sábado, setembro 30, 2006

Ela espera, espera, espera...
mas ele não liga!
Quem ele pensa que é?
Tem o rei na barriga?
Deve estar se metendo
com alguma rapariga!

Ah, mas quando ele ligar...
Vai ver o que eu vou fazer!
Vou bater, vou xingar,
vou botar pra quebrar!
E se ele quiser me ver...
ah, vai ter que implorar!

Trrrrrriiiiimmmmmmm.....
-Ai, meu bem, que saudade...

quinta-feira, setembro 28, 2006

Eu sinto falta de você
Mas não sei
dizer bem o porquê
nem do quê
eu sinto falta
Acho que sinto mais falta
das lembranças
Porque tudo que era bom
virou lembrança,
Virou passado
E o presente
me é tão mais distante...
Acho que sinto falta
só porque não é mais como era
Mas, também,
porque sinto que não será
como quero que seja...
Sinto saudade do que não vi
E mais ainda
do que sinto que não verei mais...
Eu sinto falta de você

quarta-feira, setembro 27, 2006

a cor dos meus
olhos é antiga
vejo dores das
lições afora
vejo velas nas
entradas agora
vejo todos nos
lugares a mais
vejo as pedras
jogadas no rio
vejo um navio
que parte para
o mundo onde a
vida não cansa
onde a luz não
me cega, pois
a cor dos meus
olhos, aquela,
não vejo jamais.

segunda-feira, setembro 25, 2006

Meu infinito

Ah se meus suspiros
Eu conseguisse contar...
De certo chegaríamos
Em equações
Com variáveis complexas.
Mesmo assim,
Sempre tendo a você.

Mesmo derivando
Todo sentimento...
Nosso conjunto
Sempre existe.
Mesmo não sendo real.

domingo, setembro 24, 2006

UM BELO DIA

O clima era perfeito
Para os meus nublados sentimentos
O sereno tímido
Anunciava as lágrimas que não viriam
Era feiúra apropriada do tal dia
o que tornava tudo tão belo

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música que recomendo: "La Vie Est Dure" da Anaïs

sábado, setembro 23, 2006

O ESTRANGEIRO

O estrangeiro chegou
e não trouxe nada.
Apenas poeira, lágrimas e sol.

Sentou-se na praça.
Olhou pra igreja.
Roubou-nos o arrebol.

Os pássaros, num susto,
fugiram desconfiados.
Estrangeiro espantalho.

O dia escurou.
As plantas secaram.
Morreu todo o gado.

As mulheres, entregues,
rasgaram as roupas
e gozaram sem querer.

Os homens, de repente,
nada mais eram...
nada a fazer!

O estrangeiro se virou,
sorriu meio de lado
e se foi, exausto.

Deixou o desespero,
a destruição
e seu úmido rastro.

quinta-feira, setembro 21, 2006

Tô perdido nesse mundo
no meio de tanta gente
Tão transparente
Que à luz nem se vê
nem se nota
Tá tão escuro
que ninguém nem se importa
É só um vulto
Mais um ser transparente
entre vários outros seres
opacos
num mundo obscuro

quarta-feira, setembro 20, 2006

terça-feira, setembro 19, 2006

dos amores

Há amores que viram arte,
traduzidos em poemas.
São iguais em toda parte
em melodias e dilemas.

Surrealismo à toda prova,
que foi eternizado em si,
na forma como na obra,
assim como Gala e Dali.

Há amores sem fronteiras,
que dão errado, dão certo,
ou são pela vida inteira,
assim como Paula e Bebeto.

Infinito enquanto dura,
renascendo no afã.
Sobrevive em escultura
como Camille e Rodin.

Paraíso ou inferno?
De real a inconstante,
doce, meigo, eterno,
como o de Beatriz e Dante.

Teu não é sim pra mim,
nessa contradição harmônica.
Começo meio sem fim,
eis então, Eduardo e Mônica.

