Ah e quem diria,
o velho Oscar
morre de medo de morrer,
morre de medo de voar,
o bom e velho Oscar.
E quem haveria de dizer
os medos que ele tem,
morrer de medo de morrer,
Oscar, logo você,
que já passou dos cem?
E deve ter pensado assim
o grande Oscar: “não vou
de avião a Cuba,
vai que um vento me derruba,
e lá vou eu morrer no mar!”
E lá não foi, o grande Oscar,
beijar a mão do seu amigo
que não tem medo de voar,
tampouco medo de morrer,
medo de morrer no mar.
É que voar, Oscar,
é um artifício comum da solidão,
voar é o que você faz
com a sua obra, Oscar,
mas, sem precisar sair do chão.
Porque Oscar Niemeyer não foi a Cuba.
quinta-feira, janeiro 31, 2008
dos medos de Oscar
Gotas:
Múcio
quarta-feira, janeiro 30, 2008
estranhas entranhas
Há dias em que minhas palavras
Simplesmente desafiam-me.
Em outros apenas
Acompanham-me.
Em outros dias apenas
Azucrinam e balbuciam
Significados dispersos
Em caminhos diversos.
Alimento-me de metáforas
Soltas no eco do verso
Fincadas em absolutas
Mentiras poéticas.
E ao nada chego,
Em tudo disperso
E em círculos
Permaneço.
Desafiadas e desafinadas
São as palavras que
Brotam
Ultimamente...
Entranhadas em mim
Estranhamente.
Simplesmente desafiam-me.
Em outros apenas
Acompanham-me.
Em outros dias apenas
Azucrinam e balbuciam
Significados dispersos
Em caminhos diversos.
Alimento-me de metáforas
Soltas no eco do verso
Fincadas em absolutas
Mentiras poéticas.
E ao nada chego,
Em tudo disperso
E em círculos
Permaneço.
Desafiadas e desafinadas
São as palavras que
Brotam
Ultimamente...
Entranhadas em mim
Estranhamente.
Gotas:
Aline
terça-feira, janeiro 29, 2008
O cantor em dia de gravação
para Rafael Gryner
Há um certo tormento
no entretido dever
de soltar pela voz
e fazê-la instrumento.
Grave risco é gravar
o cantar de um momento.
De euforia ou lamento,
ficará velha a vez.
Se o que fez vira vento,
pó, uivo poeirento
de memória rasteira,
não há nada pior
que levar, vida inteira,
da garganta o nó.
Gotas:
Leandro
segunda-feira, janeiro 28, 2008
sampoema sampoerna nem cabeça
Que o que a cidade tem de boa
ela tem de imunda
essa cinza tão entranhada
encardida e profunda
que o colorido destoa
no muro grafitado
na rosa que abotoa
cinza que não dissolve nunca,
nem quando a cidade inunda
(só trafegável à canoa)
com qualquer chuvinha
não à toa
pra que ninguém mais a confunda
com uma terra de garoa
Gotas:
czarina
domingo, janeiro 27, 2008
Friaca
Vamos!
Vamos fazer uma fogueira
Vamos pra perto da lareira
Ler e contar histórias doidas
Beber pra caramba
Falar bem de alguns
e mal de outros
Vamos cantar aquela música zuada
só pra todos em volta rirem
Vamos desenterrar fatos cômicos
com a pá de nossa memória
Justo aqueles que deram
tanto trabalho pra esquecer
Vamos nos proteger
Vamos nos abraçar
Vamos achar um lugar
quente
e juntar os nossos
corpos
e nos tornar abrigo
Vamos aquecer os nossos corações
como aprendemos a fazer
nessa cidade
Vamos fazer uma fogueira
Vamos pra perto da lareira
Ler e contar histórias doidas
Beber pra caramba
Falar bem de alguns
e mal de outros
Vamos cantar aquela música zuada
só pra todos em volta rirem
Vamos desenterrar fatos cômicos
com a pá de nossa memória
Justo aqueles que deram
tanto trabalho pra esquecer
Vamos nos proteger
Vamos nos abraçar
Vamos achar um lugar
quente
e juntar os nossos
corpos
e nos tornar abrigo
Vamos aquecer os nossos corações
como aprendemos a fazer
nessa cidade
Que é só assim pra suportar essa friaca...
