sexta-feira, outubro 31, 2008

Profilática

Falam-me de alegria e
eu palhaça sem circo
abro a janela para vê-la passar
"São os riscos que se corre..."
Penso enquanto escrevo para
Anônimo destinatário,
Vive-se tanto e não sabe
o que é viver!
Porém, trago em meu bolso
uma brisa suave de mar,
que levo
a todo lugar...
Pois nunca se sabe,
quando se estará no inferno.

Adélia

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Minha convidada, Adélia, é uma querida amiga potiguar. Ela se veste de poesia e sabe como ninguém tecer versos coloridos. Estampados.

Conheçam mais da moça Estampada! Eu sou fã! =)

quinta-feira, outubro 30, 2008

Valéria vale!.








Ela faz poesia da poesia, e de uma maneira magistral. Dona de um olhar ímpar, capta imagens belíssimas e em cima destas põe o seu estilo, transformando fragmentos poéticos em poemas inteiros, obras completas. Tive a honra de tê-la participando dO avesso [vide capa]. Fã de Manoel de Barros, Arnaldo Antunes, Clarice dentre outros, Valéria tem o feeling e sabe muito bem o que faz com ele.

Sinta aqui: http://souoquesinto.blig.ig.com.br/

quarta-feira, outubro 29, 2008

EMBRIAGUÊS

Que pena quando a surpresa já não se faz mais presente.
Quando o inusitado já não nos visita.
Quando a sensação que fica no corpo é como a água.
Insípida. Inodora. Incolor.

Que saudade da magia do vinho.
Do sabor forte, do aroma, do gosto inebriante.
Da nostalgia de estar embriagada.

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Minha convidada de hoje é a Andrea Bucci (ou Déia - como ela assinou seu e-mail ao mandar a poesia).
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Andréa Bucci é redatora publicitária, apaixonada por livros e poesia desde pequena. Também é muito apaixonada pelo seu namorado, que é 11 anos mais novo e quer virar seu marido, mas, cá entre nós, ela não quer casar. Inspira-se nos versos de sua avó e na poesia do imortal Mario Quintana. Escreve quando a emoção aflora, mas também nos momentos de incertezas, de exaustão e de êxtase. Acredita na magia das palavras e tem a palavra “palavra” como uma de suas tatuagens prediletas.
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Apesar de não ter blog, você poderá segui-la aqui
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Ah! Eu ia esquecendo... "rs"(aquele que também já foi convidado do B7C) ajudou-me nesta jornada em busca dessa caríssima convidada.

terça-feira, outubro 28, 2008

verborragia

A poesia grita
verte lâminas pela boca da noite
verborragia
embebeda de gotas tintas
o cálice meio cheio dos sonhos
em plena luz do dia.


Meu ilustre convidado, André Gabriel, é mestre nos haicais...
e eu caí de paixão... por seus poemas... seus escritos....
O que primeiro me chamou a atenção foi o nome do seu blog: Trajédia (porque tragédia pouca é bobajem) ... não resisti... rs... O moço tem humor, encanto, postura crítica... e muito lirismo nos versos! Confiram!!

segunda-feira, outubro 27, 2008

Eu te amo.

Precisava escrever aquela carta sem molhar o papel. Todos os outros borrões não justificavam mais esse desperdício. Ela precisava dizer que o amava. Escolheu rabiscar. Perdida entre todos os pedaços da sua história, espalhou suas fotos pelo chão. Achou no fundo da gaveta os bilhetes trocados, as pétalas guardadas, mas não era o que queria. Nada daquilo dizia que o amava com a intensidade necessária. Recorreu às salvações, escondeu as mazelas e esqueceu. Lembrou de todas as camas que dividiram quando crianças, dos bichos que fizeram de filhos, das fantasias usadas na rua, das vezes que se disseram namorados e de todas as outras que se ofenderam quando não queriam mais ser. Riu das noites em claro enquanto ele dormia, das experiências feitas com tinta, dos desenhos, das flores que comeram, dos filmes, das descobertas e das vezes que o fez ser pai de suas bonecas. Ela já o tinha salvo de tantos perigos... Pulou janelas pra abrir uma porta, gritou com o mundo para que o deixassem ser seu amigo. Sentiu frio com reecontros. Era sempre a gostosa certeza de que o tempo podia passar, a intimidade da infância tinha apenas amadurecido. Lembrou das risadas escondidas, das noites de sexta vendo televisão, te ter contado todos os seus sgredos pra ele. Chorou pela certeza das tentativas daquele amigo em tentar salvá-la dela mesma. Com ele, não se sentia mais sozinha. Fez de conta não lembrar que seus pais desejavam secretamente aquele casamento. Recordou de todas as festas que tinham ido e dançado a noite inteira. Lembrou até de ter sentido ciúmes. Riu. Ela sangrava com as dores dele e sabia que ele sofria com as dela. Desligou a filmadora. Aquela cena vulnerável, solitária e passional bastava. Aquela cena dizia eu te amo. Embalou a fita sem coragem de enviar. Guardou no alto do armário. Teve a plena certeza de que eram paralelos. Mas ainda iam se encontrar no infinito.