É a velha chama brilhante,
às vezes mera utopia.
Um sonho mais que distante,
quem me dera Léo e Bia.

E do teu, o que me dizes;
se faz de noites chuvosas,
ou de belas manhãs felizes?

segunda-feira, setembro 18, 2006

Ciclos

Amanheci em ti
Ensolarada em nós
Perdi os ditos
Reli os não ditos
E em lugar algum cheguei.
Então voltei,
Retomei as meadas,
Marquei novos passos
E em novos ciclos
Vaguei.

domingo, setembro 17, 2006

MEU RITMO

Ora sou moço
Ora sou poça
Ora sou forte
Noutras temo a morte

Quando sou força
Some meu fosso
Quando dói corte
Choro minha sorte

Um dia sou casa
Um dia sou caso
Noutros vôo raso
Quando sou asa

Às vezes sou sapo
Às vezes sou gente
Noutras, de repente
Sou fim de papo

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música que recomendo: "Vai Saber", é da Calcanhotto mas tá no CD de Samba da Marisa Monte

sábado, setembro 16, 2006

RESPOSTA A UM AMIGO DE LETRAS

Um poema, meu amigo, é lembrança
outrora viva, hoje em brumas
daquelas que se busca, na esperança
vã, pois se perdem nas dunas

do pensamento que não se alcança...

Um poema, Múcio, é bússola
sem agulha e sem orientação
é barco à deriva, uma escuna
onde faltam leme e timão
e as ondas o levam, uma a uma...


Um poema – eu sei – é silêncio
é matéria fluida e amorfa
um poema, amigo, é cimento
à espera de fôrmas e formas
um poema é um único momento


Um poema é uma mordida na pele
é a dor que se avizinha, nítida
é um golpe na nuca, um direto
cicatriz invisível, onírica
um corte sem sangue, infecto


Um poema é ausência de gozo
e um coito interrompido
é um jato sem força, viscoso
um gemido interrompido
ainda no nascedouro


Um poema, é sim, um poema
e um poema somente
uma junção de fonemas
mais ou menos consistente
à espera de um dilema...

e de um leitor paciente!

quinta-feira, setembro 14, 2006

O vôo do navegador

Todos temos um mar
de possibilidades
Mas Realidade é âncora
O Medo habita o cais do porto
Os bravos enfrentam a fúria do oceano
Os bravos e os pescasdores, claro
Pescador nem sempre é bravo
mas aprende a sê-lo
na marra
Na praia, muitos morrem
e muitos vivem, e bem,
aproveitando o sol
e vendo o mar se desfazer em ondas
Eu vivo a navegar
nesse mar
Pois navegar é preciso
Viver já não o é
Mas como vivo a navegar, tá ótimo!
Navegando no concreto
Afundando no abstrato
Tenho um mar de possibilidades
e busco ir além do horizonte
Tantas opções
e busco uma que não há
neste mar
Já não ligo mais
pro cais
nem pras âncoras
Eu posso voar

quarta-feira, setembro 13, 2006

Círculo Vicioso

E o coração novamente pulsa.
Inspira.
Pensa na recusa.
Decide pela paciência.
Expira.

Sopro de vida.
Inspira.
Estranha a batida.
Apela pra resistência.
Expira.

Sentimentos trocam de lugar.
Inspira.
Obstina-se em cismar.
Criada a reticência.
Expira.

A tentativa enceta sua ruína.
Inspira.
A espera se torna ferina.
E tudo retrocede à ausência.
Expira.

Círculo.
Inspira.
Expira.
Eternamente vicioso...

terça-feira, setembro 12, 2006

amei

À meia luz,
meias palavras
meio sem jeito
se entremeiam...

À meia voz,
meias bocas,
meio sem tom
se incendeiam...

À meia noite,
meias verdades,
meio sem nexo,
se entregam...

Amei à luz
daquelas noites,
sem meias verdades,
sem nexo ou tom.

Amei a voz
daquela boca,
que meio louca,
eu tinha a sós.

