Me bota no colo,
Me roda feito uma boneca
Me dê um tapa nas costas
Me faça cuspir moedas
( américa-quatro-dólares-e-vinte-e-sete-centavos)
Eu não sei,
É que eu me sinto assim de repente
A troco de nada
Sem valor, vazia, esvaziada
Me bota no colo,
Eu só quero ser cuidada
E essas unhas vermelhas me doem
E olha que é só tinta.
eu acho que já sei porque os poetas eram todos uns tuberculosos
é que a poesia não passa disso
desse cospimento de sangue
Me bota no colo,
Corta uma laranja
E me falsifica um tang
Eu não quero ficar doente
(o tempo urge, a vida ruge, a febre, rouge)
Eu tenho uma deficiência de vitamina C
Ou não sei, vamos dizer apenas
Eu tenho uma deficiência.
Me bota no colo
Me leva na feira
Vamos comprar abacates
Pepinos batatas roxas
Todas as verduras a la carte
Deixa eu morar na sacola listrada de lona
As sacolas de lona são tão bonitas
E eu sei muito bem que as sacolinhas plásticas
São os chapéus favoritos
Dos suicidas.
5 comentários:
Cza, Cza...
Se um dia eu conseguir vestir minha poesia de só u pouquinho dessa intensidade toda, já me darei por feliz!
O final é matador!
Beijos admirados!
Te boto no colo
e na sacola de sonhos.
Nino tua poesia
suicida, tuberculosa,
cuspindo sangue e verso.
Ela me-nina.
Eu acho que já li este...
Seja como for... É ótimo! Forte... Gosto muito!
na boca
esse vermelho...
das unhas...
do peito...
de mim!!
Intensamente belo, Czá! bjoss
acho que é um puta elogio: não é só que você escreve bem, é que marca teu estilo. quem te lê, consegue indentificar quando é teu o escrito.
=** xêro
Postar um comentário