Gotas:
JF de Souza
sábado, janeiro 26, 2008
Destino
percorro as paredes do teu corpo
percorro o que me convém
por teus cabelos
por teus olhos
corro
terra arrasada
terra de ninguém...
uma só mulher harém!
percorro o que me convém
por teus cabelos
por teus olhos
corro
terra arrasada
terra de ninguém...
uma só mulher harém!
Gotas:
Moacir
sexta-feira, janeiro 25, 2008
força motriz
eu vou rimar cicatriz com meretriz pois quando você foi embora eu fiquei puta
Gotas:
Mary
quinta-feira, janeiro 24, 2008
tatuagem
teria
sido o crime
perfeito,
nada mais,
não tivesse
o teu corpo
repleto de minhas
digitais.
sido o crime
perfeito,
nada mais,
não tivesse
o teu corpo
repleto de minhas
digitais.
Gotas:
Múcio
quarta-feira, janeiro 23, 2008
jaz(z)
.
.
.
nóia paranóica
enrola-se do chão à cabeça
pari feito pólen
natureza morta
sobre tela póstuma
dia após dia
rotina aqui jaz(z)
enrola-se do chão à cabeça
pari feito pólen
natureza morta
sobre tela póstuma
dia após dia
rotina aqui jaz(z)
Gotas:
Aline
terça-feira, janeiro 22, 2008
E O LÁPIS
.
De cada papo que toca o céu,
o papel.
Da tal conversa que não disperso,
o verso versa.
E à boa idéia que fácil se acha,
a borracha.
De cada papo que toca o céu,
o papel.
Da tal conversa que não disperso,
o verso versa.
E à boa idéia que fácil se acha,
a borracha.
Gotas:
Leandro
segunda-feira, janeiro 21, 2008
;
vem meu rei,
que a cama é pequena
mas o coração é king-size
que a cama é pequena
mas o coração é king-size
Gotas:
czarina
domingo, janeiro 20, 2008
Nada se cria
Neste mundo
em que tanto se ganha
e tanto se perde
Nada se cria
Apenas
se transforma...
...ou se copia
Mas não se cria
No mais,
se mente
O que há de mais parecido com
criação,
hoje em dia, não passa de
mentira,
ilusão...
Neste mundo, meus caros,
nada se cria!
No mais, se mente
E tanto se mente
que até germina
nas mentes de muitos
Essa erva daninha
que tem raiz curta
mas cresce cada vez mais
utilizando o mesmo adubo
de nossos sonhos...
E essa gente
é engraçada:
quanto menos pode,
mais sonha,
mais imagina...
Imaginação é terra fértil
onde tudo que se planta dá...
...e até isso, às vezes, é ruim...
E os frutos bons,
com certeza,
serão roubados,
ou vendidos a preço barato,
ou simplesmente entregues de graça
no fim...
Enfim,
meus caros,
nada se cria...
em que tanto se ganha
e tanto se perde
Nada se cria
Apenas
se transforma...
...ou se copia
Mas não se cria
No mais,
se mente
O que há de mais parecido com
criação,
hoje em dia, não passa de
mentira,
ilusão...
Neste mundo, meus caros,
nada se cria!
No mais, se mente
E tanto se mente
que até germina
nas mentes de muitos
Essa erva daninha
que tem raiz curta
mas cresce cada vez mais
utilizando o mesmo adubo
de nossos sonhos...
E essa gente
é engraçada:
quanto menos pode,
mais sonha,
mais imagina...
Imaginação é terra fértil
onde tudo que se planta dá...
...e até isso, às vezes, é ruim...
E os frutos bons,
com certeza,
serão roubados,
ou vendidos a preço barato,
ou simplesmente entregues de graça
no fim...
Enfim,
meus caros,
nada se cria...
Gotas:
JF de Souza
sábado, janeiro 19, 2008
Buzz Aldrin
Eu queria ser o primeiro.
Queria o frescor derradeiro.
Queria ver meus passos naquela poeira.
Queria dizer a frase certa
no momento certo
e ver meu nome ressoar
por uma geração inteira.