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Sabe aquelas pessoas que a gente conhece e nem suspeita de nada?
Então. A Clarice é a amiga de uma amiga e então, um dia... abriu um blogue.
fui lá e visitei. E não é que a menina escreve? E não é que a menina arrasa?

Mais, ela escreve com a volúpia de quem começou agora e parte da diversão é ver como ela avança e evolui e experimenta a cada texto. O acima, ela escreveu especialmente aqui pro blog de sete.

Clarice, cê me pegou de surpresa. (adooouro o nome do blogue dela. adooouro)

domingo, outubro 26, 2008

Nova Semana de Convidados

Povo,

Abro a Semana de Convidados com um escrito de uma encantadora moça, cujas letras vim a conhecer recentemente...
Mas pelas quais já estou apaixonado! Foi amor à primeira lida! =)

Apreciem!



Previsão

por Sabrina Sanfelice

Abro os olhos e torno a fechá-los
Num instante, como um relâmpago
Um gato amarelo que ronda os telhados alheios
Sinto saudade do futuro

De dentro da caixinha de música
A bailarina com a saia quebrada
Ainda dança a melodia
Que criei para nós dois

Meu sonho, uma relíquia guardada
Embora nunca vivida
É delineada, colorida, regada a cada dia
Para desabrochar amanhã

No meu jardim invísivel
Aquele que enxergo
Com as pupilas negras de luz
Mora o tempo que há de vir

Vindouro, venturo, destino
Eu traço cada detalhe
Do seu rosto, seus gestos
Do agora ao porvir

Pobre criatura!
Lambendo os lábios açucarados
Do mais puro placebo
Fruto de seu próprio desatino

Pobre menino!
Personagem arrancado da infância
Recém-saído do poster da parede
Para a vida eterna

Clarividência ou ilusão?
Presciência do amor
Remédio para dor
Previsão


Quem quiser um pouco mais dos escritos de Sabrina Sanfelice, não deixe de visitar seu blog - que não é um blog de poemas, mas, de qualquer forma, é imperdível, necessário até:

Good Night Captain

Espero que gostem tanto quanto eu!

sábado, outubro 25, 2008

Paz

Quero uma guerra
mas daquelas
das antigas

sem mira laser
sem radares
sem mentiras

uma guerra limpa
talvez santa
de bravura tal
e loucura tanta

uma guerra fria
sem estratégia
ou anestesia

uma guerra guerra
por questões de honra
ou conquista de terra

quero uma guerra por dia
pra me provar o valor
e me matar a poesia

pra que eu possa enfim
tirar essa venda dos olhos
e ver dentro de mim

*

Quero uma guerra a mais
quero lutar de peito aberto
como lutam os animais

quero uma luta desigual
que comece na Páscoa
e termine no Natal

quero uma guerra somente
pra desafogo da alma
e exercício da mente

quero brigar com você
de murro, soco e pontapé
como eu vi na tevê

quero ser herói de guerra
pra ver se o sono se encerra

quero morrer lutando
e depois, com medalha no peito
sair cagando e andando.

*

Quero uma guerra multilateral
que é pra dar porrada
em todo mundo por igual

quero bater pra valer
sentir seus ossos quebrando
sentir seu sangue descer

quero comemorar na taverna
um inimigo sem braço
e outro sem perna

quero ser o suor da batalha
a linha de tiro
e o fio da navalha

quero dormir numa tenda
contagem de corpos ao invés
de imposto de renda

*

Quero morrer
em solo inimigo
ao mesmo tempo
prazer
e castigo.

sexta-feira, outubro 24, 2008

a mulher e o atirador

pode me atirar
facas pedras pérolas
estou aqui
nua e oferecida

pode me atirar
balas bombas rosas
estou aqui
cega e estremecida

quero ser
seu alvo
sua vítima
a mulher de sua vida

quinta-feira, outubro 23, 2008

há vaga

cansei
de ser só

quero alguém
pra dar um nó

alguém que caminhe
comigo

do pó
ao pó

quarta-feira, outubro 22, 2008

lost

.
.
não há nada além do caos
repetidas linhas
espasmos líricos
tudo em vão
a poesia foi-se de vez
imaginar-me sem ela
doloroso demais
torno-me incapaz
andarei com pés descalços.

