Meu filho, um dia
tudo isto será teu...
essa vida esquisita,
cheia de mistérios insondáveis,
e melancolias infinitas...
esse desespero, esse mergulho no breu!
Meu filho, tudo o que tenho
passará a ser teu.
A pobreza, a enxaqueca,
o medo, a dor de cabeça,
o ar poluído, o desejo pelo proibido
e a dor de quem se esqueceu...
Meu filho, minha herança
será tua maldição e tua bonança.
E tuas lágrimas secarão
e teus braços se cansarão
e tua piedade se aquietará
ante a sombra que virá.
E roubarão tua esperança.
Mas, meu filho, que maravilha
quando enfim chegar o dia
de nascer um filho teu.
E saberás que não está sozinho.
Tens alguém pra dividir
o pouco do teu carinho
e a carga que Deus lhe deu.
E olharás aquele rosto inocente
de quem ainda não aprendeu a ser gente
e lhe dirás, mostrando o horizonte:
"Meu filho, toda essa dor,
que vês aqui e ao longe,
tudo o que em ti se esconde,
tudo isso um dia será teu!"
6 comentários:
Admirável essa sua capacidade de me emocionar sempre e tanto!!!! Beijos mil!!!
herança cruel esta.
Moacir, que belezura de poema. Gostei demais...
Tem um jeito tão peculiar de um amigo-poeta meu... e que eu também sou fã.
Parabéns pela sensibilidade desse texto.
Bjos meus.
Tô aqui, tentando esboçar um comentário decente... Mas as palavras sumiram, agora...
Só sei que estou maravilhado com o que leio aqui!
1[]!
puxa Moacir, belíssimo!
Cruel e verdadeiro...
Belo, Moacir!
:)
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