Queria ser o primeiro a pousar meu olhar
naquela paisagem desértica.
Queria a honra profética
de respirar nenhum ar.
E flutuar.
Queria, enfim,
que tudo fosse pra mim.
But I´m wrong.
I´m not Neil Armstrong.
Queria o frescor derradeiro.
Queria ver meus passos naquela poeira.
Queria dizer a frase certa
no momento certo
e ver meu nome ressoar
por uma geração inteira.
Queria ser o primeiro a pousar meu olhar
naquela paisagem desértica.
Queria a honra profética
de respirar nenhum ar.
E flutuar.
Queria, enfim,
que tudo fosse pra mim.
But I´m wrong.
I´m not Neil Armstrong.
Gotas:
Moacir
sexta-feira, janeiro 18, 2008
esperança
faz tantos dias
que você saiu pra comprar o cigarro
e minha fatia de torta
essa padaria me arruinou
você deve ter levado todos os sonhos
e perdeu o caminho da volta
eu já me cansei desse sofá
mas se você ainda quer o meu amor
juro que está aberta a minha porta
que você saiu pra comprar o cigarro
e minha fatia de torta
essa padaria me arruinou
você deve ter levado todos os sonhos
e perdeu o caminho da volta
eu já me cansei desse sofá
mas se você ainda quer o meu amor
juro que está aberta a minha porta
Gotas:
Mary
quinta-feira, janeiro 17, 2008
calmaria
ando
tão pacífico,
um surto absorto,
meu mediterrâneo
é um mar
morto.
Gotas:
Múcio
quarta-feira, janeiro 16, 2008
ponto em seguida
.
.
.
.
Não, não venha dizer-me não.
Não adianta não...
Pois nego-me a cada não em vão.
Não adianta não...
Pois nego-me a cada não em vão.
Gotas:
Aline
terça-feira, janeiro 15, 2008
SOMBRAS
Não me sobra tempo,
Sobram sobras e assombrações
pelo que tento.
E sopram tanto meus ouvidos
que não consigo ouvi-las.
Sigo, então, em vão o vento,
rastejando ao chão
feito obra.
Sobram sobras e assombrações
pelo que tento.
E sopram tanto meus ouvidos
que não consigo ouvi-las.
Sigo, então, em vão o vento,
rastejando ao chão
feito obra.
Gotas:
Leandro
segunda-feira, janeiro 14, 2008
tutorial
fazer rima
é muito fácil
é só fazer
como eu faço.
é muito fácil
é só fazer
como eu faço.
Gotas:
czarina
A minha música*
Não consigo ouvir
a música...
Ao fundo, lá longe...
O silêncio
tenta me dizer algo...
E eu...
Ora, silêncio!!!
Tô tentando ouvir,
não tá vendo???
A música
parecia tão
bela, suave, agradável...
Ah, esse
lixo de música
de novo?-- alguém disse...
Um encanto
se desfez
ali mesmo...
E percebi
como o mundo
é barulhento...
E todo barulho,
de repente,
virou música...
O mundo
não sabe de nada...
Mas eu sei...
Música
é aquela
que nunca mais ouvi.
a música...
Ao fundo, lá longe...
O silêncio
tenta me dizer algo...
E eu...
Ora, silêncio!!!
Tô tentando ouvir,
não tá vendo???
A música
parecia tão
bela, suave, agradável...
Ah, esse
lixo de música
de novo?-- alguém disse...
Um encanto
se desfez
ali mesmo...
E percebi
como o mundo
é barulhento...
E todo barulho,
de repente,
virou música...
O mundo
não sabe de nada...
Mas eu sei...
Música
é aquela
que nunca mais ouvi.
Gotas:
JF de Souza
sábado, janeiro 12, 2008
Esquecimento
Então a memória nos trai.
E a antiga vida principia a desaparecer.
Algumas palavras.
Alguns sons.
Alguns cheiros.
E tudo o que parecia indivisível
desvanesce por inteiro.
Então a lembrança nos distrai.
E as vozes não nos chamam mais.
E o futuro se reveste de paz.
E então
o passado não mais nos atrai.
E nem mesmo o presente.
(sente!)
E tudo é só bruma e névoa e esquecimento.