terça-feira, outubro 21, 2008

diagnóstico

Meu coração
sem juízo
deixa-me este aviso:
Músculo coronário em reforma!
Nada mais me informa

(Desconfio que esteja apaixonado!)

segunda-feira, outubro 20, 2008

finesse


me agrada teu jeito de galgo

de bicho todo delgado

desse milagre magro

esse paradoxo

de fundo de poço

de ser a um só tempo

o cão

e o osso


domingo, outubro 19, 2008

Pra desabafar

Abafado
aqui dentro, né?
Me sinto como
sufocado...

Preciso
abrir
as janelas
Arejar um pouco mais
o ambiente
A minha mente
precisa
respirar
Preciso abrir as vias
para o circular
dos novos ares

Preciso
expelir
o que está
dentro
de
mim!

sábado, outubro 18, 2008

Fábula Rasa

Sentado no vaso sanitário
(último refúgio de tranquilidade
no moderno mundo hiper-vário)
vejo no azulejo a aranha.
Dessa de perna fina,
indefesa e pequenina.

Tinha quatro pernas apenas.
(deveras, um probema!)

Pra aumentar a estranheza
três delas à sua direita
e à esquerda apenas uma.
E se equilibrava, assimétrica pluma,
entre as semi-retas sem esquadro dos rejuntes.
Aranha transeunte.

Resisto à imediata propensão ao esmagamento
que me acomete
sempre que uma aranha me cruza o carpete.
Analiso com comedimento
como é que uma aranha se porta
sem quatro pernas, desalinhada, toda torta.

O mais estranho em todo o quadro
é que a terceira perna de um dos lados
se estendia à frente antes do passo.
Tateava antevendo o chão vindouro,
como uma tacanha antena,
como que em busca de um tesouro.

E seguia a aranha, em círculos minúsculos,
quatro pernas apenas,
metade de seus músculos.
Será que uma aranha entende de poesia?
Haverá nos aracnídeos
algo que os diferencia?

Cansado da simpatia
- brincadeira tão infantil -
esmago de uma vez, sem senões,
aranha e divagações.
Afinal, não posso perder um minuto.
Sou do banheiro
o rei absoluto.

sexta-feira, outubro 17, 2008

marina

crio âncoras neste mar
que não me deixam partir
faço uma prece à Iemanjá
para que desembarques no meu cais
e faças morada no meu ventre

quinta-feira, outubro 16, 2008

quarta-feira, outubro 15, 2008

blue

imagine
minha dor latente
ao ar livre
aos quatro ventos
assim
servido quente
vivo
borbulhante
na verdade, fervente
fotografada em outdoors
visível
ofuscante, saliente
perceptível
debochada, escrachada
feito piada barata
em esquinas e meios-fios
no fundo do barril
blue feito anil
imagina
tudo aqui
dentro de mim
convívio nu
diário
e guardado dentro
no que chamo de armário.

terça-feira, outubro 14, 2008

rapidinha

Meu amor não demora
ele sabe a hora certa de chegar
Meu amor acerta os ponteiros da vida
no tique-taque do meu peito
Ele não tem jeito...
Atrasa aos nossos passeios
Esquece seus lábios em mim...
Meu amor é assim!
Está sempre fazendo agora
o que eu pensava depois
entre nós dois...
Para o meu amor nunca há pouco tempo
Num segundo ele está por dentro...
E se abandona... largado
adormecido...
faz do meu corpo travesseiro
E se doa inteiro pra mim!

segunda-feira, outubro 13, 2008

rebentos

Tinha a mente tão fértil
Que acabou tendo
Uma gravidez psicológica.

domingo, outubro 12, 2008

Comunhão

Tome
Beba

É meu sangue
que você
me fez sangrar

Mas nada disso importa
Eu te perdôo

Tome
Beba

E não me esqueça

sábado, outubro 11, 2008

Platéia

Poesia, minha gente,
é uma coisa completamente diferente!

Tem que ter ritmo,
tem que ter rima (ou não).
Tem que ter cadência,
estrutura
e emoção.

Não é só a idéia.
A idéia é um décimo da poesia.
A idéia é somente o impulso.
Falta todo o restante da acrobacia.

Então, amigos, continuem na platéia.
Quem sabe eu escorregue da corda bamba
e tudo acabe em comédia?

