Quero uma guerra
mas daquelas
das antigas
sem mira laser
sem radares
sem mentiras
uma guerra limpa
talvez santa
de bravura tal
e loucura tanta
uma guerra fria
sem estratégia
ou anestesia
uma guerra guerra
por questões de honra
ou conquista de terra
quero uma guerra por dia
pra me provar o valor
e me matar a poesia
pra que eu possa enfim
tirar essa venda dos olhos
e ver dentro de mim
*
Quero uma guerra a mais
quero lutar de peito aberto
como lutam os animais
quero uma luta desigual
que comece na Páscoa
e termine no Natal
quero uma guerra somente
pra desafogo da alma
e exercício da mente
quero brigar com você
de murro, soco e pontapé
como eu vi na tevê
quero ser herói de guerra
pra ver se o sono se encerra
quero morrer lutando
e depois, com medalha no peito
sair cagando e andando.
*
Quero uma guerra multilateral
que é pra dar porrada
em todo mundo por igual
quero bater pra valer
sentir seus ossos quebrando
sentir seu sangue descer
quero comemorar na taverna
um inimigo sem braço
e outro sem perna
quero ser o suor da batalha
a linha de tiro
e o fio da navalha
quero dormir numa tenda
contagem de corpos ao invés
de imposto de renda
*
Quero morrer
em solo inimigo
ao mesmo tempo
prazer
e castigo.
8 comentários:
a guerra interior nos insere num mundo que pode nos trazer algum valor, mas se não trouxer, pelo menos lutamos.
GRANDE MOA!!! =D
Invejei teu talento... Invejei teu escrito agora...
Mais um da série "Eu queria ter escrito um desses!"
1[]!
uau! texto duro, mas excelente! muito muito bom!
abração
Jardineiro
Texto para apertar os dentes e viajar...
Como navalha, ao mesmo tempo que corta e causa dor, deixa no ar aquela beleza estranha do corte perfeito combinando com o rubro escarlate...
Parabéns.
Beijo
a boa e velha trilha da aventura/morte
(sua joranada, com emoção ou sem emoção?)
bj
majestoso, moa.
gosto quando dói.
(L)
gênio
E vamos à luta!
Inspirador, Moa!
Beijoss!
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