Pezinhos de crianças em calçada de cimento.
E a antiga vida principia a desaparecer.
Algumas palavras.
Alguns sons.
Alguns cheiros.
E tudo o que parecia indivisível
desvanesce por inteiro.
Então a lembrança nos distrai.
E as vozes não nos chamam mais.
E o futuro se reveste de paz.
E então
o passado não mais nos atrai.
E nem mesmo o presente.
(sente!)
E tudo é só bruma e névoa e esquecimento.
Pezinhos de crianças em calçada de cimento.
Gotas:
Moacir
sexta-feira, janeiro 11, 2008
a praia de Iracema
para Bosco Sobreira
Meus cabelos negrosde Iracema
balançam com o vento
da praia dela
da virgem dos lábios de mel
Leva-me Iracema
quero ser sereia
e viver do mel e do sal
deste lugar
Gotas:
Mary
quinta-feira, janeiro 10, 2008
bi-labial
é nos teus lábios
que
meus problemas
se tornam amenos,
tanto os grandes,
como os pequenos.
que
meus problemas
se tornam amenos,
tanto os grandes,
como os pequenos.
Gotas:
Múcio
quarta-feira, janeiro 09, 2008
chuva de caju
Vem ver!
Está a trovejar
Essa chuva é doce
Saboreie seu gotejar.
Está a trovejar
Essa chuva é doce
Saboreie seu gotejar.
Gotas:
Aline
terça-feira, janeiro 08, 2008
FLORESCER DENTRO
(poeminha de saudosa
despedida para Nanna
que está deixando o B7C)
florescer dentro
é o que importa
é o que é porta
a flor ser dentro
Gotas:
Leandro
segunda-feira, janeiro 07, 2008
o sol e o mofo
melhor voar,
e ser Ícaro,
do que guardar umas asas
cheias de ácaros.
e ser Ícaro,
do que guardar umas asas
cheias de ácaros.
Gotas:
czarina
domingo, janeiro 06, 2008
Perdido
escrito em 25 de abril de 2006
Perdido no tempo
Perdido na vida
Perdido no mundo
Perdido em cada um
Perdi a Verdade
Me perdi de verdade
Em várias verdades
Em vários mundos
Em várias vidas
Em vários tempos
Vários fragmentos
da Verdade
Perdidos
Gotas:
JF de Souza
sábado, janeiro 05, 2008
Rolim de Moura
Distância.
E poeira.
E pernilongos.
E calor a noite inteira.
Distância.
E saudade.
E poeira.
E eu... só metade!
Distância.
Matadeira.
Distância.
E poeira.
E bem-aventurados os que estão longe,
pois deles é o Reino do Esconde-Esconde.
E poeira.
E pernilongos.
E calor a noite inteira.
Distância.
E saudade.
E poeira.
E eu... só metade!
Distância.
Matadeira.
Distância.
E poeira.
E bem-aventurados os que estão longe,
pois deles é o Reino do Esconde-Esconde.
Gotas:
Moacir
quinta-feira, janeiro 03, 2008
um trago
trago minas
nas minhas retinas,
na seda da pele,
e das cortinas,
trago minas
nas flores,
nas tardes,
e no orvalho
das matinas,
trago minas
no cigarro
dessa solidão,
um trago,
e tenho minas,
arco-íris
no horizonte
da palma
da minha mão.
nas minhas retinas,
na seda da pele,
e das cortinas,
trago minas
nas flores,
nas tardes,
e no orvalho
das matinas,
trago minas
no cigarro
dessa solidão,
um trago,
e tenho minas,
arco-íris
no horizonte
da palma
da minha mão.
Gotas:
Múcio
terça-feira, janeiro 01, 2008
RETRATO
O irrigado das horas
nem sempre me brota poemas;
nem o contemplado do tempo
enxerga-me sempre de histórias.
No abstrato momento, o olho
só é desejo por dentro,
e queda asséptico à volta:
a mudez do cenário retrato.
nem sempre me brota poemas;
nem o contemplado do tempo
enxerga-me sempre de histórias.
No abstrato momento, o olho
só é desejo por dentro,
e queda asséptico à volta:
a mudez do cenário retrato.
Gotas:
Leandro
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