Ao menino, pequenino,
disse o velho indiano: Cuidado!
Pra não passar por esse mundo
sem no mundo
ter jamais estado.
Besteira!
Disse o menino, franzino.
Se estou no mundo, e sou,
e o mundo aí está,
me é impossível nele viver
sem nele no entanto estar!
O velho baapu, já cansado,
chamou o menino de lado
e pôs-lhe um balde nas mãos.
Encheu-o até a borda
de forma
que não restasse sequer aresta.
E enviou o menino à festa.
"Sua sorte,
sob pena de morte,
é levar o balde ao outro lado.
Mas cuidado!
Uma gota só
em algum paletó
ou vestido
e seu sangue será vertido"!
E lá se foi o menino, destino.
Imerso
no imenso universo
de constelações de pessoas,
más e boas,
sóbrias ou não,
cada um com seu quinhão
de dor e desejo e de algo que resta,
algo que afogam em álcool e festa.
E sentimento, e choro, e risos,
e movimentos espasmódicos,
quase histéricos, imprecisos,
e beleza, e comida à mesa,
e sonhos, e rostos risonhos...
Quando voltou, porém, o menino,
não poderia descrever
a festa, o povo, a dança,
os talheres, as vozes, as crianças,
a felicidade geral e incontida,
o festival ébrio da vida,
nada, nada, nada, nada.
Só sabia do balde e da caminhada.
6 comentários:
:o - poema parábola!
Importante!
!!! :)
bJO
o menino e sua sina... :)
:**
poema com uso da linguagen cinematografica, cheio de imagens que se sobrepõe, rápidas. abraço
muito bom.
fiquei besta, até.
noooooooooooooooooooossa!! Acredita que já é terceira vez que leio?? Ah, Moacir!!!! Não dá nem pra comentar.. de tão lindo!!! (Te amo) beijosss
Pior é que ele não deve ter conseguido levar o balde sem derramar...
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