Desconhecidos.

II-CUIDADO COM EXPOSTAS PONTAS
Na ponta
de todo alfinete
equilibra-se
o
ai,
de uma dor
futura.

III-ECO-LÓGICO
Enquanto
ainda criança,
urino no pé das árvores.
É que tenho,
secreta esperança
em ver
andar as raízes.

IV-PELADA
Um Pé
descalço
faz
gol.
- Dois
chinelos,
também.

V-CISCADOR DE MUIDEZAS
Queria saber onde
germina-alastra,
a raiz da vida que não rompe
da semente a casca.
Isso pode, vale-me, migalhas de nadas.
Mas não perco o vício de engravidar
possibilidades.

VII-CALMARIA
Já tive pressa.
Agora só,
rio, manso, enquanto
pesco paciência
no gravitar,
de nadadeiras postas
ao reflexo do anzol.

VII-PAPAGAIADO
Não me levem demasiado a sério.
É que um vento antigo, traquina e moleque,
desses de empinar papagaio de taquara e seda no azul,
tem despenteado o leque no abanar meus pensamentos.
Crianças acenam, de horizontes para mim. E meus cabelos grisalhando,
estão alegres-enrolados, nas linhas da inocência sem cerol,
que eu pensei perdida, nos cacos de vidro da caminhada.


Meu convidado é um Poeta arretado de quem eu sou fã. Ele vem das Gerais e costuma fazer saraus ao ar livre, onde poemas são retirados de garrafas presas nas árvores. Ele mora num sítio, e extrai dessa natureza, de toda a poesia flutuante, belos poemas. Desde que o encontrei, acalento o sonho de um dia visitá-lo, e no chão de terra batida das Minas, fazermos versos, cantorias, regados a cerveja, a Xangai, Elomar, Vital Farias, entre outros. Diovvani Mendonça é um lavrador de palavras, e semeia poesia aqui:

http://www.diovmendonca.blogspot.com/

Grande Dio, obrigado meu velho!

19 comentários:

A czarina das quinquilharias disse...

quantas e tantas e ótimas
uns raciocínios brilhantes
gostei demais

eminem disse...

olá..
estou iniciando meu blog...
por isso quero criar uma teia de blogs de bom conteúdo e trocar idéias e tráfego com outros blogs...
se estiver interessado nesse escambo cultural, retorne o comentário e nos comunicamos melhor

há braços

Louis Alien

Anônimo disse...

Grande Diovanni, Grande Múcio.
Que prazer imenso vocês proporcionam. Colho os versos e saio perfumada e encantada.
Beijos duplos

Juliana Pimentel Pestana disse...

Gente, isso é "o encontro". Múcio + Diovvani... tipo "Chico e Tom", sabe?! rs
Adoro os dois. O Múcio com os seus versos intensos que rouba as palavras e o Diovvani com uma doçura que transborda dos poemas e comentários.

Adorei as "sete cabeças" em versos.

Bjos meus.
Abraços de sol nascente.
Cidade maravilhosa.
^.^

Marina disse...

Sou fã do Diovvani!
É de uma simplicidade deliciosa!

Adorei as sete lêndeas. Fizeram ninhos aqui nas cabeças... ;)

Beijos aos dois poetas queridos!

Pedro Pan disse...

, diovanni piolho-puto que pariu. pari bem, se é indomável, de calmaria ou papagaiado. só lendo seus versos...
, boa pedida múcio!
|abraços meus, aos 2|

Leandro Jardim disse...

Hehe, Múcio e suas sempre grandes pedidas....

Diovvani e seu jeito enxame de escorrer mel em poesia!

belas iluminuras!
abraço Jardineiro

Marla de Queiroz disse...

É tanta lindeza que fico sem saber o que elogiar primeiro...
Sou fã demais.

Um beijo tão bom nos dois.
Marlabraços apertadíssimos de saudade.

Rayanne disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rayanne disse...

Múcio, Dio,

Dois amados, poetas, profetas, amigos.
Tenho não como dizer que seria desse encontro: riso só, natureza ondulada, cócegas nos sovacos da manhã levantando nuvens de idéia na floresta dos pensamentos.

Esses dois poetas são dois mágicos das palavras, além de brincarem de roda com elas ainda fazem abracadabras.
E além das palavras eles contam encantam, doçura derrama onda há-mor, hábraços e sol risos como ensinou Marlinha. E eles tem tudo isso. As estrelas se espalharam todas na terra, curiosas que ficaram, saudosas que tardaram, debruçadas sobre vocês.

E eu amo tanto!!!!

***EstrelasTODASTODASTODAS***

Anônimo disse...

Diovvani é um poeta bruxo. Do caldeirão-cabeça dele saem fórmulas de puro encantamento. Há que se ter cuidado ao ler seus poemas; uma vez lido, para sempre encantado.

Anônimo disse...

Em sete estrofes Dio lança a seta de verso e verbo. O poeta é sete estrelas. Riodaqui.PauloVigu

Claudio Eugenio Luz disse...

Soltando o verbo e arrancando aquilo que há demais encnatado em nós.

hábraços

Anônimo disse...

desconstrutor magnífico! estou assombrado.

Giovani Iemini disse...

Diovvani é um bom poeta mas o nome é a maneira mais exdrúxula de escrever giovani. Engraçado.

Edilson Pantoja disse...

Diovvani é realmente um grande poeta. Tem uma sensibilidade incrível e excelente habilidade em pôr em palavras especiais o que lhe vem. Além do talento, também chama a atenção a maneira muito simples com que se porta gente e poeta. É o que percebo lendo-o lá, como aqui, sempre admirado. Abraço a ele.

Anônimo disse...

Fantástico.

Adorei.

Bjos.

Anônimo disse...

Que criatividade, mô Deuso!!!!
Mineiro....eu tb!!!
beijos!
adorei!!!

Nilson Barcelli disse...

Este poema é de antologia.
Arrasou caro Diovani. Quem escreve assim não é gago das mãos e muito menos da caneta....
Um abraço.