(É engraçado
um palhaço estilhaçado?)

sexta-feira, outubro 10, 2008

anunciação

se
tu vens
mel de abelha
eu derreto

se
tu vens
lava de vulcão
eu ardo

se
tu vens
eu deito

se
não vens
eu mato

quinta-feira, outubro 09, 2008

samba da montanha

vou juntar uma merreca
vou dar no pé
vou comprar uma passagem
para meca
vou falar com maomé
pra saber
como é que é
essa tal de guerra santa
que tanto me espanta
homem-bomba
terrorista
maldades a perder de vista
em nome de um deus
qualé
sai dessa maomé
isso não vai dar pé
maior roubada
pára com isso
suicidas não têm vez
no paraíso
aquele lance
das setenta e tantas
virgens
não passa de vertigens
balela
puro caô
coisa que algum
infiel desocupado
inventou
sai dessa maomé
pra que tanta religião
vamos fazer a revolução
antes de voltarmos
ao pó
pra que guerra
santa ou não
pra que tanta confusão
vamos nessa maomé
vou dizer
como é que é
vamos desfazer o nó
eis aqui a solução
uma só religião
respondendo
ao deus maior







quarta-feira, outubro 08, 2008

promessa

sim, serei tua
em nosso imaginário
dentro de gavetas
em e-mails guardados
nas tintas das canetas
tal como um relicário
assim serei
ante o fim do verso
mesmo que não restem folhas
existiremos
nos meus, nos teus, em nossos verbos
em nossas escolhas
ante o ponto final
nosso amor exclamado
em verso e prosa
almas conectas
em países distantes
sim, serei
pois sou teu verbo
e tu minha saliva.

terça-feira, outubro 07, 2008

fim de caso

Está acabado!
enfim
nosso sim
tão certo
chegou ao fim!
Estamos assim:
De novo
dois meios
Sem suas partes
metades
Nossa primeira verdade!
Sem lágrimas
nem mentiras
Nosso conto
sem enredo
Nosso caso
sem memória
Nossa história
final.

segunda-feira, outubro 06, 2008

aviso

Te ofereci uma nota
pela noitada
mas você me deu um tapa
(Tapada!)
E depois deu o fora,
sua desaforada,
você ainda me paga
você vai ser é
apagada,
e vai ver como eu me safo,

depois de te descer o sarrafo,

safada.

domingo, outubro 05, 2008

Voando baixo*

Um dia sonhei
que podia voar
Estar acima
de toda loucura
desse mundo...
Voar...
Era tudo que eu mais queria
Em meio a tanta correria
Pairar no ar
Parar pra descansar...
Um caça passou rasgando os céus
E eu deixei essa idéia pra lá:
fui voando atrás dele!
Fui correndo!
Não posso parar!
Culpa da tecnologia
da engenharia
da supremacia
dos homens
Não precisaram cortar minhas asas:
só bastou virá-las...
Meu caça tem suas asas
de cabeça pra baixo
Não posso estar acima
Só à frente
Eu, a 300Km/h...
Fazendo curvas pra esquerda...
Não posso sair do chão...
Minha mente, a mil...
E sem rumo...
Só queria voar...

sábado, outubro 04, 2008



Ouve...
ouve o vento...
ouve o sol...
ouve a canção
e diz
se eu não tenho razão!

Ouve a voz
das folhas que caem ao vento.
Ouve o som baixinho
do meu sentimento.
Ouve a imensidão
de um único
e simples momento.


Ouve,
do alto da tua infância,
os tristes soluços de nós, adultos,
que brincamos de preencher o espaço.

Ouve, e sorri,
sabendo como viver é fácil!

sexta-feira, outubro 03, 2008

pedido de tempo

que as horas se percam
entrem num labirinto obscuro
e caiam em armadilhas vis

que as horas mergulhem
no fundo do poço
bem longe daqui

só assim
eu acabo com sua pressa
e você acalma a minha pele

quinta-feira, outubro 02, 2008

sacrolavoro

escrevo porque sou escravo
e escrever desse lado
não é pecado

escrevo porque sou escriba
mesmo que o meu escrever
jamais me tire da pindaíba

escrevo porque sou escroto
e é por isso
que eu ando roto

escrevo porque me sacia
e as letras que sonho à noite
exponho-as à luz do dia

escrevo porque dá barato
e as palavras são para mim
como moças de fino trato

escrevo porque dá tesão
é coisa que vem de dentro
não tem explicação

quarta-feira, outubro 01, 2008

ode ao casamento V

nem vem, meu bem
não me veja em outras silhuetas
não me compre tamanhos errados
já avisei
eu sou aquela que dorme ao teu lado.