sábado, julho 28, 2007

Herança

Meu filho, um dia
tudo isto será teu...
essa vida esquisita,
cheia de mistérios insondáveis,
e melancolias infinitas...
esse desespero, esse mergulho no breu!

Meu filho, tudo o que tenho
passará a ser teu.
A pobreza, a enxaqueca,
o medo, a dor de cabeça,
o ar poluído, o desejo pelo proibido
e a dor de quem se esqueceu...

Meu filho, minha herança
será tua maldição e tua bonança.
E tuas lágrimas secarão
e teus braços se cansarão
e tua piedade se aquietará
ante a sombra que virá.
E roubarão tua esperança.

Mas, meu filho, que maravilha
quando enfim chegar o dia
de nascer um filho teu.
E saberás que não está sozinho.
Tens alguém pra dividir
o pouco do teu carinho
e a carga que Deus lhe deu.

E olharás aquele rosto inocente
de quem ainda não aprendeu a ser gente
e lhe dirás, mostrando o horizonte:
"Meu filho, toda essa dor,
que vês aqui e ao longe,
tudo o que em ti se esconde,
tudo isso um dia será teu!"

6 comentários:

Anônimo disse...

Admirável essa sua capacidade de me emocionar sempre e tanto!!!! Beijos mil!!!

Ricardo Rayol disse...

herança cruel esta.

Juliana Pimentel Pestana disse...

Moacir, que belezura de poema. Gostei demais...
Tem um jeito tão peculiar de um amigo-poeta meu... e que eu também sou fã.

Parabéns pela sensibilidade desse texto.

Bjos meus.

J.F. de Souza disse...

Tô aqui, tentando esboçar um comentário decente... Mas as palavras sumiram, agora...

Só sei que estou maravilhado com o que leio aqui!

1[]!

Leandro Jardim disse...

puxa Moacir, belíssimo!

Marina disse...

Cruel e verdadeiro...

Belo, Moacir!

:)