Amei-a...
À meia luz,
À meia noite,
À meia voz.

segunda-feira, setembro 11, 2006

Cárcere

Passado distante
Incessível e adormecido
Chama apagada
Pavio queimado
Passo dado
Página virada
Sangue estancado
Amor esmagado.

Sopra doce brisaVolta
Doce nave esperança
Vôo leve
Sem destino
Em busca de ti
Em busca de mim.

Onde estou
Escuto ruídos
Insanos
Indescritíveis e mundanos.

Ruídos fortes
Gigantes
Eternos e constantes.

Vozes, gritos e sussurros
Loucas e gentis
Compartilham de cálices
Vis...

domingo, setembro 10, 2006

O ÚLTIMO QUE ME ACORDOU O LÁPIS

O último que me acordou o lápis
era um jovem de certo rebelde.
Mas de uma rebeldia que atingia só
o raio de quem o enxergava.

O olhar carregado em meio a mansa tarde,
e um desejo de que a roupa-atitude revele.
Mas revelava apenas a cabeça em nó.
Ao invés de toda a segurança ostentada.

No vermelho sangue das mechas no cabelo,
a tinta de quem pinta suas flechas
e o espelho da ginga a um tanque imposta
pelas feridas de bosta que lhe acertavam a vida.

O último que me acordou o lápis
fui eu da janela-reflexo,
foi ele da rua dos nexos,
foi um segundo de plexos em choque nos ares.

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música que recomendo: "House of the Rising Sun" na voz de Nina Simone

sábado, setembro 09, 2006

ARREPENDIMENTO

Não estou me afogando
com rapidez suficiente...
Por favor!
Ainda há ar em meus pulmões!

Ainda há esperança de vida...
ainda me faltam razões!

Bem que me avisaram...
um tiro seria melhor
às minhas pretensões!

quinta-feira, setembro 07, 2006

Coisa louca

Coisa louca
essa gente
que vive
loucamente
Mentes doidas
criativas
Mentirosas
Mente rosas
sem espinhos
Perfume
entorpecente
Penetram
em nossa mente
(Lança? Lança e perfume?)
Penetram
em nosso íntimo
Nos penetram
Nos corrompem
Nos consomem
Nos devassam
Nos levam ao delírio
Me enche de fascínio
Toda essa loucura
Gostosura
de viver a vida
assim
essa
coisa louca

quarta-feira, setembro 06, 2006

sou toda espaços
em mil opções de
vidas.
sou única nativa
de um lugar que
existiu.
sou terra num mar
vindo de olhos tão
cerrados.

é...
[sou assim, mesmo]

terça-feira, setembro 05, 2006

naufragar é preciso

    certezas em ti navego
dúvidas me querem cais
sentida pelo sentir
minha alma apavorada
segue o dilema
esse espírito de corpo
a querer ser grande
valer a pena
e nunca ais

segunda-feira, setembro 04, 2006

Sonho

Acordei

com o soluço

descompassado.

Percebi

que não dormia

apenas sonhava.

Dormi

Sonhei

com o soluço

e chorei acordada.

domingo, setembro 03, 2006

Queria te dizer uma coisa

Queria te dizer uma coisa
Mas só tenho palavras
Só tenho palavras
Queria te falar pelos olhos
Mas as pupilas continuam dilatadas
Queria te contar dos latejos
Mas só te vejo
Só te vejo e mais nada

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música que recomento: "Greens Eyes" da Erykah Badu

sábado, setembro 02, 2006

REVOLTA

A turba, descontrolada
invadiu em desvario a estrada
bloquearam as vias, os viadutos
crianças, mulheres, homens adultos
fogo em barreira de pneus
sonhos que nem eram os seus
apenas a luta pela sobrevivência
apenas a fome e a demência

numa explosão de fúria incontida
a morte se mesclou à vida
o sangue se misturou ao asfalto
e Deus, caladinho,

olha tudo do alto...